Mostrando postagens com marcador Literatura Espanhola.... Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Literatura Espanhola.... Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 95.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 95
LITERATURA ESPANHOLA – XII

Garcia Lorca é um dos maiores poéticos da Espanha e sua perfeição artística insere-se como produto superior na global tradição literária do que existe de mais sugestivo em seu país. Seu “Romancero Gitano” é justamente considerado pelo crítico Pedro Salinas como “el libro de poesía más sonado, más triunfal, del siglo XX” (in “Ensayos de Literatura Hispánica”). Além desta sua obra-prima da poesia mundial, o poeta assassinado pelas falanges nazi-fascistas espanholas escreveu “Canciones”,
“Poema del Cante Jondo” e “Poeta em Nueva York” e seus poemas sempre lhe revelam o admirável e surpreendente dom poético, expresso com originalidade e vigor lírico de profunda intensidade emocional. Seu estilo expressionista é centralizado na audaciosa ampliação metafórica que inscreve a realidade imediata num conjunto elemental e primitivo e com expressividade lírica extrema eleva-se à uma amplitude total de dimensões cósmicas. A ambientação romanesca de seus poemas combina-se vigorosamente à melodia verbal desesperada num autêntico sentido trágico. Sua poesia traz os aspectos líricos e dinâmicos que desenvolveria em sua notável dramaturgia, representada principalmente pelas obras-primas “Bodas de Sangre” e “Yerma”. O caráter artisticamente sugestivo e a expressão completamente nova de seu teatro poético provém das interações dos meios de exposição artística altamente diferenciados que elabora a partir das forças contraditórias da natureza e do sentido trágico que a morte traz à existência humana e que são reveladas pelo dramaturgo-poeta numa mágica realidade em movimentação eruptiva. Este artista completo e excepcional também ilustrava pessoalmente seus livros e compunha as músicas de seu teatro e, existencialmente, elevou-se ao heroísmo pelo martírio que como testemunha lucidamente ofereceu a libertação da humanidade.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 94.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 94
LITERATURA ESPANHOLA – XI


Ramón del Valle Inclán destaca-se pela autoria de suas Sonatas: “Sonata del invierno”, “Sonata del otoño”, “Sonata de estio” e “Sonata de primavera”. O grande objetivo artístico de Valle Inclán é a criação de um conjunto literário capaz de despertar e intensificar o maior número possível de sensações; sua prosa é artisticamente trabalhada e o resultado é sua caracterização extremamente rítmica e sonora.

Gabriel Miró caracteriza-se também pelo estrato sonoro de sua prosa e pelos valores de imensa plasticidade que logra alcançar com seu estilo impressionista. Suas obras principais podem ser consideradas: “Anos y leguas”, “La novela de mi amigo”, “Las certezas del cementerio”, “Las figuras de la Pasión” e “El obispo leproso”.

Antonio Machado é o poeta modernista das interioridades, da poesia pura sem a eliminação do humano, das constantes impressões e reflexões retomadas. Sua obra reduz-se a “Soledades, galerías y outros poemas”, Campos de Castilla e “Nuevas Canciones”. Pertencente ao chamado “grupo de 98”, Machado é o mais significativo de seus poetas pela suavidade e intimismo que tão bem domina.

iciando-se também com o modernismo temos o grande poeta Juan Ramón Jiménez em seus livros”Arias tristes”, “Jardines lejanos” e “Elegías puras”. A seguir Jiménez domina novos ritmos e estiliza a poesia em seus aspectos sonoros e cromáticos a uma suavidade e intimismo notáveis, obtendo a posição de chefe espontâneo dos poetas de vanguarda. Seus ideais republicanos levaram-no a expatriar-se da Espanha que se inicia em 1936 com o explodir da guerra civil. A poesia da maturidade artística de Juan Ramón Jiménez pode ser representada por “Baladas de primavera”, “Poemas mágicos y dolientes”, “Diario de um poeta recién casado”, “Piedra y cielo”, “Poesia y Belleza”, “Sanción”, “La estación total con las canciones de la nueva luz” e “Animal de fondo”. Como prosador é notável em seu livro “Platero y yo”, uma das obras superiores da literatura dos nossos dias. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 93.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 93
LITERATURA ESPANHOLA – X

