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quarta-feira, 23 de março de 2016

Literatura Brasileira - Parte 27.

    



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA - PARTE 27.



Se fosse possível esquematizar, segundo esse pronunciamento, as tendências atuais de nossa literatura, apresentá-las-íamos com a seguinte disposição: a) quanto à ficção (romance, conto, novela), há equilíbrio qualitativo e quantitativo entre o romance de tendências sociais e o romance de natureza essencialmente psicológica. O conto, sem perder as características que vêm enriquecendo europeus, russos e norte-americanos, ainda se vê valorizado por um novo ângulo: o da ficção científica; b) quanto ao ensaio de natureza crítica e exegética, o surto é admirável.
Carlos Drummond de Andrade
Contam-se ensaístas da mais diversa direção crítica, armados de cultura multiforme (no sentido universitário da expressão): Osmar Pimentel, Antônio Cândido, Wilson Martins, Wilton Cardoso, Oswaldino Marques, Fausto Cunha, Fábio Lucas, José Aderaldo Castelo, Afrânio Coutinho, Eduardo Portela, Francisco de Assis Barbosa, Cavalcanti Proença, Adonias Filho, Antônio Soares Amora, Sábato Magaldi, Alcântara Silveira, Carvalhal Ribas, Décio de Almeida Prado, Darcy Damasceno, Péricles Eugênio da Silva Ramos, Leonardo Arroyo, Fernando Góes, Jamil Almansur Haddad, Haroldo Bruno, Temístocles Linhares, Heron de Alencar, Otacílio Alecrim, Mário Chamie, F. Almeida Sales, Alcântara Silveira, Haroldo e Augusto de Campos, Segismundo Spina, Olímpio de Sousa Andrade, Waltensir Dutra, Othon Moacir Garcia, Josué Montelo, Luís Washington, Dora Ferreira da Silva, Assis Brasil, Guilherme Merquior, Heráclito Sales, Antônio Houaiss, Antônio D'Elia, Mílton Vargas, Décio Pignatari, Antônio Olinto, Maria Luísa Ramos, João Pacheco, Abelardo F. Montenegro, Túlio Hostílio Montenegro, Híldon Rocha, Franklin de Oliveira, Joaquim Pinto Nazário, Joel Pontes, Otávio Melo Alvarenga, Massaud Moisés, Miécio Tati etc. Que escrevem ao lado de ensaístas mais velhos como Augusto Meyer, Eugênio Gomes, Sérgio Milliet, Sérgio Buarque de Holanda, Barreto Filho, Rosário Fusco, Álvaro Lins, Eduardo Frieiro, Cassiano Ricardo etc.: c) quanto à poesia, o processo de pesquisas expressivas, em certos poetas, é digno de nota, como se dá com Cassiano Ricardo, Carlos Drummond de Andrade, Cabral de Melo Neto, que se renovam constantemente e, por isso, são aceitos e respeitados por todos os Grupos geracionais.

 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.

 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

No próximo post, vamos iniciar uma série de biografias de grandes vultos brasileiros, que marcaram a história nas suas mais diversas atividades

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quarta-feira, 16 de março de 2016

Literatura Brasileira - Parte 26.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 26

Essas três fases que podem corresponder a três gerações, ainda estimulam a Literatura Brasileira. A figura de Mário de Andrade, por exemplo, relacionada à de 22, cada vez mais se engrandece: hoje, publicada uma parte de sua Correspondência, é que sentimos como tem sido extraordinária a presença desse grande ausente! Morto, ainda é ouvido, ainda que suas pesquisas, como foram as de Macunaíma (1928), encontram repercussão em obras renovadoras de nossa ficção, como as de João Guimarães Rosa, importantes, sobretudo para a fixação e compreensão de determinadas áreas linguísticas, com seus processos vocabulares e sintáticos típicos e os múltiplos aspectos de sua linguagem afetiva.

