quarta-feira, 23 de março de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 13.

(Santos Dumont)

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 13.

O mundo inteiro, ao saber deste feito, adivinhou que uma nova era até então desconhecida se lhe abria. Principiava a época heroica da aviação”.

No seu livro monumental Le Triomphe de la Navigation Aérienne, o Conde Henri de la Vaux declara: “Santos Dumont mostrou que o lançamento de um aeroplano sobre rodas era coisa factível, infinitamente mais prática do que os reboques em terra ou na água, as catapultas como as que Langely empregava ou os trilhos de lançamentos que os Wright eram obrigados a instalar.”

Bem sei que a utilização de rodas ocorreu, primeiro, a Clément Ader. Mas o motor do seu aeroplano – máquina a vapor excessivamente pesada – não lhe permitiu e jamais lhe permitiria voar. Conforme salienta Pires do Rio em O Combustível na Economia Nacional, a aventura da aviação foi a princípio esportiva. O problema da navegação aérea resolveu-se na oficina do mecânico. Certo! E Santos Dumont não passou de um mecânico de gênio. Viu o motor levíssimo a petróleo. Imaginou um V-8 com Anzani e encomendou-o a Levavasseur. Desceu às últimas minúcias. Nada esqueceu de especial.

Pai da aviação. Ninguém o poderá contestar com verdade. Ninguém!

Há um ponto, ainda, nesta minha argumentação, que pode considerar-se trêmulo, que não soa firme: eu assevero não existir a mínima prova de voos dos Wright anterior a 23 de outubro de 1906, mas não cito revistas ou jornal algum dos Estados Unidos que abone tal afirmativa. Possuo, porém, várias notas sobre o caso. Leiam.

Segundo o New York Evening Post, Santos Dumont solucionou o problema do mais pesado que o ar. Entrevistado pelo jornal, em Paris, ele demonstra confiança absoluta no futuro do aeroplano, quando os homens o guiarem como guiam automóveis. “Men will drive aeroplanes a they now drive automobiles.”

Continua

GONDIN DA FONSECA 


quarta-feira, 9 de março de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 12.

Disputa da taça Archdeacon

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 12.

Mais tarde, em setembro de 1908, apresentam os Wright meia dúzia de fotos à Century Magazine, contam uma história de carochinha qualquer, afirmam que uma chapa é de 1903, outra de 1904, outra de 1905 etc., e todo o mundo logo concorda que os homens são os tais. Atribuem-lhes, imediatamente, a paternidade da aviação. Os sábios dos Estados Unidos acham irrefutáveis as provas exibidas. E pronto.

Quase todos os velhos amigos franceses de Santos Dumont o abandonaram em 1908 e – ou de boa fé, ou comprados pela propaganda ianque – terminaram por admitir a prioridade dos Wright sobre ele. Não lhes queiramos mal por isso. Santos Dumont era, pessoalmente, brusco, fechado e, por vezes, insuportável. Depois, não nascera na França, mas no Brasil. Cumpria aos brasileiros defender a sua glória. Não aos franceses. Nós é que oficialmente o desprezamos, quase o repelimos. O povo festejava-o. O governo, porém, nunca ligou importância aos seus triunfos. Jamais um representante do Itamarati esteve presente á suas experiências, prestigiando-o, animando-o, apoiando-o em caráter oficial

Apesar, porém, de muitos franceses concordarem depois de 1908 com a prioridade dos Wright (embora de Paris, em 1903 e 1904, não lhes fosse possível vê-los subir em Dayton, Ohio) – sempre todos proclamaram que o primeiro homem a erguer-se no ar, em público, no mundo, foi Santos Dumont. Em 1927, após o voo de Lindbergh, Luís Blériot – o herói que em 1909 atravessara em avião o Canal da Mancha – escreveu um livro de parceria com Edouard Ramond intitulado La Glorie des Ailes. E diz isto:

A 23 de outubro de 1906, diante da Comissão de Aviação, às 4 e 4” da tarde o aeroplano (“14-bis”) desgarra e, muito suavemente, perde contato com o solo… A multidão fica muda de espanto. Depois um frenesi a domina e ela precipita-se para o aparelho que, a uns setenta metros de distância, pousa novamente em terra… Carregam Santos Dumont em triunfo. Mas quando interrogam os comissários sobre a distância percorrida – o que era necessário saber para a conquista da taça Archdeacon (mínimo exigido, 25 metros) os comissários sentem-se embaraçados. Sob o império da emoção esqueceram-se totalmente de controlar… Não importa: a taça Archdeacon é concedida ao feliz voador. Um mês depois o recorde é levado a duzentos metros.

Continua

GONDIN DA FONSECA


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