Como autores contemporâneos e participantes do modernismo destacam-se os escritores Pio Baroja (1872-1956), Vicente Blasco Ibáñez (1867-1929), Ramón del Valle Inclán (1869-1936) e Gabriel Miró (1879-1930) e, como poetas modernistas, Antonio Machado (1875-1939) e os excelentes Juan Ramón Jiménez (1881-1957) e Federico Garcia Lorca (1898-1936). Esta é uma época socialmente trágica, não só por um continente abalado por duas guerras mundiais e por um entre-guerra angustiante, como diretamente dramático e limitado com a infelicidade do povo da Espanha em sua luta de dimensões heroicas na tentativa de implantar a liberdade, a justiça social e a dignidade humana. O seu desfecho trágico provocou na literatura realmente válida o reforço da busca e da interrogação, o pessimismo e o nihilismo desta geração aflita e da que se seguiu, caracterizada pelo silêncio imposto por um infamante terrorismo nazi-fascista que sobreviveu à luta mundial realizada em nome dos valores humanos fundamentais. 
   

Pio Baroja

Pio Baroja é um escritor caracterizado por liberalismo cético e mordaz, extremamente hábil na construção de situações paradoxais. Em sua produção em romances, destacam-se “La casa de Aizgorri”; “El mayorazgo de Labraz”; “Zalacaín el aventurero”; “Camino de perfección”; “Aventuras, inventos y mistificaciones de Silvestre Paradox”; "Paradox rey”; “La busca, Mala yerba e Aurora roja”; “Los últimos románticos”; “Las tragedias grotescas”; “La ciudad de la niebla”; “El aprendiz de conspirador” etc. Como contista, Pio Baroja escreveu “Vidas Sombrias” e “Idilios vascos”.

Blasco Ibánez é escritor realista dotado de grande capacidade artística ao descrever a realidade, seja em seus romances regionais, psicológicos ou de guerra. Romances regionalistas são “Arroz y Tartana”, “Flor de mayo”, “Cañas y barro” e, como obra maior neste gênero, “La Barraca. Dos romances psicológicos, o melhor é “Sangre y arena”; dos romances de guerra, são significativos “Mare nostrum” e “Los cuatro jinetes del Apocalipsis”, universalmente conhecido.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 92.

 


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 92
LITERATURA ESPANHOLA – IX

Ortega y Gasset tem os notáveis estudos ”Meditaciones del Quijote”, “Espana invertebrada”, “El tema de nuestro tiempo”, “La deshumanización del arte” e “La rebelión de las masas”. Pode-se atribuir a Ortega y Gasset a influência predominante nos estudos hispânicos posteriores, ao lado de Azorín que permanece vivo na orientação geral das visões histórico-culturais. É necessário citar também os estudos de Ramón Menéndez Pidal (1869), no campo da História e da Filologia. 
  

Lucidez de crítica apresenta também o ensaísta, romancista e filósofo Miguel de Unamuno (1864-1936). Em sua variada produção literária podem ser apresentados: “Paz em la guerra” e “Tres novelas ejemplares y un prólogo” como romances; “El Cristo de Velásquez” e “Rosario de sonetos líricos” como representativos de sua poesia; e, em nível muitíssimo superior, seus ensaios como “En torno al casticismo”, “De la enseñanza superior em Espanha”, “Tres ensayos”, “Paisajens”, “Vida de Don Quijote y Sancho Panza”, Mi religión y otros ensayos”, “Soliloquios y conversaciones”, “Contra esto y aquello”, “El porvenir de España”, “Ensayos”, “La agonia del cristianismo” e sua obra-prima “Del sentimento trágico de la vida” etc. Unamuno simboliza modernamente o caráter da Espanha em crise pelos conflitos que vivencia entre a fé e a razão, pela ruptura entre pensamento e ação, pelas contradições entre cultura e civilização. A base fundamental de sua filosofia está inteiramente sustentada na defesa de cada pessoa humana como um fim em si mesma e por quem a civilização deve exercer uma responsabilidade concretamente individualizada. Unamuno insere-se na longa tradição que considera o homem como “un principio de unidad y un principio de continuidad” e que foi mantida viva por S. Paulo, S. Agostinho, Pascal e Kierkergaard. Como declarado acima, a defesa que compreende pelos fundamentais desejos de supervivência e afã de imortalidade dos seres concretamente reais e atuais caracterizados ainda pela essencial contradição, colocam-no como opositor do racionalismo e do cientificismo, bem como aproximam do existencialismo.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 91.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 91
LITERATURA ESPANHOLA – VIII