Campos de Carvalho
Nos dias de hoje, novos Grupos, de tendencias diversas, estão se articulando como o dos Concretistas e o dos Praxistas, no propósito de instituírem novo processo geracional. Não se pode, contudo, fazendo-se um inventário de nossa literatura, dizer que, desde 1945, tem havido incisiva renovação nos seus quadros. Salvo um ou outro caso isolado, como os referentes a romancistas do alto mérito de Fernando Sabino (Encontro Marcado), Geraldo Melo Mourão (Valete de Espada), Campos de Carvalho (Vaca de Nariz Sutil), Mário Palmério (Vila dos Confins), Antônio Olavo Pereira (Marcoré), Hernâni Donato (Chão Bruto), Carlos Heitor Cony (O Ventre), Clarice Lispector (A Paixão Segundo G. H.), Macedo Miranda (A Cabeça do Papa) – ainda predominam os autores de 1930 e 1945, duas fases de enriquecimento, quanto à grandeza dos processos expressivos e a magnitude ideativa de nossa literatura.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 9 de março de 2016

Literatura Brasileira - Parte 25.

 


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 25

Num quadro estatístico e, ao mesmo tempo, funcional, podemos referir-nos a certos acontecimentos, a certos autores, a certas obras, sem os quais seria impossível qualquer renovação literária: 1) fonte próxima do Modernismo: na poesia: o Simbolismo, justificado pelo verso livre de Mário Pederneiras, pela multiplicidade rítmica, pela presença do inconsciente no momento da criação poética e pelo processo metafórico patente na expressão; 2) fonte próxima do Modernismo: na prosa: os romances Canaã, de Graça Aranha, e O Ateneu, de Raul Pompéia, isto é: a linguagem dinâmica de um mais a linguagem metafórica de outro. Fonte apenas de ordem expressional... 3) marco inicial de uma situação histórica: a Semana de Arte Moderna (1922), em cuja inauguração Graça Aranha, convocado para lhe dar apoio, diz: “Cada homem é um pensamento independente, cada artista exprimirá livremente, sem compromissos, a sua interpretação da vida, a emoção estética que lhe vem dos seus contatos com a natureza”; 4) 1ª fase modernista: 1922 – 1930: a) explicação poética de nossa História (Pau-Brasil, de Oswald de Andrade); b) revalorização do folclore nacional (Cobra Norato, de Raul Bopp); c) reformulação estética dos meios expressivos (Paulicéia Desvairada, de Mário de Andrade); 2ª fase modernista: 1930 – 1945: a) elaboração de uma literatura de conflitos (quer sociais, quer individuais), tanto na prosa, quanto na poesia: Cacau, romance de Jorge Amado; O Amanuense Belmiro, romance de Ciro dos Anjos; Sentimento do Mundo, poesia de Carlos Drummond de Andrade; b) completo interesse não só pelos problemas da realidade nacional, como se efetuou com o romance nordestino, mas também pelos que dizem respeito ao homem, no sentido universal:
Graciliano Ramos
Vidas Secas, romance de Graciliano Ramos; Rua do Siriri, romance de Amando Fontes; Mundos Mortos, romance de Otávio de Faria; Caminhos Cruzados, romance de Érico Veríssimo; Território Humano, romance de José Geraldo Vieira; Brejo das Almas, poesia de Carlos Drummond de Andrade; c) recondução dos processos expressivos da 1ª fase modernista, como o poema-piada, à maneira de Oswald e Mário de Andrade, enriquecidos de um novo sistema metafórico e imagético: atuantes na poemática de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Augusto Frederico Schmidt, Murilo Mendes, Vinícius de Morais, Cecília Meireles etc. ; 3ª fase modernista:

