quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 01.

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 01

(1873-1933)

O primeiro aviador do universo que subiu em aeroplano com motor

O avô de Santos Dumont (François Dumont) era francês. Veio para o Brasil – casado com uma senhora de Bordéus afim de se dedicar ao comércio de pedras preciosas. Teve três filhos e um deles, Henrique, nasceu em Minas Gerais, na cidade de Diamantina. Este Henrique estudou no Rio em Paris, onde se formou, em 1853, na École des Arts et Mértiers. Regressou ao Brasil, sua terra, e obteve em Ouro Preto o lugar de engenheiro de Obras Públicas. Ali casou-se em 1856 com uma filha do Comendador Francisco de Paula Santos, homem muito cotado, muito influente. De entre os seus vários filhos (oito), um sobreviveu – Alberto – nascido no arraial de João Alves, estação de Rocha Dias, fazenda da Cabangu, a 20 de julho de 1873.

Em 1879, Henrique Dumont desaveio-se com o sogro por causa de partilhas e embolsando alguns contos de réis (herança materna da mulher), meteu a cara no oco do mundo e foi dar em Ribeirão Preto, cidade que ainda era uma hipótese. Ali adquiriu a troco de nada, ou de quase nada, vastíssimas terras, e o café tornou-o milionário. Sua propriedade (os capiaus do lugar chamam-na, ainda hoje, a “Fazenda do Dumão”) possuía estrada de ferro própria, tão extensa ela era. Muitos anos volvidas retalharam-na em várias fazendas, e essas em sítios, os sítios em chácaras, as chácaras em lotes – pulverização completa.

Não é segredo para ninguém que as terras de Ribeirão Preto são as melhores do mundo. O pai de Alberto faleceu, a mãe suicidou-se no Porto (Portugal) e ele, que depois de vagos estudos no Colégio Kopcke de Campinas, se aboletara em Paris, dedicou-se ao esporte de gastar dinheiro e frequentar as boas rodas. O café dava para tudo. Como Dumont em França é nome vulgar (Dumont, Durant, Dupont, Duval, Duprat, Duroc, Duchap etc.) o jovem Alberto achou jeito de o nobilitar juntando-lhe Santos – unindo-o a Santos por um hífen. Assim: ”Santos-Dumont”. Ora, o café de Santos principiava-se então a impor-se no mundo. Julgaram-no, por isso, em França, o dono de Santos, o Rei de Café. Choveram-ĺhe amizades.

Continua

GONDIN DA FONSECA

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 08.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 08.

Segundo Francisco Venâncio Filho, os “concursos têm entre nós o aspecto de lutas primárias. Faltam os que sabem perder e mais ainda os que sabem ganhar. Como que o esforço de adquirir uma cultura por si mesmo dá a contenda, às vezes, aspectos de defesas de bem exclusivo. Sendo o menos imperfeito dos meios de seleção do magistério, enquanto não o formamos especificamente, é entretanto revestido de luta física. Se isto se dá até nas disciplinas da técnica experimental quanto mais naquelas que o Oswald chamou ciência de papel, como a Lógica. Logo que se falou de Euclides começaram os boatos. Chegou-se a afirmar que Barbosa Lima se inscreveria, apenas para afugentar candidatos.

Foi para Euclides da Cunha uma fase de novos tormentos. Não sendo filósofo de profissão, tinha contudo inegável cultura geral, especialmente científica, e percorrera os grandes pensadores. Inicia a revisão de conhecimentos e leituras de que nos dá conta sua correspondência da época e as anotações de alguns livros salvos.

Depois de uma prova dramática, especialmente pela posição que adotou na oral que versava sobre a “Ideia do Ser”, Euclides da Cunha sentiu-se derrotado. Não por falta de conhecimentos. Mas pela sua antimetafísica, em desacordo com a filosofia dominante. Obteve, mesmo assim, o segundo lugar. Apesar disso, foi nomeado, em 17 de junho de 1909, para exercer a cadeira. Pouco tempo, porém, permaneceu lecionando. Por questões de família, quando defendia a sua honra conjugal, foi assassinado no dia 15 de agosto do mesmo ano. Logo depois da tragédia, veio à luz o livro À Margem da História que se encontrava no prelo quando da sua morte. Livro também composto de artigos vários, traz um trabalho que seria o esboço ou um capítulo de seu projetado e malogrado Paraíso Perdido. O mesmo estilo, a mesma sensibilidade e o mesmo destemor estão presentes à publicação póstuma de Euclides da Cunha. Mostram esses capítulos como Euclides da Cunha, como escritor e homem, se encontrava no tema da realidade brasileira. Por tudo isso, usando palavras suas, foi um grande homem porque “o que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual compondo-a com as forças infinitas da humanidade.”

CLÓVIS MOURA

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