A segunda metade do século XIX é também caracterizada, além do pós-romantismo de Béquer e outros, por uma orientação aproximada ao realismo, na qual devem ser apreciados: Fernán Caballero (1796-1877), Benito Pérez Galdós (1845-1920), Armando Palacio Valdés (1853-1938) e Marcelino Menéndez y Pelayo (1856-1912).

Fernán Caballero, pseudônimo de Cecilia Boehl de Fáber, inicia a novela realista e regionalista na Espanha com a publicação de “La Gaivota” em 1849. Há em Fernán Caballero os tons melodramáticos do romantismo e a cuidadosa observação da vida espanhola que justifica sua inclusão final no realismo literário. O maior romancista do século passado nas letras espanholas é Benito Péres Galdós, autor de “La fontana de oro”, “Gloria”, “Marianela”, “El amigo manso”, “Fortunata y Jacinta” e “Misericordia”. Galdós compôs dois ciclos de “episodios nacionales”, um centralizado no personagem imaginário Gabriel Araceli e outro no também imaginário Salvador Monsalud. Ainda na obra de Galdós é necessário citar sua produção teatral com as peças principais: “Realidad” e “Alma y vida”.

Palacio Valdés é o autor de “La hermana san Sulpicio” e também de alguns contos e artigos de crítica literária. Há em Valdés a influência de Dickens e Flaubert, mas, sua grande realização é a técnica de dialogação e a sutileza do humor. Menéndez y Pelayo é o grande crítico literário que inclui, além dos critérios propriamente literários, concepções estéticas e relacionamentos ao necessário desenvolvimento do povo. Em sua obra renovadora da crítica em seu país, destacam-se: “Historia de los heterodoxos españoles”, “Historia de las ideas estéticas em España”, “Orígenes de la novela”, “Estudios de crítica histórica y literaria”, “Poesia hispanoamericana”, “Antologia de poetas liricos españoles”.

A atualidade literária espanhola apresenta, inicialmente, José Martinez Ruíz Azorín (1874) e José Ortega y Gasset (1883-1956, ambos dedicados aos ensaios de interpretação da cultura hispânica. Azorín é o ensaísta de “Los pueblos” e de “Castilla”, o crítico litarário de “Clásicos y modernos”, “Al margem de los clásicos”, “Rivas y Larra” e “Los valores literarios”, e, ainda, o romancista de prosa poética em “Don Juan”, “Doña Inés” e “La voluntad”.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 90.

 
 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 90
LITERATURA ESPANHOLA – VII

O século XVIII é, com exceção da agradável técnica do prosador Fr. Benito Jerónimo de Feijóo, (1676-1764), um período decadentista dominado pelo academicismo e pela nostalgia das passadas grandezas. Feijóo é excelente ensaísta por seu estilo claro e simples que flui com vivacidade e exatidão sejam referentes à Estética, à Filologia ou à Literatura.

O século XIX anuncia o revigoramento literário com a introdução do romantismo na Espanha e o aparecimento de seus melhores representantes: José de Espronceda (1808-1842), Gustavo Adolfo Béquer (1836-1870) e Mariano José de Larra (1809-1837).


Espronceda é o maior dos românticos espanhóis pela rebeldia e ousadias revolucionárias, seja na política, seja na literatura: apresenta pela primeira vez em seu país a sátira realmente violenta e o faz em defesa da liberdade. Seus poemas incluem os aspectos contraditórios da rebeldia romântica, como pessimismo, satanismo, desespero e amargura, exaltações e celebrações báquicas. A obra poética de Espronceda inclui dois longos poemas:”El diablo mundo” e, de maneira muito especial, “El estudiante de Salamanca”.

Como prosador a grande figura do primeiro momento romântico espanhol é Mariano José de Larra, excelente na sátira política e também na dimensão trágica do pessimismo de “El dia de difuntos de 1836”. A prosa de Larra é suficientemente expressiva para justificar-lhe o prestígio de grande articulista de costumes e de apreciações literárias.