1945...: a) recontinuaçao das experiências formais da fase anterior, com uma preocupação mais acentuada para a estesia do verso: Péricles Eugênio da Silva Ramos, Domingos Carvalho da Silva, João Cabral de Melo Neto, Darcy Damasceno, Geir Campos, Bueno de Rivera, Tiago de Melo, Paulo Mendes Campos, Antônio Olinto, Mário da Silva Brito, Jorge Medauar, Jamil Almansur Haddad, Rossine Camargo Guarnieri, Ledo Ivo, José Paulo Moreira da Fonseca, Mauro Mota, Dantas Mota, Afrânio Zuccolotto, Osvaldino Marques, Alphonsus de Guimaraens Filho, Antônio Rangel Bandeira, Aluísio Medeiros, Geraldo Vidigal,Marcos Konder Reis, José Tavares de Miranda, João Accioli, Wilson Rocha (poetas da chamada “Geração de 45”) b) valorização do ensaio crítico.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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quarta-feira, 2 de março de 2016

Literatura Brasileira - Parte 24.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 24

No terreno das ideias e nessa mesma década, o Neotomismo do francês Jacques Maritain, em muitos aspectos, alimentou a parte ideativa do nosso ensaio crítico, para cuja formação muito contribuíram as análises do nosso Modernismo, efetuadas por Alceu de Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) filiado àquela doutrina. Paralelamente, assistimos ao despertar de uma literatura voltada para os problemas sociais e políticos, que procura identificar nossa cultura à própria realidade nacional: é um momento em que se pode falar na existência de uma Sociologia e de uma Etnologia substancialmente brasileiras, das quais são dignos representantes: Alberto Torres, Oliveira Viana, Fernando de Azevedo, Artur Ramos, Azevedo Amaral, Roquete Pinto, Gilberto Freire, Josué de Castro.

No histórico do nosso Modernismo, existe uma particularidade que convém frisar: enquanto, nessa época posterior à grande Guerra, a Europa assistia a proliferação de estéticas, como o Futurismo, o Dadaísmo, que se combatiam em prol de uma renovação formal para a poesia e a prosa – no Brasil, essa mesma renovação se operava sem intransigências e radicalismos, pois os Movimentos da 1ª fase do nosso Modernismo, como o Verde-amarelismo e o Antropofagismo, propugnavam por uma volta às formas simples e primitivas da vida brasileira, estabelecendo, pois, aquilo que o Modernismo europeu não soube criar: a dinamização do espírito nacionalista, tao bem delineado na Escrava que não é Isaura (1925), de Mário de Andrade, no Manifesto Antropofágico (1928), de Oswald de Andrade, no Grupo e revista Verde, de Cataguases (Minas, em 1927); na revista Klaxon etc.

Nossos modernistas da 1ª fase (1922) foram claros: quanto à poesia, a renovação devia dar-se no sentido de liberdade total de expressão, o que quer dizer: no sentido de tornarem-se constantes as experiencias linguísticas e estilísticas, como se pode exemplificar com a Pauliceia desvairada (1922), de Mário de Andrade. Os temas do cotidiano deviam também ser preocupação constante, e nas imagens associadas e superpostas que o verso ritmicamente livre condensava, o inconsciente está desperto com seus valores autênticos e, no mesmo instante,inconsequentes.

Quanto à prosa que se processou nessa época – a década de 20, as mesmas características da poesia nela se faziam notar: a linguagem dinâmica, o contraponto dos planos emocionais; o humor como um dos polos da atividade as do espírito, encontráveis no Amar, Verbo Intransitivo, de Mário de Andrade, e nas Memórias Sentimentais de João Miramar, de Oswald de Andrade.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte 23.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 23
 
Ao misticismo, à consciência religiosa de Alphonsus Guimaraens que, em Pastoral aos crentes do amor e da morte, atingem uma forma de ser santidade, junta-se de Mário Pederneiras a valorização do cotidiano, das coisas simples.
 
