quarta-feira, 28 de abril de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 01.



GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 01.

O que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual compondo-a com as forças infinitas da humanidade."

Novembro de 1888. Estava programada uma visita do Ministro da Guerra à Escola Militar. O estabelecimento minado de ideias republicanas, tinha nos seus alunos um material fortemente explosivo. Nos corredores articulava-se uma manifestação de indisciplina. À última hora, porém, todos os jovens sediciosos, por razões várias, foram se divorciando subjetivamente do movimento, aceitando a visita do representante da monarquia. Menos um aluno, desajeitado e magro, de olhos febris e gestos nervosos. O Ministro chaga à Escola Militar. Acompanha-o o Senador Silveira Martins que tinha um filho aluno do estabelecimento e que se inscrevera entre os rebeldes. A primeira companhia desfila em ordem. Nada acontece.

Mas na segunda companhia estava o aluno nervoso e desajeitado. Deu alguns passos à frente, olhando firmemente o representante da monarquia. Tira o sabre da bainha e tenta quebrá-lo no joelho. Depois atira-o ao chão. Murmura palavras ininteligíveis. Depois ergue a voz:

Infame! A mocidade livre cortejando um ministro da monarquia!

O aluno desajeitado era Euclides da Cunha. O seu gesto de 1888 é bem uma síntese de toda a sua curta e atormentada vida. Nasceu a 20 de janeiro de 1866, filho de pais da classe média que, se não lhe deram a estabilidade necessária em criança – a mãe faleceu em 1869, deixando-o aos cuidados de parentes – também não o fizeram conhecer a indigência. Era filho de Manoel Rodrigues Pimenta da Cunha e de D. Eudóxia Moreira da Cunha. O pai era comerciante e, após a morte da esposa, via-se constantemente deslocado, de cidade em cidade, não podendo, desta forma, dar ao filho a assistência e o cainho necessários.

Em consequência das atividades paternas, teve de ser criado por parentes. Na fazenda São Joaquim, em Conceição de Fonte Nova, onde se encontrava recolhido pelos parentes, iniciou os Estudos, sendo, posteriormente, em 1877, transferido para a Bahia onde iria cursar o Colégio Carneiro Ribeiro.

Continua

CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 14 de abril de 2021

Grandes vultos: Marechal Rondon -- Parte 06.

Marechal Rondon

   

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

CÂNDIDO M. DA S. RONDON Parte – 06.

Dele diria Coelho Neto: “Na travessia longa em que se guiava a bússola, se se não levantavam vagalhões, impunham-se montanhas. Era aqui uma floresta densa, além uma catarata, adiante um pantanal escuro, fervilhando em podridão deletéria, exalando hausto letal.

Tudo lhes era adverso. Mas à voz enérgica do chefe, cada qual dava conta do que fizera; e desse herói que regressa do deserto, desse civilizador e pacificador, semeador de póvoas que serão cidades, plantador de roças que serão lavouras, dirão, mais tarde as gerações agradecidas o que disse o poeta:

Tu cantarás na voz dos sinos, nas charruas,

No esto da multidão, no tumultuar das ruas,

No clamor do trabalho e nos hinos da paz!

E, subjugando olvido, através das idades,

Violador de sertões, plantador de cidades,

Dentro do coração da pátria viverás…”



Alcides Maya:

“Na obra de Rondon tudo me comove. Não vejo apenas o deserto que devassa nas jornadas que empreende; não me seduz apenas o horizonte, que desenha o seu arco… O que me fascina é o seu espírito, o seu princípio de amor, a sua violência de amor. Ramon é uma energia de coração. Cada camisa que se desdobra sobre um corpo flexuoso e tostado de índia tem um valor de um mundo que se forma ou que renasce enflorado. Sobre aqueles nus bronzeados paira um ideal casto de crença que começa a irradiar. Rondon é um apóstolo. Que lhe importaria vencer o deserto, se, com o deserto, não viesse para nós as almas rudes que o dominam? Que importariam a árvore, a cachoeira, a flecha homicida, a febre, se, depois de afrontar o êrmo, ele não trouxe para a civilização os extraviados da selva? A medida de sua obra é a felicidade do homem. O velho mundo, hoje, digladia-se num duelo sem tréguas. Sobre tantos horrores paira, promissor de nova era, o heroísmo de Rondon. Ele pode adotar o altivo terceto de Dante: está a beber numa fonte viva, em que ninguém bebeu… “



Castro Menezes:

“Anchieta, Aspilcueta e Nóbrega ressurgem unificados nessa personalidade incomparável, única, abençoada, nesse homem, que tão alto eleva a nossa raça, a nossa nacionalidade, desmentindo, pelo exemplo, por atos e palavras, o pessimismo ultramontano dos que descreem de nossos destinos… “

“Rondon, ao lado das tarefas de técnico, desdobra, maravilhosamente, as energias de um santo. E de tribo em tribo, de taba em taba, de maloca em maloca, vai esse homem admirável surgindo, de olhos brilhantes e sorriso nos lábios, estendendo ao silvícola, sobre a palma da mão leal, sementes de fraternidade, germes de progresso, de paz, de harmonia e confiança.”



Rui Barbosa:

“A tradição viva da verdade militante é que há de ser o Homero de vossas glórias,”



General Gamelin:

“O meu intuito não foi apenas o de dar uma demonstração de afeto ao General Rondon, de que me honro de ser amigo. Quis chamar a atenção do grande público francês para a importância de sua obra, quer sob o ponto de vista brasileiro, quer sob o que diz respeito ao conhecimento científico do universo. Ao mesmo tempo, transmiti à Sociedade Geográfica de França o relatório completo das diversas obras por ele publicadas, com documentos complementares que permitirão apreciar a extensão dos serviços que prestou à causa geral da humanidade.”



Paul Claudel:

“Rondon, esta alma forte que se interna pelo sertão, na sublime missão de assistir o selvagem, é uma das personalidades brasileiras que mais me impressionam. Rondon dá-me a impressão de uma figura do Evangelho… “



(Estas citações finais e consagradoras foral tiradas da esplêndida biografia de Esther de Viveiros.)


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