Béquer pertence a geração romântica em seu segundo momento hispânico e nela assume a posição central entre os poetas, ao mesmo tempo em que assinala o definitivo reforço de uma direção que será frequente na literatura moderna de seu país: a predominância da inquietude, do desespero e da revolta como constantes na criação literária de maior fecundidade. Béquer destaca-se pela autoria de “Leyendas y fantasias”, de extraordinária plasticidade estilística e que reformulam em prosa autenticamente poética as antigas tradições populares, mas a glória de Gustavo Adolfo Béquer reside em “Las rimas”, coleção de poemas informados pelas temáticas tanto da essência da poesia e natureza do poeta, como das frustrações amorosas, das dores causadas pelas desilusões e da invocação da morte.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

Visite também: 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Literatura Ocidental - Parte 89.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 89
LITERATURA ESPANHOLA – VI

A idade máxima da literatura espanhola pertence, como um dos seus três mais representativos autores, Francisco de Quevedo y Villegas, cujo estilo aproxima-se do de Gongora, mas que deve ser diferenciado como conceitismo, ou seja, direção do barroco, distinta do culteranismo por não depender como este dos recursos sintáticos e metafóricos, mas, por caracterizar-se pela extrema sutileza de pensamentos antiteticamente construídos. Notável em Quevedo é a análise crítica que realiza da humanidade, seja ao apresentar ilustres personagens, seja ao dedicar-se ao estudo de tipos populares. Sua obra-prima pode ser considerada “La Hora de todos”, prosa satírico-moral. De Don Francisco de Quevedo y Villegas deve-se, ainda, assinalar a composição de uma novela picaresca, “El Buscón”, original pela simplicidade de estrutura, pela eliminação das fastidiosas digressões moralistas e pela excepcional transcrição da realidade. 

A nova geração de autores teatrais, que escreve suas peças no século XVII, é liderada por Pedro Calderón de la Barca (1600-1681), autor que se particulariza pela riqueza metafórica e por sua integração em seu tempo. O teatro calderoniano desenvolve temáticas determinadas pelo sentimento de honra, pelo sentido religioso e pela dignidade monárquica; mas, sobretudo, pela grandeza do simbolismo teológico. Como dramas religiosos merecem destaque “La Cena de Baltasar”, “La Hidalga del Valle” e “La devoción de la Cruz”; como peças dramáticas, “La niña de Gómez Arias” e “El Alcalde de Zalamea”; como comédias de costumes, “La dama duende” e “No hay burlas com el amor”; como comédias filosóficas, “Saber del mal y del bien” e “La Vida es Sueño”, sua incontestável obra-prima; como auto sacramental de fundo filosófico, “En el grand teatro del mundo”. Ao ciclo de Calderón pertencem Rojas Zorrilla (1607-1648) e Agustin Moreto y Cavana (1618-1667). De Rojas Zorrilla citam-se como mais significativas as peças “Garcia del Castañar”, “Donde hay agravios no hay celos” e “Entre bobos anda el juego”; as duas últimas são comédias de costumes, ou, devido ao exagero de caricaturas, “comedias de figurón”. Augustin Moreto é propriamente autor de comédias de caracteres, como o atestam “El lindo don Diego” e “El desdén com el desdén”.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

Visite também: 

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Literatura Ocidental - Parte 88.

 


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 88
LITERATURA ESPANHOLA - V
 
Lope de Vega deu origem a um autêntico ciclo teatral em Espanha, dos quais os mais representativos são Tirso de Molina (1583-1648), Guillén de Castro (1569-1631) e Ruiz de Alarcón (1580-1639).

Tirso de Molina reforça o conteúdo nacional do teatro de seu país e alcança posição excepcional como autor magnífico de comédias e retratista extraordinário de personagens, especialmente dos femininos. Seu teatro é, por essência, de expressão barroca originalmente dinâmica e quase que até cinematográfica, tal a mobilidade e o caráter leve e elegante de suas composições. De suas criações teatrais duas estão distintamente compostas com maturidade artística: “El burlador de Sevilla y convidado de piedra” e “El condenado por desconfiado”, o primeiro introduzindo a mítica figura de don Juan e o segundo combinando teologicamente a onisciência divina e a essencial liberdade humana.