Gonzaga Duque
No princípio do século XX, quando – ainda – atuantes, caminhando lado a lado parnasianos e simbolistas; quando Alberto de Oliveira, parnasiano, e Augusto dos Anjos, simbolista, autor do “Eu e outras Poesias”, lançam livros no mesmo ano – 1912 – a par da prosa simbolista, iniciada por Cruz e Sousa em Missal (1893), e que teve um seguidor admirável em Gonzaga Duque, autor do romance Mocidade Morta – surgem romancistas da expressão de Graça Aranha, cujo Canaã (1902) tematiza, numa linguagem plástica, musical, artisticamente trabalhada, o caldeamento de correntes migratórias (latina e germânica) na terra que o romancista julgava promissora. De um lado, romancista como Lima Barreto, da linha machadiana, mestre em retratar a vida dos subúrbios do Rio de Janeiro, como se lhe vê no Triste fim de Policarpo Quaresma; Coelho Neto, fecundo, escritor de inúmeros recursos léxicos, a espelhar em A Conquista, a boêmia literária do seu tempo. Do outro lado, os contistas e romancistas do regional, como Valdomiro Silveira de Os Caboclos, Afonso Arinos de Melo Franco de Pelo Sertão, João Simões Lopes Neto de Contos Gauchescos, Afrânio Peixoto de Maria Bonita (fixação do ambiente baiano), Monteiro Lobato de Urupês e Cidades Mortas. São contistas e romancistas que apresentam suas personagens com o vocabulário típico e a vida regional que vivem. Desses, Lobato deve ser considerado o mais importante: seus contos escritos com extraordinário domínio das situações cômicas e, a par, numa linguagem rica de colorido e movimento – e em certo sentido, são modeladores. Lobato possuía a arte de narrar, de contar histórias: daí nossa literatura infantil tê-lo como seu autor mais representativo... Finalmente, em outo setor, o filosófico, Farias Brito, discípulo de Bergson e autor de dois livros austeros para a história do pensamento puro, no Brasil: Mundo Interior e Base Física do Espírito – passa a ser considerado, entre nós, pela sistematização de suas ideias espiritualistas contra o Materialismo, um filósofo por excelência, aquele que, trabalhando em prol do conhecimento, faz com que toda ideia valha como um ato criador.

Finda a primeira Grande Guerra (1914-1918), novas ideias, visando a solução de problemas psicológicos e de fenômenos sociais, atingiram o setor da Literatura e, aqui, no Brasil, sua repercussão foi imensa. O romance da década de 30, por exemplo, que se bifurcou em dois aspectos: o social e o de vida interior, recebeu fortes influencias do Marxismo e do Bergsonismo, então em voga na Europa. De 1933 é o Cacau, de Jorge Amado, início de uma série de romances que formarão um ciclo, o chamado “ciclo do cacau”, em que a exploração do trabalhador, simbolizando a luta de classes, exemplifica um processo desumano da realidade social, debatido por Marx; de 1936 é o Amanuense Belmiro, de Ciro dos Anjos, cuja personagem central se faz reger pela memória e, através desta,reconstrói seres, coisas e acontecimentos.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.

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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte - 22.




HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 22
 
Anteriormente a 1891, data em que Mallarmé colocou em termos inteligíveis a compreensão de símbolo, em 1886 – René Ghil, no seu Traité du Verbe, exaltando o instrumentismo, impõe ao poema a feição musical que também Verlaine defendeu em sua Art Poétique com o célebre verso: “De la musique avant toute chose”.
 
Cruz e Sousa
No simbolismo francês, todavia, o símbolo, que se pode identificar no mistério e à essência da própria poesia, toma caráter hermético e denso em Rimabaud, uma das mais importantes fontes da poesia moderna. Podemos esquematizar neste quadro os propósitos e os princípios do Simbolismo: 1) gosto do vago ou do nebuloso; 2) visão pessimista da existência; 3) sugestão de estado de alma; 4) passividade aos apelos do inconsciente; 5) transmutação dos quadros da natureza, das ações humanas e de todos os fenômenos concretos em aparências sensíveis; 6) o emprego de sinestesias (sobreposição de sensações); 7) formação de misteriosas correspondências (como as desejava Baudelaire); 8) valorização das analogias entre os seres e as coisas; 9) criação de inovações expressivas ou formais tendentes à libertação dos ritmos e à fluência musical do poema: 10) valorização do cromatismo (Rimbaud chegou a criar cores para os vogais); 11) contraposição à inteligibilidade parnasiana e ao sentimento romântico, de natureza biográfica ou confessional, pela sucessão de estados de alma apenas sugeridos; 12) contraposição a toda descrição objetiva, à maneira parnasiana; 13) todo poeta deve ter a consciência artesanal do seu estilo. Nosso Simbolismo obedece a este plano histórico: a) filiação ao Simbolismo francês e ao português (em 1890, com Oaristos, Eugênio de Castro introduz o Simbolismo em Portugal); b) início: década de 80. Nas Cancões da Decadência (1877), de Medeiros e Albuquerque, encontram-se nítidos indícios da nova estética; c) está em Broquéis (poesia) e em Missal (poemas em prosa), ambos os livros de 1893 e de autoria de Cruz e Sousa, a introdução definitiva do Simbolismo no Brasil.
 
