quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio - Parte 13.

Nilo Peçanha

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 13.
Seu afastamento dos problemas políticos, com seu gênio inquieto, levaram-no a sublimar-se na mais digna de todas as causas: o bem estar da humanidade. E se pôs, novamente, com o mesmo furor que combateu a escravidão, a serviço de seu invento, o balão dirigido “Santa Cruz”. Em 1902 foi apresentada na Câmara dos Deputados, por Nilo Peçanha, uma emenda para conceder-lhe a quantia de quarenta contos de réis para a construção de seus aerostatos “Sta. Cruz” e “Paz”. A emenda foi combatida por Barbosa Lima e rejeitada pelos deputados.
A carcaça do balão de Patrocínio “enferrujou num retiro, por obra da incompreensão ou do despeito dos homens. Pobre inventor!” é o que nos noticia um de seus biógrafos.
Doente, minado pela tuberculose, Patrocínio passou a morar num casebre do distante subúrbio de Engenho de Dentro, onde lá ia ter, costumeiramente, seu inseparável amigo João Marques, alguns seresteiros, que procuravam alegrar seus últimos dias, entre os quais o poeta Catulo da Paixão Cearense, o serenatista Mário Cavaquinho e o pistonista Luís de Sousa que, na bela imagem de Osvaldo Orico, eram os “Sabiás da Mata” a se “aninharem sobre o tronco padecente e carcomido do jequitibá majestoso” após “ver seus galhos destroçados pelos temporais e os raios”.
No dia 30 de janeiro de 1905, entre as 3 e 4 horas da tarde, expirava com hemoptises, em golfadas de sangue consecutivas, um dos maiores gênios da tribuna popular e uma das maiores penas do jornalismo brasileiro, símbolo máximo da libertação escrava.
Expirou quando escrevia um artigo sobre a Sociedade Protetora dos Animais, inacabado, no qual expendeu aquela sua frase lapidar: “Eu tenho pelos animais um respeito egípcio” Artigo esse que mereceu de Coelho Neto, em seu discurso de recepção a Mário de Alencar na Academia, as seguintes frases: “Morreu como vivera, defendendo os fracos, batendo-se pela piedade. O seu último apelo foi em prol dos animais, talvez mais gratos do que os homens”.
Continua…
S. SILVA BARRETO

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio - Parte 12.

Prudente de Morais

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 12.
Em sua disputa com Patrocínio, Rui publicou pelas colunas da “Imprensa”, o conhecido artigo intitulado “A Difamação”, de grande repercussão na época, e, no dia 16 do mesmo mês de dezembro de 1898, pelas colunas da “Cidade do Rio”, o segundo respondia com o não menos célebre artigo “A Hipocrisia”. São duas peças literárias, ressalvada a injustiça dos conceitos expendidos por ambos os contedores, dignas de figurar em qualquer antologia dos mais exigentes exegetas da língua pátria.
A amizade de Prudente por Patrocínio está assinalada em uma carta que o mesmo lhe escreveu em 22 de novembro de 1901, cujo final transcrevemos: “quaisquer que sejam as nossas divergências políticas, a nossa amizade nada sofrerá com isso, seremos sempre bons e leais amigos”.
Zé do Pato tinha gosto pelo pioneirismo. Foi assim que no ano de 1902 apareceu no Rio com o automóvel nº 1 do Brasil, acompanhado por Olavo Bilac, causando enorme reboliço na cidade e espanto pela geringonça que os transportava e andava sozinha. A máquina assombrava e o povo acompanhava o monstrengo sob os gritos da garotada de rua. Foi um sucesso e um espanto geral.
No primeiro aniversário da abolição, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio concedeu a Patrocínio a medalha de bronze entre outros agraciados.
Depois da abolição e da proclamação da República, cansado e abandonado pelos amigos, cada vez mais o gigante da redenção escrava se afastava do reboliço da cidade e da política, desiludido, talvez, da compreensão do povo e daqueles que, anteriormente, viam nele a bandeira de duas causas concretizadas. Realizava-se o vaticínio de João Marques. A morte no dia 13 de maio de 1888 tê-lo-ia salvo, puro, intocável, mas, seu retardamento trouxe-lhe amargos dias de desilusão e pobreza, de solidão e salpicos de lama que, em face da sua cor bronzeada e fortidão de espírito, não chegaram a manchá-lo perante a história.
Continua…
S. SILVA BARRETO
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