segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Ao Papai Noel.


Ao Papai Noel.

Sabe Papai Noel, eu não ia escrever não. Sabe por quê? Porque eu tava com raiva do senhor. É! Tava mesmo. Eu ainda estou, mas, só um tiquito de nada. Todo ano eu esperava um presente e nunca ganhava nada. O último ano, como eu não tinha sapato, – disseram que o senhor só botava o presente no sapato – aí eu botei o sapato velho de pai. Foi um sapato que ele achou no lixo. É que pai vive catando lixo. No dia que os carros passam, ele sai bem cedinho, que é pra catar o lixo antes do carro passar. O povo sempre bota o lixo pra fora de noite porque o carro não tem hora pra passar no outro dia. Mãe disse que o senhor não botou o presente, porque o sapato tava furado e fedendo ao chulé de pai. Mãe num trabalha por causa da minha irmã pixitita, mas ela ajuda pai a separar o lixo. Ela só sai de tarde, porque vai na casa duns ricos que moram aqui perto. Tem uma empregada lá, que junta os restos de comida que ficam nos pratos, bota numa lata, e dá pra mãe trazer pra gente comer. Sabe Papai Noel, teve um ano que eu tava com tanta raiva, que eu desejei que desse um vento bem forte, e derrubasse a tua carrocinha com os presentes aqui bem pertinho do viaduto. Ah! Eu nem falei! É que a gente mora embaixo dum viaduto no caminho que vai pra cidade. Será que não dá pra o senhor trazer uns presentinhos aqui pra gente. Quando eu digo pra gente, é porque aqui embaixo do viaduto tem outras famílias e tem muitos meninos. O senhor pode fazer o seguinte: ao invés de dar os brinquedos novos aos ricos, o senhor troca pelos velhos, e guarda pra trazer pra gente. Ah! Se o senhor trouxer os presentes, veja se dá pra trazer pão também, a gente aqui, sempre vai dormir com fome, mas, como vai ser no Natal, a gente poderia comer, pelo menos, um pedaço de pão.

Eu acho que vou parar por aqui. Quem está escrevendo esta carta é uma amiga minha que trabalha aqui num posto de saúde. Como agora não tem médico, nem medicamento, nem equipamento, também não tem ninguém pra ela atender. Aí, eu falei pra ela que se eu soubesse escrever, eu escreveria uma carta para o Papai Noel pra pedir um presente. Foi quando ela pegou uma folha do caderno dela e mandou que eu falasse o que eu gostaria de lhe dizer. Pois é Papai Noel, já estou com nove anos e ainda não sei ler nem escrever. Todo dia mãe me manda rezar pra ver se as coisas melhoram. Reza meu filho! Reza e pede a DEUS, pra ver se os homens deixam de roubar, criam vergonha na cara, e melhoram a situação do povo. A escola fica muito longe daqui do viaduto, também, eu não tenho nem lápis, nem caderno, e nem também, roupa e sapato. Sim! Ia esquecendo! Tem também a minha irmã pixitita. Quando ela está dormindo, eu também ajudo pai a separar o lixo e quando ela está acordada, eu tenho que tomar conta dela quando mãe ajuda pai ou precisa sair pra pegar os restos de comida ou a água numa pracinha aqui perto.

Será que o senhor não vai esquecer? Olha! Eu não vou mandar um beijo pra o senhor, porque eu não escovei os dentes. Eu nem tenho escova! Sabe como é pobre né?

Um abraço,

Palito (esse é meu apelido porque sou muito magro, e também, porque pobre não tem nome).

MEUS QUERIDOS AMIGOS!

O Natal chegou, e com ele as festas, as alegrias, e acenderam-se as esperanças de muitos, quanto à obtenção de dias melhores. Aproveitamos a oportunidade, para agradecer a todos, indistintamente, pelo apoio e pelo carinho dedicado aos nossos Arte & Emoções e Literatura & Companhia Ilimitada, não só aos nossos queridos e leais amigos seguidores, como também, àqueles que nos visitaram durante o ano de 2019, pois temos certeza de que sem esse apoio jamais teríamos chegado aonde chegamos. Não sei se será pedir demais, mas, gostaríamos de continuar contando com esse valiosíssimo apoio, por tratar-se do nosso principal fomento e a razão maior da nossa existência. Aproveitamos também para apresentar nossas desculpas, caso tenhamos, mesmo inadvertidamente, cometido algum erro. A partir de hoje, faremos uma pequena pausa para descanso, repor as energias e concatenar as ideias, e somente retornaremos em 2020, ocasião em que atualizaremos as nossas visitas.

Pedimos ao nosso DEUS misericordioso que cubra com seu manto todo o universo, abençoe e proporcione a todos os viventes de um modo geral, um Feliz Natal e que o ano de 2020, seja de muita paz, amor, saúde e felicidades, e que o homem adote como prioridades, o amor, a compreensão, a harmonia e a solidariedade para com o seu semelhante, e assim, possamos ter um mundo mais justo e mais humano.

Muitíssimo obrigado e até 2020.

“QUE DEUS SEJA LOUVADO!”

R.S. Furtado.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 01.

Martins Júnior

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

MARTINS JÚNIOR – PARTE – 01

O título deste trabalho me foi inspirado por notícia em artigos publicados na imprensa de todo país, que se referem à morte de José Isidoro Martins Júnior. O Comércio do Brasil, no dia 24 de agosto de 1904, assim se manifestava:

“Imponente foi a homenagem que a população desta capital prestou ontem à memória do impoluto republicano, Dr. Isidoro Martins Júnior.

Embora tardiamente, os brasileiros fizeram justiça ao paladino infatigável, ao benemérito patrício, que se destacou sempre pela impavidez e abnegação com que se consagrou às nobres cruzadas da liberdade.

Espírito de escol, o republicano intemerato, que se finou em meio à mais criminosa indiferença, viria sentir na hora extrema o travo amarguroso da ingratidão humana; mas nem por isso o amor acrisolado à Pátria estremecida se lhe amorteceu.

Herói, na vida, ele morreu serenamente como um justo, confortado pela certeza de haver cumprido o seu dever de patriota sem jaça.

Praza a Deus que a terra lhe seja leve, como fecunda foi a sua vida de lutador infatigável.

“Gloria a seu nome imortal”.

Acentuava o articulista que sua morte se dera em meio à mais criminosa indiferença. No momento, porém, em que a notícia do falecimento correu a Cidade do Rio de Janeiro e se espalhou por todo o Brasil, houve como um despertar de consciência em torno do seu grande nome. Foi um toque conclamando a todos a homenagear aquele que dedicara sua existência ao serviço da humanidade, como ferrenho abolicionista, à República como valente e culto propagandista, às letras como poeta inovador, e à ciência jurídica como integrante dos mais destacados da Escola do Recife.

Durante dias, os jornais falaram longamente de Martins Júnior. Tendo falecido à 1:30 hora da tarde do dia 22 de agosto de 1904, estava a Câmara dos Deputados em sessão quando o triste acontecimento fora ali divulgado.

Continua

BRASIL BANDECCHI 
 
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