O negro catarinense Cruz e Sousa, o mineiro Alphonsus de Guimaraens, o paranaense Emiliano Perneta e o guanabarino Mário Pederneiras se distinguiram entre os demais componentes da Escola; Eduardo Guimaraens, Virgílio Várzea, Severiano de Resende, Auta de Sousa, Alceu Wamosy.
 
A consciência artística foi, neles, a própria profissão de fé: em Cruz e Sousa, a angústia do homem e a música dos versos estão admiravelmente fundidos e harmonizados. O tédio de vida, a revolta do homem que não desconhece o próprio valor, mas vê-se preterido na hierarquia social, porque é humilde e porque é negro, converteram-se em poesia, transferiram-se para o verso musical, cromático,espiritualizado em toda a sua extensão e em toda a sua compreensão.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte 21.



  
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 21


Nosso Grupo parnasiano: Raimundo Corrêa, Alberto de Oliveira, Olavo Bilac, Vicente de Carvalho, Luís Murat, Luís Delfino, Guimarães Passos, Emílio de Menezes, Augusto de Lima, Filinto de Almeida, Goulart de Andrade, Magalhães de Azevedo, Amadeu Amaral, Francisca Júlia, Luís Carlos, Luís Edmundo, Martins Fontes, Hermes Fontes, Raul de Leoni etc. – nem sempre obedeceu aos cânones rígidos da Escola, como se deu com Vicente de Carvalho, em cujos Poemas e Cancões o lirismo é despido de qualquer impassibilidade; com Raul de Leoni, bem posteriormente, em cuja Luz Mediterrânea, o poeta, de tendências filosofantes, chega a destoar completamente dessa impassibilidade.

Vicente de Carvalho
A maioria deles valorizou o soneto e o verso alexandrinos. Em certos sonetos de Alberto de Oliveira, as inversões são tão admiráveis, que provam nele uma indefectível intuição idiomática, o domínio da sintaxe clássica, a concepção de arte moldada no trabalho artesanal, na euritmia do verso, em todos os seus aspectos. Bilac, mestre do decassílabo e do alexandrino, a mais completa personalidade de sonetista em língua portuguesa no Brasil, faz de suas meditações temáticas, realizadas com elegância e clareza, a essência de uma forma em que as palavras são sempre exatas e eleitas. Na sua “concepção voluptuosa da vida”, como dele disse Ronald de Carvalho, está o poeta de amor lírico e sensual mais importante da literatura em língua portuguesa.

Seguindo seu curso histórico, a Literatura Brasileira, na década de 80, assiste ao advento da estética simbolista, procedente da França, e que aportava não só com influências filosóficas bem delineadas, mas também com uma consciência artística em plena realização. O simbolismo nasceu na atmosfera mental antipositivista dos fins do século XIX. A Filosofia do Inconsciente (1877), de Hartmann e o pessimismo de Schopenhauer formam a substância ideativa do Simbolismo, em que se amalgamam valores psicológicos e valores estéticos, elementos míticos ou irracionais e elementos formais ou expressivos disciplinados.

