quarta-feira, 26 de maio de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 03.


Antônio Conselheiro

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 03.

Em 1884, finalmente, prestou exame na Escola Politécnica, tendo se matriculado nesse estabelecimento no dia 27 de março de 1885. Mas, um ano depois, Euclides da Cunha, por motivos que ainda não foram esclarecidos, transfere-se para a Escola Militar.

Dois anos depois é o incidente com o Ministro da Guerra que já relatamos e que o incompatibiliza, definitivamente, com alguns setores do Exército.

Na Escola Militar, Euclides da Cunha encontrou, novamente, como mestre, a Benjamim Constant, sofrendo a influência do positivismo, principalmente no seu aspecto político. Passou a militar nas hostes republicanas.

Em consequência da rebeldia que demonstrou na visita do Ministro da Guerra foi excluído a bem da disciplina.

Vendo-se livre da farda mas, ao mesmo tempo, em situação econômica precária, Euclides da Cunha ingressa na imprensa. Colaborou na Província de São Paulo com o seu pseudônimo de Proudhon, mantendo uma seção intitulada “Questões Sociais”. No Rio de Janeiro, para onde se transferiu, ingressou na Escola Politécnica, ali presenciando a proclamação da República, ele, um republicano desde a adolescência. O seu gesto na Escola Militar, havia criado uma aura de heroísmo e sacrifício em torno da sua pessoa. Conseguiu, logo depois, a sua reintegração no Exército como alferes-aluno, cursando, em seguida, a Escola Superior de Guerra. Pratica, durante um ano, engenharia em São Paulo e Caçapava. De novo no Rio de Janeiro, Euclides da Cunha foi surpreendido com a revolta da Armada de 1893, tomando abertamente posição ao lado do governo. Participa da defesa militar da cidade, nas trincheiras da saúde.

Não se adaptando, contudo, à vida militar, Euclides da Cunha abandonou definitivamente o Exército em julho de 1896, dedicando-se à engenharia civil. Por outro lado, continua no jornalismo, escrevendo artigos, todos eles, palpitantes temas do momento.

Quando, em 1896, irrompeu, no interior do Estado da Bahia, o movimento dos fanáticos liderados por Antônio Conselheiro, ele era colaborador de O Estado de São Paulo, e foi escolhido como correspondente de guerra, seguindo, por via marítima, para o teatro das operações. Dominado pela ideologia republicana, sendo um dos que lutaram para que ela fosse implantada, Euclides da Cunha seguiu certo de que iria assistir a uma batalha pela defesa dos princípios pelos quais se sacrificara na adolescência. No entanto, ao tomar contato com as populações sertanejas, ao participar das lutas e ouvir testemunhas, foi, em sucessivas reportagens, tomando a defesa daqueles que ele denominou de “nossos rudes patrícios transviados”.

Continua

CLÓVIS MOURA


quarta-feira, 12 de maio de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 02.

   

Gonçalves Dias

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 02.

Terminou o curso de humanidades no Colégio Aquino, onde teve por mestre Benjamim Constant, Personalidade que iria influenciar poderosamente a formação do seu pensamento. Além de Benjamim Constant, foram mestres de Euclides da Cunha, nesse tempo, Teófilo das Neves Leão e João Pedro de Aquino. Nesse estabelecimento fundou um pequeno jornal: O Democrata, periódico bimensal cujo primeiro número apareceu no início de 1884. O grupo que organizara o jornal era composto de Eurico Jaci Monteiro, Natan Sérvio Ferreira, Reinaldo Jaime Maia, Custódio Enes Belchior, Carvalho Guimarães, Virgílio las Casas dos Santos e Manoel Francisco de Azevedo Júnior.

Ao tempo de O Democrata andava dominado pela poesia, especialmente a de Gonçalves Dias e a de Álvares de Azevedo. Além desses poetas sofria a influência de Fagundes Varela que sobressaía entre os demais. Apesar de adolescente, já abordava assuntos transcendentais para a vida nacional, escrevendo, segundo o depoimento de Francisco Venâncio Filho, “crônica vibrante sobre a abolição no Ceará”.

Mas estampou principalmente, no órgão juvenil, produções em versos que foram por ele reunidas depois com o título de Andas, livro que se conserva inédito no arquivo do Grêmio Euclides da Cunha. Dizia então:


“Não tenho ainda vinte anos

E sou um velho poeta. A dor e os desenganos

Sagraram-me mui cedo a minha juventude

É como uma manhã de Londres fria e rude.”


Em um soneto dedicado a Marat, Euclides da Cunha versejava:


Foi a alma cruel das barricadas!…

Misto de luz e lama!… Se ele ria

As púrpuras gelavam-se e rangia

Mais de um trono se dava gargalhadas!…


Fanático da luz… porém seguia

Do crime as torves, lívidas pisadas.

Armava, à noite, aos corações ciladas,

Batia o despotismo à luz do dia.


No seu cérebro tremente negrejavam

Os planos mais cruéis e cintilavam

As ideias mais bravas e brilhantes.

 

Há muito que um punhal gelou-lhe o seio…

Passou… Deixou na história cheio

De lágrimas e luzes ofuscantes…


Continua


CLÓVIS MOURA


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