quarta-feira, 29 de junho de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 20.

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 20.

Eu tinha para todas essas ideias uma inferioridade imensa. Imaginava bem as coisas, mas não sabia desenho de máquinas. Nessa época, porém, eu morava em Nova Iorque com o engenheiro Raul Ribeiro da Silva, que não só desenhava admiravelmente, como era um cérebro de inventor, cheio de ideias originais. Ademais, conhecia bem a mecânica. Associei-me a ele e pedimos patente. Foi isso no dia 5 de novembro de 1918. O pedido de patente teve o número 261.182. Nele aparece o nome de Raul Ribeiro da Silva antes do meu, por pura gentileza de minha parte. Mas tratava-se evidentemente da velha ideia de 1911 desenvolvida. A patente foi concedida.

Foi concedida a ele então, como havia sido concedida a dos Wright em 1906. E ele inventou tanto o avião a jato em 1918 como os Wright inventaram em 1903 ou 1905 o avião mecânico… “Ninguém acende uma lâmpada e a põe debaixo de um alqueive” – disse Cristo no Sermão da Montanha (Mat. 5,15). Quem, tendo descoberto a navegação aérea a motor, conservaria em segredo esse valioso feito durante cinco anos – de 1903 a 1908? Quem?

Ainda que toda a imprensa do mundo falasse em 1903 do aeroplano a motor dos Wright, isto de nada valeria sem provas documentais, fotografias, exatas, de que eles haviam voado. Toda a imprensa do mundo falou dos discos voadoras de Marte. E isso não demonstrou cabalmente a sua existência, porque dela não se tiveram provas documentais, fotografias, exatas.

Vimos, que, nos Estados Unidos, só quatro ou cinco jornais veicularam boatos de voos, desses sujeitos. Mas quantos se calaram? Todos os restantes. Milhares. E entre esses milhares os de Dayton, Ohio (conforme atrás referimos). Eles voavam ali, em Springfield, percorrendo, ruidosamente, segundo disseram, a 39 metros de altura, distâncias de 4,500 metros (1904) 18 quilômetros (26 de setembro de 1905) e 39 quilômetros (5 de outubro do mesmo ano) – e ninguém os enxergava, ninguém ouvia coisa alguma. Será possível? Qual! Deixemo-nos de infância! Brincadeira tem hora.

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GONDIN DA FONSECA

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 19.

Blériot
 

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 19.

Á 22 de maio de 1906 – bradam ainda os defensores da prioridade dos Wright – eles obtiveram uma patente de avião com motor. E Santos Dumont ainda não voara! Sai desta, seu Gondin!

Chantagem! Pirataria! Em maio de 1906 a quadrilha Wright-Chanute possuía a certeza plena de que alguém na França, na Inglaterra ou em qualquer parte da Europa ia voar. Existiam prêmios de aviação instituídos. Havia gente estudando, experimentando. Chocava-se o ovo. O pinto quebraria a casca mais hoje mais amanhá. Então, que golpe baixo arquitetaram? Registro de patente. Talvez para impedir que Santos Dumont ou alguém do seu grupo voasse nos Estados Unidas. Eram enredadores, mistificadores, litigantes, gananciosos.

Mas que prova essa patente de invenção? Simplesmente que a “gang” Wright-Chanute arquitetava, no cérebro, um aparelho de voo mecânico. Mais nada. Pensavam. Isso em maio de 1906. Isso quando Santos Dumont, Blériot e outros não pensavam apenas – mas realizavam.

Se registro de patente provasse prioridade, a invenção dos aparelhos a jacto devia ser atribuída aos Medeiros e Albuquerque. Diz ele no segundo voluma das Memórias.

Em Paris, em 1911, eu li a descrição dos motores de aviões. Neles se produzem explosões de gases, que impelem os pistões dos motores e é esse movimento aproveitado para fazer girar as hélices. Desde logo que acudiu a ideia de que seria possível suprimir os motores: Fazer com que as explosões dos gases movessem diretamente a própria hélice. Para isso, um meio simples: se o eixo das hélicas fosse oco e fossem ocas e perfuradas as bordas das pás das mesmas de um dos lados, os gases das explosões, entrando pelos eixos e escapando-se por um dos lados das pás fariam girar as hélices. Seria exatamente o mesmo princípio dos torniquetes hidráulicos. Apenas, em vez de água, gases.

Como alguém me tivesse encorajado, decidi-me a pedir patente para a minha ideia. Foi a patente francesa nº 427.217 de 13 de março de 1911. Com a minha absoluta inabilidade para explorar coisas industriais, nunca procurei tirar proveito disso. Sete anos depois, Nova Iorque, meditando sempre sobre o caso, vi que se podia ir mais adiante. Em 1911, eu perguntara:”Para que motor?” Em 1918, eu perguntei: “E para que hélice?” Os gases, em vez de passar pelas pás das hélices, para obriga-las a se moverem, podiam ser projetados diretamente na atmosfera.

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GONDIN DA FONSECA

quarta-feira, 1 de junho de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 18.

 

Capitão Feber

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 18.

E a Smithsonian Instituition, de Washington? Esse museu de ciências, dos maiores do mundo, jamais admitiu os Wright como pioneiros da aviação antes de outubro de 1942. Repugnando-lhe confessar a prioridade de Santos – pois é incoercível o desprezo que todo o ianque nutre (de modo claro ou subreptício) pelos “decadentes” povos latinos, atribuiu a Langley a paternidade do voo a motor, embora o seu “Aerodrome” virasse submarino todas as vezes que ele se arriscava a experimentá-lo perto do Rio Potomac. Nunca voou. A teoria da Smithsonian Instituition era de que, se lhe pusessem rodas e um motor mais leve, se ergueria no ar. Claro! Mas com rodas e um motor mais leve já o aparelho não seria o de Langley… escreve a revista Times de 02-11-42:

Orville Wright got só mad about i that in 1928 he sent the original Kitty Hawk machine to a London Museum. Kindly Dr. Abbot, naturally perturbed at the loss of a possible exhibit, began to turn the matter over in his mind. After 14 years of gentle revolving, he made his decision jast week: the Wright brothers were indeed the first to make a sustained flight in a hea vier-than-air-machine”.

Se em 1942, só após a segunda edição do meu livro e sua repercussão dentro e fora do Brasil é que a Smithsonian Instituition , de Washington, vendo aluídas as pretensões ianques a primazia do voo mecânico, aderiu aos Wright. Pasmem!

Mal Santos Dumont realiza o primeiro voo a motor no mundo, em outubro de 1906, Wilbur Wright escreve dos Estados Unidos ao Capitão Ferber, pedindo-lhe que o elucide sobre a forma e a estrutura do “14-bis”. Ele tem rodas, estranha o pândego! Que excentricidade! Rodas! “Para partir, Santos Dumont há de rodar sobre um campo extenso e bem uniforme. Graças a um pilone de lançamento, Orville e eu iniciamos o voo com velocidade, de modo muito mais prático.” Não voavam. Planavam. Mesmo em 1908, quando em Paris o aeroplano a motor já não constituía segredo para ninguém, a geringonça dos Wright só descia pelos seus próprios meios. Subir? Não! Não subia por si.

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GONDIN DA FONSECA

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