Guillén de Castro é autor de “Mocedades del Cid”, cuja inspiração provém do Romancero e que, por sua vez, serviu de matriz direta à inspiração de Racine em “Le Cid”. Também Cervantes serviu à inspiração de Guillén de Castro fornecendo-lhe recursos para a elaboração de “Don Quijote de la Mancha” e “El curioso impertinente”. Em “Las mocedades del Cid” Guillén de Castro y Bellvís conseguiu magistralmente transcrever as poéticas tradições populares.

Ruiz de Alarcón, embora mexicano de nascimento, é literariamente natural da Espanha, onde construiu sua maturidade de autor teatral. Sua força máxima pode ser localizada na elaboração das comédias de caracteres, como em “Elexamen de maridos”, “Las paredes oyen” e “La verdad sospechosa”. O teatro de don Juan Ruiz de Alancón é significativamente bem construído através do domínio da técnica no emprego de minúcias e eticamente determinado pelo apresentar da dignidade humana. Ainda pertencente ao ciclo lopeano, é necessário recordar a excelência de Luis Vélez de Guevara (1579-1644) revelada, sobretudo, na apresentação clássica do trágico, como pode ser observado em sua obra mais significativa: “Reinar después de morir”. Necessário é recordar como contemporâneo de Cervantes o escritor Mateo Alemán (1547-1614), autor do primeiro romance picaresco de características barrocas, notável pela elegância de estilo e perfeição dos comentários psicológicos. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume7. 

Visite também: 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Literatura Ocidental - Parte 87.

 


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 87
LITERATURA ESPANHOLA - IV

O início do século XVII marca o apogeu da literatura espanhola, com a produção de Miguel de Cervantes Saavedra (1547-1616), Lope de Vega (1562-1635) e Francisco de Quevedo y Villegas (1580-1645).
Cervantes é a grande expressão universal da literatura espanhola pela extraordinária apresentação de “El Ingeniosa hidalgo Don Quijote de la Mancha”, vasta síntese artística dos elementos da cavalaria agonizante, contra os quais é vigorosa sátira, e do realismo popular. Don Quijote tem sua força artístico-expressiva afirmada na maestria e perfeição com que fornece dois mitos, resumidos e simbolizados no “ingenioso hidalgo” e em seu companheiro Sancho Panza, e a inspiração do artista consegue neles revelar o autêntico reflexo da alma espanhola. Admirável é também a habilidade e o conhecimento no retratar as mulheres, o que é definitivamente atestado na apresentação de Dulcinéia, reunião extraordinária da beleza, do bem e da verdade. A presença universalmente significativa de “Don Quijote” e sua verdade nacional insuperável convertem a literatura espanhola a ele posterior em autêntico processo de diálogo e retorno. Cervantes não se esgota em sua realização máxima, porém, alcançaria excepcional posição literária com a prosa de suas “Novelas exemplares”.


Até o aparecimento de Lope de Vega a arte teatral espanhola podia ser resumida na inspiração religiosa ou no máximo na original existência dos aspectos de comédia de costume que apresenta as partes dialogadas do romance picaresco da “Celestina”, composto durante o século XV e cuja autoria, embora às vezes atribuída a Fernándo de Rojas, é desconhecida. Lope de Vega vem enriquecer a arte teatral com a criação da comédia espanhola e com a transcrição harmoniosa e globalizante dos tipos humanos e dos sentimentos em seus numerosos enredos, em seus personagens e em qualquer dos gêneros que poeticamente serviram-lhe de expressão: o épico, o lírico e o dramático. Em sua inacreditável produção duas obras podem superiormente revelar-lhe a grandeza artística: “Peribáñez y el comendador de Ocaña” e “Fuente Ovejuna”, ambas no gênero de comédia heróica. Lope Félix de Vega Carpio é o criador do teatro espanhol, seja pela temática, seja pela própria estruturação de suas criações. Lope de Vega foi, ainda, significativo como prosador e como poeta, respectivamente agradável em “La Dorotea”, de narração elegante e que inclui traços picarescos, e em “Canción a la muerte de Carlos Félix”, poema-elegia que transmite vigorosamente o sentimento doloroso do poeta. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7
 Visite também:

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Literatura Ocidental - Parte 86.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 86
LITERATURA ESPANHOLA - III

Na literatura que descreve e narra a conquista de novos territórios assinala-se: Hernan Cortés (1485-1574) com os relatos oficiais de suas viagens e conquistas e Cristóvão Colombo com seu Diário de Bordo e suas cartas, mas, os grandes narradores são, realmente, Gonzalo Fernández de Oviedo (1478-1557) – que revela dons de historiador em sua “Historia general y natural de las Indias” – e Bartolomé de las casas, que adota a humana perspectiva de observar os fatos históricos e de acusar os conquistadores para defesa dos povos originais em sua famosa “Brevísima relación de la destrucción de las Indias”.

