HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 63
LITERATURA ITALIANA -- V
Decadência seiscentista: o marinismo e a Arcádia
O século XVI é caracterizado sócio-economicamente
pelo processo de decadência experimentado pelas cidades italianas,
com exceção de Veneza, e seu reflexo sobre a vida literária
manifesta-se pelo esquecimento da época, do povo e dos próprios
sentimentos pelos literatos que se dedicam aos exercícios marinistas
e arcádicos. O formalismo e a abundância de imitações e plágios
estender-se-ão ao século seguinte.
Um último escritor classicista aparece no século XVI:
Torquato Tasso (1544-1595), autor de “Gerusalemme liberata”,
poema épico que já introduz elementos do moderno romanesco ao
realizar a síntese das inspirações cavalheirescas, clássica e
cristã. Seu lirismo expressa-se não apenas no espírito épico,
mas, também em sua original criação do drama pastoril ou, ainda,
em seus sonetos. Em sua obra literária podemos destacar: “Rinaldo”,
Lagrime di Gesu Cristo”, “II monte Oliveto”, “Aminta” e “Le
sette giornate del mondo creato”.
O barroco em sua forma “marinista”, bem como no
gongorismo, pode ser localizado em sua origem como um desenvolvimento
do petrarquismo poético. É um estilo de culto à forma pela forma e
predomínio das figuras sobre o pensamento a fim de se obter
artisticamente a “argutezza” e, segundo G.B. Marini, alcançar o
assombro admirativo, finalidade essencial da poesia.
Giambatista Marinni
Giambatista Marinni (1569-1625), principal representante
deste preciosismo seiscentista, é autor da famosa “Adone”,
excelente demonstração de sua técnica na construção de ritmo e
de imagens. Além do citado poema mitológico-alegórico, Marini
merece interesse na atualidade pela excelência de seus poemas
eróticos. Seus imitadores foram numerosos, mas, bem menos
talentosos: Achillini (1574-1640), Artale (1628-1679), Giordano Bruno
(1550-1639), Stigliani (1573-1651) e Campanella (1568-1639).
Ao barroco marinista opôs-se o excelente satirista
salvador Rosa (1615-1673), autor de “La Poesia”. Sendo poeta e
pintor Salvador Rosa abraçou em seu estilo satírico a crítica ao
mau gosto manifestado na música, na poesia e na pintura.
Ocorre, a seguir, o hipertrofiado crescimento das
instituições acadêmicas, sob inspiração do neoplatonismo, cujo
modelo mais famoso é a Academia da Arcádia, fundada em 1690 na
cidade de Roma. Iniciada com os poetas de inspiração estilística
marinistas Francesco di Lemene (1634-1704) e Giambattista Zappi, a
Arcádia apresenta dois triunfos literários a seguir: o poeta Paole
Rolli (1687-1765), cujos poemas atingem um grau agradável de
espontaneidade, e Metastásio, poeta de grande sonoridade. Metastásio
(1698-1782), cujo nome verdadeiro foi Pietro Trapassi, dedicou-se ao
melodrama, ou seja, ao drama poético que era acompanhado por música.
Além de numerosas cantatas, epitalâmios e serenatas, Metastásio é
o autor de outros melodramas, mas, sobretudo, de “Clemenza di
Tito”, na qual melhor se manifestou seu temperamento lírico e
idílico.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 112/113.
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