quarta-feira, 20 de maio de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 07.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A    HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
          MARTINS JÚNIOR – PARTE – 07.
 

A arte de hoje, se quiser ser digna do seu tempo, digna do século que deu ao mundo a última das seis ciências fundamentais da classificação positivista, deve ir procurar as suas fontes de inspiração na Ciência, isto é, na generalização filosófica estabelecida por Augusto Comte sobre aqueles seis troncos principais de todo o conhecimento humano”. 
 
É necessário que se observe que, nesta época, Martins Júnior contava apenas 26 anos de idade.
Como atrás ficou dito, seus primeiros livros são de poesia. Moço ardoroso, cheio de sonhos grandiloquentes, deveria traduzir, como traduziu, nos seus versos, as mais belas aspirações do seu tempo: A República e a Abolição. Suas produções assumem, não raro, a eloquência própria dos assuntos versados.
 
Em Visões de Hoje é a chamada poesia científica que o preocupa. Guerra Junqueiro, depois de se referir à poesia científica, no prefácio à edição da Morte de D. João, esclarece que nem todas as verdades científicas são poéticas, ”mas sim unicamente aquelas donde se pode deduzir, por meio das faculdades imaginativas, as concepções mais belas e grandiosas”. E, no seu modo de ver, “sendo a verdade a base da poesia, segue-se que esta será tanto mais elevada quanto maior for o andamento das ciências”.
 
E exemplifica:
 
“Pode é certo, no século XIII, aparecer um poeta cujo talento seja maior que o de todos os poetas do século XIX. Mas, no entanto, o nosso século fornece às imaginações assuntos artísticos muitíssimo superiores aos de qualquer século precedente. Que haja quem os execute é ponto secundário. A questão é que eles existem”.
 
Continua
 
BRASIL BANDECCHI

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 06.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
MARTINS JÚNIOR – PARTE – 06
Sobre a memória de Tiradentes caiu quase um século de silêncio. Pouco se falava no mártir mineiro, pois que os escritores palacianos, na sua maioria, não queriam lembrar o ato de Maria I, bisavó de D. Pedro II. Além do que, o alferes mineiro era republicano.
Dentre os bem poucos que cantaram o herói da Revolução Mineira, está o autor de estilhaços:
 
                        Somos teus filhos, Tiradentes! Viemos
                        trazer-te um goivo e um pouco de cipreste,
                        para que a voz do nosso amor te ateste
                        que andamos inda a levantar, nos cimos
 
                        da pobre pátria, – aquele templo augusto
                        que tu sonhavas construir de auroras!…
                        Estamos ainda trabalhando. O adusto
                        sol do Equador bronzea-nos; as horas

                        vão gotejando, uma por uma, do astro
                        e nós, enquanto nossos pais – os velhos,
                        ouvem do trono os pérfidos conselhos,
                        vamos beijando o teu ciclópico rastro!”
 
Os ideais republicanos e abolicionistas aproximam Martins Júnior de Clóvis Beviláqua, tornando-os grandes amigos, e com ele publica as Vigílias Literárias. E, com João de Freitas e Clóvis, traduz o livro de Jules Soury, Jesus e os Evangelhos, isto, porém, quando já bacharéis, em 1886.
Cursando a Faculdade, no período 1879-1883, o faz naquele momento histórico que, nesta casa, já tive a oportunidade de examinar quando realizei conferência subordinada ao tema Tobias Barreto – aspectos de uma grande vida e que se encontra publicada na primeira série do livro “Juristas Brasileiros”, edição do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.
Momento de renovação, em que novas ideias alargam os horizontes do pensamento humano. Do grande Tobias Barreto parte a clarinada revolucionária.
Martins Júnior, em 1883, esclarecia sua posição:
“Sou ainda hoje o mesmo sectário convencido e entusiasta do grande sistema filosófico arquitetado na França por Comte. Até hoje, entretanto, não pude ainda substituir Littré por Laffitte, e Wiroubouff pelo Dr. Ribenet. Quer isto dizer que, em face do vertiginoso movimento científico da atualidade, faço-me com Roberty em positivista independente, e escudado no fecundo princípio da relatividade dos conhecimentos humanos, procuro agrupar ao redor da Lei dos Três Estados e da Classificação hierárquica das ciências todas as conquistas definitivas do evolucionismo spenceriano, do transformismo darwínico, do monismo haekelista e do realismo científico materialista”. E ainda: “Entendo que modernamente, ela, a Poesia, deve ser científica debaixo deste ponto de vista, deste modo: – Sentindo o influxo da concepção filosófica do universo quem domina em seu tempo; enunciando as verdades gerais que decorrem para a vida social dessa concepção; mas vestindo sempre os seus ideais com as roupagens iriadas das faculdades imaginativas, e nunca deixando de obedecer à emoção poética que dá nascimento à obra de arte.
Continua
BRASIL BANDECCHI
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