Poeta que antecede o culteranismo pelo brilho metafórico, sonoridade rítmica e eloquência é Fernando de Herrera (1534-1582), continuador de Garcilaso e lider da escola poética de Sevilha, caracterizada pelos enriquecimentos formais, imagísticos e de estrato sonoro desenvolvido. “A la victoria de Lepanto”, “A don Juan de Austria” e “Por la pérdida del rey don Sebastián” são suas principais composições poéticas. Assinala-se em Herrera aspectos estilísticos que seriam desenvolvidos por don Luis de Gongora y Argote (1561-1627) e dariam origem ao culteranismo. Gongora revela suas qualidades de poeta, seja em nível popular, seja em elaborações herméticas. Há em seus versos, na realidade, um excesso de inversões da ordem sintática, uma abundância imagística, uma acumulação de figuras, certas obscuridades, mas a compilação de estilo é sempre empregada para criação de recursos musicais ou para destaque semântico. Sua obra-prima é “Soledades”, mas, incluem também muitas composições em trovas, novelas e poemas, como “Polifemo” e sonetos diversos. Sua obra máxima é bem representativa da direção geral do barroco na lírica de Espanha; seu estilo teve divulgação e imitadores em toda a Europa.

O florescimento da poesia mística encontra desenvolvimento notável, tanto numa orientação informada pelo renascimento em Fr. Luís de Granada ou em Fr. Luís de León (1504-1588; 1537-1591), como numa direção determinada claramente por elementos barrocos, em Santa Teresa de Ávila ou em San Juan de la Cruz (Teresa de Capeda y Ahumada-1515-1582; Juan de Yepes-1542-1591). Fr. Luís de Granada apresenta-se como dominicano que traz em si o tomismo e o misticismo que transmite em estilo que se adapta com naturalidade ao conteúdo expresso e sua oratória é excelente tanto no caráter preciso de assuntos práticos como nas alturas poéticas dos assuntos sublimes. Fr. Luís de León é dotado de vigorosa visão platônico-idealista e sua habilidade garante-lhe a classificação como um dos maiores poetas de sua pátria. É notável a defesa dos camponeses e a afirmação do espírito de tolerância religiosa nos escritos deste renascentista utópico. Santa Teresa de Ávila é merecidamente considerada a maior representante do poético místico, como o revela sua técnica de transmitir artisticamente o sublime através de excepcional criatividade imagística sensível em “La Moradas o Castillo Interior”. Juan de Yepes y Álvares está imortalizado na harmonia de seu estilo e na suavidade de sua expressão, como observado em seus três livros: “Subida al Monte Carmelo”, Cântico espiritual” e “Llama de amor viva”. Talvez seja S. Juan de la Cruz um dos mais perfeitos harmonizadores das duas tendências básicas da literatura e do lirismo, em especial, em terras de Espanha: o realismo espontâneo e a exaltação espiritual.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
 Visite também:

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Literatura Ocidental - Parte 85.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 85
LITERATURA ESPANHOLA - II

Apogeu seiscentista da literatura espanhola

No século XVI a Espanha era parte do imenso Estado de Carlos V (na Espanha denominado Carlos I), que a converteu em monarquia ilimitada ou absoluta ao eliminar a resistência das cidades e a insubordinação dos senhores feudais, bem como ao converter a nobreza em arma submissa da autoridade real. O Estado de Carlos V é um império verdadeiramente universal dotado de riquezas aparentemente inesgotáveis. Com seu filho Filipe II, a Espanha separa-se do domínio hereditário dos Habsburgos, mas conserva a liderança de seu imenso mundo geográfico, constituído na época por possessões italianas, dos Países Baixos e pelas colônias americanas. A amplitude dos domínios territoriais e da riqueza resultante é acompanhada de notável ampliação cultural e artística.

