quarta-feira, 21 de julho de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 07.

 

Farias Brito

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 07

Em 1907, Euclides da Cunha, com nome feito depois do êxito do seu monumental livro de estreia publica Contrastes e Confrontos, coletânea de arquivos de jornal, onde aborda diversos assuntos, desde política internacional até problemas relacionados com a realidade brasileira. Com o mesmo estilo vigoroso de Peru Versos Bolívia.

Embora sem a mesma importância de Os Sertões, mostram a grande envergadura de pensador de Euclides da Cunha e, ao mesmo tempo, a versalidade do seu espírito. Capítulos como “A Arcádia da Alemanha”, “Garimpeiros”, “Planos de Uma Cruzada”, “Solidariedade Sulamericana”, e principalmente “Um Velho Problema”, artigo onde a antecipação sociológica de Euclides da Cunha transcende a tudo quanto até aquela momento havia sido escrito no Brasil, no que diz respeito às relações entre o capital e o trabalho, bem demonstram como o vigoroso pensador de Os Sertões estava se aprimorando no trato das questões candentes, dentro de metodologias cada vez mais exatas.

Ainda em dezembro de 1907, pronunciou, em São Paulo, uma conferência: “Castro Alves e os tempos”. Nesse trabalho, algumas injustiças que Euclides da Cunha havia feito no seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras foram corrigidas. Mostra-se, nesse trabalho, o homem que confia no futuro de Brasil, nas suas possibilidades e no seu desenvolvimento como nação. Terminada a sua missão no Itamarati, vê-se novamente a braços com o problema da subsistência.

Doente, depois de levar uma vida agitada e trabalhosa, cheia de percalços e vicissitudes, de ter peregrinado por cidades do interior de São Paulo, pelo sertão baiano, pelo Amazonas, resolveu inscrever-se em um concurso para a cadeira de Letras no Colégio Pedro II.

Iria competir, entre outros, com Farias Brito, homem que tinha como cartão de visita uma vasta obra filosófica, por todos conhecido como aquele que, no Brasil, mais dominava as correntes, escolas e métodos dos filósofos europeus. Euclides da Cunha, mais conhecido como escritor de uma campanha militar, sofria intimamente a diferença. Apesar de tudo, vai à banca examinadora. As suas provas oral e escrita bem demonstram o esforço extraordinário que ele fez para, em poucos meses, suprir-se de uma cultura filosófica.

Continua

CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 7 de julho de 2021

Grndes vultos: Euclides da Cunha - Parte 06.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 06.

Vazado em estilo pessoal, aborda problemas dos mais importantes da formação social brasileira. Apreciado como obra de arte ou como contribuição às ciências sociais, o livro até hoje é uma das obras básicas da nossa cultura. A parte narrativa, isto é, aquela que se refere aos eventos, mostra, de forma realista, como os mesmos decorreram, as vicissitudes e dificuldades de ambas as partes, sem deixar de assinalar, no entanto, que todos eram brasileiros e sem deixar de deplorar a luta fratricida.

Na profissão de engenheiro, Euclides da Cunha conheceu, ainda, outras cidades do interior paulista – São Carlos e Lorena – e parou em Santos, por algum tempo, na Comissão de Saneamento da Cidade.

O livro Os Sertões abriu todas as portas da literatura ao seu amor e o transformou em um dos nomes mais conhecidos nos meios culturais do Brasil. Foi eleito, em seguida, para o Instituto Histórico Brasileiro e para a Academia Brasileira de Letras.

A glória, porem, não lhe trouxe a estabilidade econômica. Euclides da Cunha, já célebre, escritor consagrado, era um homem pobre, que lutava desesperadamente pela subsistência. Mal podia manter a família, composta de mulher e dois filhos. Finalmente, foi aproveitado pelo Barão do Rio Branco na Comissão que iria fixar definitivamente os limites entre o Brasil e o Peru. Em dezembro de 1904, na qualidade de chefe da Comissão, Euclides da Cunha calçou as suas “botas de sete léguas” e partiu para o Acre. Era, mais uma vez, o homem que sacrificava o seu conforto e a sua situação familiar para conhecer o Brasil, os seus problemas, a sua natureza. O Amazonas e a sua população sempre o atraíram. Ainda em São José do Rio Pardo, quando escreveu o seu livro imortal, abordara o problema. Erradamente. Vê no amazonense um desfibrado, homens de “organizações tolhidas”, fruto de um clima malsinado. Corrige, porém, no seu trabalho posterior sobre o homem amazonense, o seu equívoco. Reabilita-o.

Faz, juntamente com os membros da comissão peruana, o levantamento hidrográfico do Rio Purus. Enfrentando inúmeras dificuldades, chegam às suas cabeceiras.

Em julho de 1905 está finalmente de regresso, depois de ter visto com os seus olhos de “tapuia espantadíssimo” a realidade amazonense. Projeta escrever um livro sobre o que os seus olhos viram e os seus ouvidos escutaram. Seria o “Paraíso Perdido”. Prepara, por outro lado, o relatório da viagem, ainda em Manaus, relatório que bem demonstra o zelo de Euclides da Cunha por tudo que executava. Assim é que, no dia 15 de janeiro de 1906, escrevia ao seu amigo Firmo Dutra: “Cheguei bem – encontrando todos bons. Mal te posso escrever – tais e tantos trabalhos que ainda me impõem os restos da comissão.” Logo depois, a 18 de abril, comunicava-se com José Escobar nestes termos: “Continuo ainda muito atrapalhado, apesar de já estar impresso o meu relatório, e além de atarefado, doente. Há muita coisa pior que a tuberculose que é franca – é o insidioso impaludismo larvado que a Medicina não atinge, tão vário é ele e incaracterístico.”

Permaneceu no Itamarati e foi encarregado de organizar da região limítrofe com o Peru. Mais uma vez mostrou sua dedicação à causa pública, fazendo trabalho lapidar.

Continua

CLÓVIS MOURA


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