quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio - Parte 11.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 11.
Quanto a Princesa Isabel, não entendia ele, embora sua extraordinária gratidão pelo gesto magno da coroa, fosse a Lei Áurea uma dádiva do governo, mas, sim, o atendimento aos anseios do povo. Anteriormente, no Teatro Politeama, num de seus discursos iluminados pela centelha do gênio dramático, sentenciava, no final:
“Ou cede à vontade do povo ou cai”
Grato a sua Redentora, em sua humildade de mulato, colocava-se numa antítese: a gratidão e a república de seus sonhos.
Durante o governo discricionário de Floriano, Patrocínio, não se dando bem com o mesmo, passou a enfrentá-lo pelas colunas da “Cidade do Rio” com fulminante campanha. Daí resultou-lhe o exilo de Cucuí, no Amazonas, decretado pelo ditador, após a malograda revolta da armada do Almirante Custódio de Mello. Rui Barbosa colocou sua pena a favor do abolicionista heroico e de seus companheiros de exilo, impetrando perante o Supremo Tribunal o célebre “habeas corpus” que marcou época na história da luta pela liberdade no Brasil.
Mais tarde, caindo Floriano e subindo Prudente do Morais, o piracicabano, ocorrido o atentado de Marcelino Bispo, várias prisões ilegais foram efetuadas e Rui, mais uma vez, coerente com seus princípios democráticos, tomou a defesa dos perseguidos políticos. Patrocínio, que o considerava “o maior dos brasileiros”, “o príncipe dos advogados”, “o mestre dos juízes”, não teve dúvidas em romper essa admiração para se colocar ao lado de Prudente a quem chamava de “Santo Varão”. Prudente era amigo de Patrocínio com quem participara, lado a lado, da campanha abolicionista e republicana e este, após os padecimentos sofridos durante o governo florianista, via na ascensão do Presidente amigo a salvação da Pátria, a paz que descia sobre a cabeça de todos os brasileiros. Não se conteve ante as verberações de Rui e passou a atacar justamente aquele que, tempos antes, corajoso, fora confortá-lo na prisão, às vésperas do desterro.
Continua…
S. SILVA BARRETO

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Grandes vultos: José do Patrocínio = Parte 10.

D. Pedro II

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOSÉ CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 10.
Acusavam-no de conduta vacilante e volúvel, a ponto de se ver, em certas ocasiões, entre dois fogos de velhos companheiros. Silva Jardim o acoimava de traidor da causa republicana e André Rebouças de traidor da Princesa Isabel. Ao primeiro respondia que sempre foi republicano, mas os abolicionistas não poderiam esquecer sua gratidão à Redentora, motivo pelo qual não admitia o advento da república durante o governo de Isabel. Em relação a Pedro II, entretanto, não lhes ocultava suas antipatias.
Exilado como monarquista, após a proclamação da República, André Rebouças não perdoou o amigo o ter-se manifestado a favor da nova ordem. Sua defesa, fê-la Patrocínio num artigo intitulado “André Rebouças e eu”. Começou por dizer que Rebouças foi, sempre, “a alma de sua alma” e que nunca se permitira a liberdade de contrapor-lhe um pensamento”. Contudo, divergiam num ponto: “Rebouças era monarquista e ele republicano”.
Com a volta de D. Pedro II, muitos republicanos, ao contrário de Patrocínio, entendiam que se deviam respeito ao imperador e esperar por sua morte para a mudança do regime. Patrocínio, ao contrário, entendia que Isabel seria a salvação e suas esperanças estavam depositadas no terceiro reinado. Acreditava num futuro promissor para a Pátria dentro do coração daquela mulher que ouvia a voz do povo para governar. A frialdade de D. Pedro II o assustava.
A opinião de alguns de seus biógrafos de que, adepto franco do terceiro reinado, proclamada a república, não se pejou de passar de armas e bagagens para o novo regime, colocando as colunas da “Cidade do Rio” a serviço dos novos governantes, com as diárias a Deodoro, deve ser rebatida, pois foi o próprio Patrocínio quem, de maneira insofismável, procurou justificar sua atitude. Primeiro, não era ele um monarquista ou um republicano de
última hora. Era realmente, um dos fundadores do “Clube Republicano”. O homem dos primeiros momentos da causa, das primeiras reuniões da “chácara do Capitão Sena”. As linhas tortas escritas por sua conduta temperamental e aparentemente contraditória tinham, objetivamente, um ideal perfeito e retilíneo: a libertação dos escravos. A causa republicana não era sua. Ele seguia sob a bandeira dos amigos da velha casa de seu sogro: Quintino Bocaiuva, Silva Jardim, Lopes Trovão, Olavo Bilac, Benjamim Constant e outros. Não era ele culpado da pretendida mistura, num só corpo, de duas causas distintas. Houve, até, quem pretendesse precipitar a vinda da república sem a abolição, pretensão essa que encontrou inabalável oposição de Patrocínio: “mas, uma república com milhões de escravos?”
Continua…
S. SILVA BARRETO
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