HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 84
LITERATURA ESPANHOLA - I
Na formação da Espanha há uma multiplicidade de
contribuições diversas e aspectos antagônicos: culturas
imensamente heterogêneas aí se instalaram, incorporando traços dos
povos anteriores e marcando a evolução posterior com caracteres
particulares que a tornam um conjunto cultural altamente distinto
dentro de um domínio europeu comum. Aos celtas e iberos iniciais,
superpuseram-se colonizadores fenícios, gregos, romanos bárbaros e
árabes. Também fatores religiosas concorreram para a diversidade da
formação espanhola dando origem a um lento processo de
desenvolvimento histórico de homogeneização dos sistemas em
constante luta e ação de influências mútuas: o judaísmo, o
cristianismo e o islamismo. A dominação moura apresentou em terras
espanholas, inclusive, um período de apogeu cultural com a escola de
tradutores de Toledo, dedicada ao estudo das grandes obras da
antiguidade clássica, especialmente, dos autores gregos. Foi na
Espanha moura que viveu Averrois (Ibn-Roschd-princípios do século
XII-1198), famoso comentador árabe de Aristóteles.
Averrois
A unidade político-cultural espanhola foi obtida como
resultado direto do esforço comum para reconquista do território, o
que ocorreu definitivamente em 1492 com a tomada de Grenada aos
mouros.
A literatura em romance é iniciada já nos séculos IX
e X mas data do século XII a composição do famoso “Cantar de mio
Cid”, que combina a violência de crônica à elevação épica ao
narrar as seculares lutas de príncipes e povos frequentemente entre
si, porém aliados valorosos na luta contra o inimigo maior. No
“Cantar de mio Cid” estão literalmente transcritos todos os
elementos fundamentais da cultura e civilização espânicas: a
exacerbação do individualismo dos fatores passionais, bem como o
firme estabelecimento do conceito de honra. No século seguinte,
grande impulso é dado ao desenvolvimento literário através da ação
do rei Afonso X, o Sábio. Além de pessoalmente contribuir com a
autoria de poemas à Virgem, proporciona condições excepcionais
para os estudos culturais. Em sua época é redigida a “Crônica
Geral”, primeiro ensaio de história nacional ; ocorre a retomada
das epopeias em prosa e sua conversão em novelas de cavalaria; é
iniciada a literatura jurídica.
Simultaneamente, a cultura é estimulada a encontrar o
povo através da divulgação das canções de gesta pelos jograis e
a criatividade popular retoma-lhes os temas, reelaborando-os
sucessivamente até a formação das novelas de cavalaria. O
“Romancero Espanhol” reúne estes poemas resultantes das
interações entre artistas das diferentes camadas sociais.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7.
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