Como o próprio nome no-lo indica, é no símbolo que esta corrente literária se esteia. Em 1891, Mallarmé foi claro: “Nomear um objeto é suprimir três quartas partes do gozo do poema, gozo que consiste em adivinhar pouco a pouco; sugerir, eis o sonho. O perfeito uso deste mistério constitui o símbolo; evocar pouco a pouco um objeto para mostrar um estado de alma ou, inversamente, escolher um objeto e desprender dele um estado de alma, mediante uma série de decifrações...”

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7. 

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Literatura Brasileira - Parte 20.

 

HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 20

Paralelamente à prosa, em que se fizeram presentes o romance naturalista e o realista; filólogos como João Ribeiro, filósofos como Farias Brito, críticos como Araripe Júnior – a poesia parnasiana estabeleceu a sua estética da ordem. O Parnasianismo brasileiro teve, como todo movimento organizado esteticamente, um histórico que obedece a esta cronologia: A) fontes estrangeiras: 1ª) influências do Parnasianismo francês. Na França, no decênio 1866 a 1876, o editor Lemerre publicou uma coletânea de versos a que chamou Parnasse Contemporain, coletânea essa que denunciava uma reação anti-romântica, orientada por Leconte de Lisle, e seguida por Sully Prudhomme, Copée, Herédia, Banville e o próprio Baudelaire. Théodore Banville, no Petit Traité de Poésis Française resumiu a arte poética da nova escola. Em outras palavras, com mais ou menos aproximações de conceitos, essa arte poética aconselha a necessidade de dar caráter objetivo à poesia; de o poeta despersonalizar-se ou impassibilizar-se; de considerar a poesia um ideal da arte pela arte; de preferir as estrofes fixas, como o soneto; de uma visão objetiva da natureza; de universalizar seus temas; do artesanato do poeta na edição da forma; da perfeição versificatória. Em Herédia, nos seus Trophées, essas características se harmonizam num sentido global, tornando-o o mais perfeito entre os parnasianos franceses; 2ª) influências do Movimento Coimbrão de 1865, cujos objetivos eram a oposição ao Romantismo e ao Ultra-Romantismo e a renovação ou europeização das ideias em Portugal. Três livros de poesia expressam essa reação: Visão dos tempos e Tempestades Sonoras, ambos de Teófilo Braga, e Odes Modernas, de Antero de Quental. Os três pertencem à década de 60, e vêm armados de um humanitarismo socializante e de um cientificismo símile daquele, corrente nas partes cultas da Europa, no tempo. B) fontes internas, isto é, brasileiras: de 1870 a 1880:
Sílvio Romero
Sílvio Romero, com o espírito positivista e cientificista da Escola de Recife, de que foi discípulo, publica Os
Cantos do Fim do Século (1878), em cujo prefácio aconselha o criticismo contemporâneo como medida para dissolver o sentimentalismo romântico. É ainda de 1878 o livro de Martins Júnior – Estilhaços, também caracterizador da chamada poesia científica; 2ª) em 1878, no Diário do Rio de Janeiro, publicou-se uma Guerra do Parnaso, através da qual, e num sentido polêmico, o Romantismo era severamente atacado; 3ª) em 1879, Machado de Assis, em quem, pela serenidade, intuição e cultura, havia uma grande vocação para a Crítica, estudou no ensaio – A Nova Geração – publicado na Revista Brasileira, alguns poetas novos, depois tornados luminares do Grupo parnasiano: Teófilo Dias,Valentim Magalhães, Alberto de Oliveira, Lúcio de Mendonça etc.; 4ª) em 1880, 1881, 1882 (sucessivamente), aparecem os Sonetos e Rimas, de Luís Guimarães Júnior, os Cromos, de Bernardino Lopes e as Fanfarras, de Teófilo Dias. São livros nos quais podemos observar a linha objetiva a que o Parnasianismo vai obedecer. A fase em que este melhor se define, escoa-se de 1880 a 1890, quando então os nossos principais poetas lançam as obras que mais os distinguiram, parnasianamente: Sinfonias (Raimundo Corrêa, 1882), Sonetos e Poemas (Alberto de Oliveira, 1885), Poesias (Panóplias, Via Láctea, Sarças de Fogo), de Olavo Bilac, em 1888. 
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
 
MEUS QUERIDOS AMIGOS!

