quarta-feira, 17 de junho de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 09.

Silvio Romero

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
MARTINS JÚNIOR – PARTE – 09.
Republicano e abolicionista, era orador eloquente e seguro. Corajoso e honesto, sua palavra convencia e prendia os auditórios, fascinando-os.
Como Clóvis Beviláqua, não era apaixonado das ciências jurídicas, durante o curso acadêmico. Faltava, como tive a oportunidade de dizer em trabalho que citei, o entusiasmo que agita os espíritos e os lança na senda das fecundas realizações.
O autor do Código Civil Brasileiro informa:
“Embora o curso acadêmico de José Martins Júnior fosse dos mais brilhantes, é certo que a ciência do Direito não tinha para ele, a princípio, as refulgentes belezas e a gloriosa amplitude, que mais tarde, lhe revelaram as lições de Tobias Barreto e a meditação dos livros, fortes pela concentração das ideias, e profundo pela vasta erudição dos grandes mestres alemães e italianos”.
Vejamos, agora, a obra de jurista e do historiador do Direito, para, em seguida, falar do político.
Quando, em 1887, apresentou à Faculdade de Direito do Recife sua dissertação sobre o “Crime de injúria aos mortos”, já naquela escola se lia e se discutia o que de mais moderno havia em matéria de Filosofia, Direito, Sociologia, Ciência e Literatura. Tobias e Sílvio Romero levantaram a bandeira das ideias novas.
Comte, Littré, Kant, Darwin, Ihering, Savigny, Haeckel e tantos modernos haviam ocupado o lugar dos velhos ensinamentos superados.
Coimbra ficara para trás. É o ilustre e consagrado escritor português, Teófilo Braga, na “História da Universidade de Coimbra”, ao referir-se aos membros da comissão nomeada para rever o projeto do Código Civil Português, sentenciava:
“Falta-lhes, a todos esses lentes, o conhecimento histórico das instituições sociais e a capacidade filosófica para tirar dos códigos civis europeus a legislação compatível com os progressos modernos: eram praxistas e argumentadores”.
Continua
BRASIL BANDECCHI

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 08.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
MARTINS JÚNIOR – PARTE – 08.
Comparando o seu tempo com os anteriores, mostra que as maravilhas da ciência têm alta poesia. Afirma, então, que o poeta tem a obrigação de ser um homem do seu tempo. Sua época era de “análise, de crítica, de observação, e a poesia, como todas as artes – afirmava – há de obedecer a essa tendência irresistível”. E o poeta da Morte de D. João cantava:

“Há muito que fazer, muito que destruir
Trabalhai, trabalhai, nas forjas do porvir,
mineiros do futuro, artistas da verdade!
Há seis mil anos já que o sol da liberdade
vai descrevendo a curva, a elíptica gigante,
cujas constelações são Prometeu e Dante
e Cristo, Galileu, Washington, Pascal
e Newton e Voltaire – zodíaco imortal
da consciência humana. Hoje são necessários
ainda outros heróis e ainda outros calvários
para que o grande sol do amor e do direito
como um raio descreva um círculo perfeito
à volta do universo. Apóstolos, marchai!”

Visões de Hoje é um livro francamente de combate. Diz o poeta que os versos que o compõem são um ensaio de poesia científica.
Embora, em muitos de seus poemas Martins Júnior tenha o sopro de alta inspiração, não seria na poesia que iria mostrar toda a força do seu talento e todo o brilho da sua inteligência. Na poesia científica, teve destaque, mas essa escola não chegou a ter posição marcante em nossa literatura. No entanto, quando se falar nela, o nome de Martins Júnior deve ser mencionado, como fidelidade e verdade histórica.
Em 1893, edita Tela Policroma, onde já não se preocupa com a poesia científica e sua lira passa a vibrar a corda mais de acordo com o temperamento brasileiro, que é o sentimentalismo, onde a poesia fala mais ao coração, tange mais de perto as cordas da alma. Isto aconteceu também – diga-se de passagem – com Guerra Junqueiro, quando escreveu os poemas suavíssimos, ternos, mas profundamente filosófico dos Simples. O que assegura a Martins Júnior um lugar assinalado na história pátria, marcando sua fronte com os louros da imortalidade, é o papel que desempenhou no plano político, como abolicionista e republicano, e sua produção nas letras jurídicas.
Continua
BRASIL BANDECCHI
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