A criação da língua literária data desta época com as obras poéticas de Juan Boscán (1490-1552), Garcilaso de la Vega (1503-1536) e Diego de Mendonza; com a literatura de conquistas territoriais; com Luis de Gongorra y Argote (1561-1627) e com o imenso desenvolvimento da poesia mística.
 
Deve-se a Boscán o aparecimento da escola poética do verso italiano e a introdução da influência petrarquiana. A influência provençal e o petrarquismo já havia surgido na literatura com o lirismo palaciano refinado até o convencional dos “Cancioneiros” anteriores ao século XVI, porém, triunfa literalmente com os sonetos ao modo itálico de Juan Boscán e sua escola. Deve-se a Boscán, ainda, a tradução de “II cortegiano” de Castiglione.

Garcilaso de la Vega é o suave poeta das canções toscanas, a mais famosa das quais é indiscutivelmente a canção V, conhecida como “A la flor de Gnido”. Também a musicalidade de garcilaso de la Vega muito recebe da poética de Petrarca. D.on Diego de Hurtado de Mendonza harmoniza com perfeição o lirismo itálico e a tradição poética espanhola em suas trovas, sonetos e epístolas. É comum atribuir-lhe a autoria do “Lazarillo de Tormes” (“Vida del Lazarillo de Tormes y de sus fortunas y adversidade” – 1554), primeira novela picaresca, mas, é problema insolúvel e altamente improvável sua composição pelo humanista Diego de Mendonza (1503-1575).

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7,
 Visite também:

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Literatura Ocidental - Parte 84.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 84
LITERATURA ESPANHOLA - I
 
Na formação da Espanha há uma multiplicidade de contribuições diversas e aspectos antagônicos: culturas imensamente heterogêneas aí se instalaram, incorporando traços dos povos anteriores e marcando a evolução posterior com caracteres particulares que a tornam um conjunto cultural altamente distinto dentro de um domínio europeu comum. Aos celtas e iberos iniciais, superpuseram-se colonizadores fenícios, gregos, romanos bárbaros e árabes. Também fatores religiosas concorreram para a diversidade da formação espanhola dando origem a um lento processo de desenvolvimento histórico de homogeneização dos sistemas em constante luta e ação de influências mútuas: o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. A dominação moura apresentou em terras espanholas, inclusive, um período de apogeu cultural com a escola de tradutores de Toledo, dedicada ao estudo das grandes obras da antiguidade clássica, especialmente, dos autores gregos. Foi na Espanha moura que viveu Averrois (Ibn-Roschd-princípios do século XII-1198), famoso comentador árabe de Aristóteles.
Averrois
A unidade político-cultural espanhola foi obtida como resultado direto do esforço comum para reconquista do território, o que ocorreu definitivamente em 1492 com a tomada de Grenada aos mouros.

A literatura em romance é iniciada já nos séculos IX e X mas data do século XII a composição do famoso “Cantar de mio Cid”, que combina a violência de crônica à elevação épica ao narrar as seculares lutas de príncipes e povos frequentemente entre si, porém aliados valorosos na luta contra o inimigo maior. No “Cantar de mio Cid” estão literalmente transcritos todos os elementos fundamentais da cultura e civilização espânicas: a exacerbação do individualismo dos fatores passionais, bem como o firme estabelecimento do conceito de honra. No século seguinte, grande impulso é dado ao desenvolvimento literário através da ação do rei Afonso X, o Sábio. Além de pessoalmente contribuir com a autoria de poemas à Virgem, proporciona condições excepcionais para os estudos culturais. Em sua época é redigida a “Crônica Geral”, primeiro ensaio de história nacional ; ocorre a retomada das epopeias em prosa e sua conversão em novelas de cavalaria; é iniciada a literatura jurídica.

Simultaneamente, a cultura é estimulada a encontrar o povo através da divulgação das canções de gesta pelos jograis e a criatividade popular retoma-lhes os temas, reelaborando-os sucessivamente até a formação das novelas de cavalaria. O “Romancero Espanhol” reúne estes poemas resultantes das interações entre artistas das diferentes camadas sociais. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 
Visite também: 
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...