Estou retornando depois de um bom e merecido descanso. Gostaria muito de poder continuar contando com o apoio e essa maravilhosa atenção e compreensão de todos vocês, pois é exatamente esse apoio que me fortalece e me induz a continuar.

Agradeço de coração pelas honrosas visitas e belos comentários com palavras tão amáveis, prometendo retribuir a todos sem nenhuma exceção, pois, conforme costumo dizer, quem visita quer ser visitado, isso porquê, a reciprocidade deverá estar sempre acima de tudo.

Muito obrigado e beijos no coração de todos!

QUE DEUS SEJA LOUVADO!”

Rosemildo Sales Furtado

sábado, 19 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 19.

   


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA PARTE 19  

  
Euclides da Cunha

Outros autores, de diversas tendências, direções mentais e gêneros, enriqueceram a prosa do binômio Realismo-Naturalismo. Historiadores, ensaístas, biógrafos, eruditos como João Ribeiro, tão capacitado para os estudos de Filologia – uns e outros, dentro do seu gênero, personalizaram a época, deram-lhe a universidade das ideias, como se observou com Rui e Nabuco, o método do conhecimento, como se viu em Capistrano de Abreu, a quem devemos os melhores ensaios de historiografia colonial; com Sílvio Romero e seu método crítico sociológico, aplicado à literatura; com José Veríssimo e seu método crítico puramente estético; com Euclides da Cunha que soube transmitir em Os Sertões, ensaio sociológico acima de tudo, visão de um dos aspectos negativos da realidade política e social do Brasil – do Nordeste problemático – tendo feito, com o seu livro magistral, o primeiro e sistemático estudo, de teor científico, de nossa tipologia regional, em que o gaúcho, o sertanejo e o jagunço são formas de ser de um determinismo antropofísico. Rui, em que pesem seus detratores, é um autor oceânico. Sua obra interpreta um típico exemplo de vivências diversa e sucessivas com os temas que versa: o político, o jornalista, o jurista, o historiógrafo, o ensaísta literário, o gramático – títulos que o tornam o maior polígrafo das nossas Letras e da nossa cultura. Enquanto outros se individualizavam por ser grandes em uma disciplina, quer do conhecimento puro, quer do conhecimento aplicado, como o foram Clóvis Beviláqua e Epitácio Pessoa, o primeiro – civilista, o segundo – internacionalista – Rui operava com a mesma eficiência, talento criador e compostura mental nas disciplinas dos intelectuais do seu tempo e naquelas para as quais sua vocação de pensador o dirigia. Sua vida de lutas, mas de lutas sem desfalecimentos, é tao grande quanto sua obra, de riqueza léxica incomparável e, acima de tudo, documentada nas fontes mais áureas e fidedignas do idioma.
 
Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte.
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
 
MEUS QUERIDOS AMIGOS!

O Natal chegou, e com ele as festas, as alegrias, e acenderam-se as esperanças de muitos, quanto à obtenção de dias melhores. Aproveitamos a oportunidade, para agradecer a todos, indistintamente, pelo apoio e pelo carinho dedicado ao nosso Literatura & Companhia Ilimitada, não só aos nossos queridos e leais amigos seguidores, como também, àqueles que nos visitaram durante o ano de 2015, pois temos certeza de que sem esse apoio jamais teríamos chegado aonde chegamos nesses cinquenta e três meses de vida. Não sei se será pedir demais, mas, gostaríamos de continuar contando com esse valiosíssimo apoio, por tratar-se do nosso principal fomento e a razão maior da nossa existência. Aproveitamos também para apresentar nossas desculpas, caso tenhamos, mesmo inadvertidamente, cometido algum erro. A partir de hoje, faremos uma pequena pausa para descanso, repor as energias e concatenar as ideias, e somente retornaremos em 2016, ocasião em que atualizaremos as nossas visitas.

Pedimos ao nosso DEUS misericordioso que cubra com seu manto todo o universo, abençoe e proporcione a todos os viventes de um modo geral, um Feliz Natal e que o ano de 2016, seja de muita paz, amor, saúde e felicidades, e que o homem adote como prioridades, o amor, a compreensão, a harmonia e a solidariedade para com o seu semelhante, e assim, possamos ter um mundo mais justo e mais humano.

Muitíssimo obrigado e até 2016.

“Que DEUS seja louvado!”

Rosemildo Sales Furtado

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Literatura Brasileira - Parte 18.

     


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA – PARTE 18

No Brasil, também podemos citar aspectos influentes em relação ao Realismo-Naturalismo: 1) na poesia, denominada condoreira, de Castro Alves sobretudo, há fortes indícios de uma arte que se aproxima, de uma nova estética; 2) na Escola de Recife (de 1870 em diante), na qual Tobias Barreto foi a maior figura, o Positivismo e o Transformismo eram estudados e divulgados. Essa Escola trouxe à Literatura Brasileira uma feição crítica, que correspondia, disciplinarmente, à observação do romance naturalista ou experimental e do romance realista; 3) no próprio romance romântico de Taunay e de Franklin Távora há um verismo nos acontecimentos, nos seres e nas coisas, o que já é um prenúncio do Realismo-Naturalismo. Na obra inicial de Machado de Assis veem-se, a par de valores românticos, valores que, por sua penetração e objetividade, se opõem aos primeiros, e fazem do autor de Quincas Borba uma figura de transição. Interpenetradas, aqui, no Brasil, as duas direções estéticas, ainda assim se encontram, em nossa literatura, as obras essencialmente naturalistas e as obras essencialmente realistas. Das primeiras, citem-se: O Missionário (Inglês de Sousa), A Carne (Júlio Ribeiro), O Bom Crioulo (Adolfo Caminha), O Cortiço (Aluísio Azevedo). Das segundas: os romances da última fase de Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memorial de Aires) e O Ateneu, de Raul Pompéia, com alguns aspectos também naturalistas. 
 
Aluísio Azevedo
De todos esses autores avulta Machado de Assis: tao grande contista quão grande romancista – nele, a literatura toma não só aspectos humanos, mas também problemáticos. Para Machado de Assis a alma humana não tinha segredos e, intuí-la, para uma revelação contínua dos seus valores, de suas grandezas e de suas misérias – era um hábito nesse escritor, duplo de filósofo e de artista, que duvidava sem escarnecer, que julgava sem humilhar. Sua galeria, tanto a dos seus romances, quanto a dos seus contos, é de caracteres, de seres enriquecidos pelos valores do seu tempo interior, mas presos a uma inquietação constante, ao tédio irreversível, a inúmeras frustrações. Servido por uma prosa que domina todo o setor idiomático, pela clareza e pelo casticismo da linguagem, Machado de Assis é um clássico. Humorista, nada lhe escapa à análise, irremediável sonda de aprofundamento no mistério que envolve os seres e a vida. Há, ainda, obrigatoriedade nas menções a Aluísio Azevedo e a Raul Pompéia. O Cortiço, protótipo do romance naturalista, trouxe à nossa literatura o talento criador de Aluísio na arte de ativar caracteres e tipos, enfim uma humanidade sem remissão, afundada nas suas próprias misérias e nos seus próprios problemas, e, o que é pior, incapaz de uma libertação. Em O Ateneu, o problema da adolescência, representado no menino Sérgio, faz desse romance uma obra de inconfundível originalidade, a tal ponto consciente, que raríssimas literaturas podem suscitar romancistas que entendam a mente infantil, como Raul Pompéia! A par disso, a prosa em que se tornaram mestres: a de Aluísio, precisa, disciplinada significativamente pelas próprias teses que o escritor punha em termos de criação; a de Pompéia, artística, impressionista, cheia de sutilezas expressivas em sua estrutura.

Ob: Com relação as informações históricas e geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição do livro/fonte. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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