quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 06.

     

Wilbur Wriaht

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 06.

Quando, em 1908, Wilbur Wright vem à França e se exibe em Hunaudières e Auvours, acaso o seu aeroplano sobe ao ar por si mesmo? Não. É ainda lançado em arremesso como uma flecha, por uma espécie de catapulta. Nota-se que já Santos Dumont experimentava o “14-bis”, “o n.º 15”, “o nº 19”, e projetava o “Demoiselle”, o primeiro aeroplano de turismo construído no mundo, em que obteve o recorde de velocidade de 96 quilômetros à hora, no dia 13 de setembro de 1909, indo de Saint-Cyr a Buc (8 quilômetros) em 5 minutos. E os Wright ainda não conseguiam erguer-se do chão pelos seus próprios recursos…

Há, porém, um argumento de que ele, doente, não se lembrou, e que ninguém entre nós repetiu depois de Ribas Cadava (Navegação Aérea, Anvers, 1911, págs. 244-245):

Na grande sessão do Aero-Clube de França, de dezembro de 1910, cujas atas existem, ficou indiscutivelmente firmado “ter sido Santos Dumont o primeiro aviador do universo que subiu em aeroplano com motor”.

Isto liquida a questão. E se ainda não liquidasse, liquidá-la-ia definitivamente a inscrição do marco de Bagatelle:

ICI

LE 12 NOVEMBRE 1906 SOUS LE CONTRÔLE DE

L’AÉRO-CLUBE DE FRANCE

SANTOS DUMONT

A ÉTABLI LES PREMIERS RÉCORDS

D’AVIATION GU MONDE

DURÉE 21s 1/5 DISTANCE 220 m.



Esta inscrição foi reproduzida fotograficamente pelo jornal O Estado de São Paulo, em seu número 23 de rotogravura, de 28 de novembro de 1931. E eu li no campo de Bagatelle, em Paris, aonde por várias vezes levei amigos a fim de a lerem também. Vejamos ainda: revelou por ventura o aeroplano de Wilbur Wright formidável superioridade sobre os que então se construíam em França? Não. Os seus primeiros vôos na Europa, realizados em agosto no Hipódromo de Hunaudiéres e controlados pelo Aero-Clube de França, cobriram distâncias variáveis, entre 10 e 30 metros. Apenas isso! O aparelho subia arremessado por uma catapulta através de um trilho… Era acaso melhor do que o dele o do seu irmão Orville, que ficara nos Estados Unidos? Também não. Reparem no que diz a excelente revista Le Nature, de 26 de setembro de 1908, pág. 1.844 (supplément):

Continua

GONDIN DA FONSECA 

 

quarta-feira, 13 de outubro de 2021

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 05.

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 05.

Há nesta argumentação, um erro contra o argumentador. O prêmio de São Luís era de 200.000 dólares, o que correspondia a um milhão de francos e não a 500 mil. Esqueceu-se Santos Dumont de abordar vários pontos. No artigo da revista Century Magazine, adiante referido, declaram os irmãos Wright ter convidado, em 1904, representantes de todos os jornais de Dayton (Ohio) para assistirem a um voo seu: vieram doze repórteres, e o aeroplano não voou; regressaram no dia seguinte, a pedido, e novo fracasso presenciaram. “Então (escrevem os homens) ignorando a diferença essencial entre dirigíveis e aeroplanos, nunca mais os jornalistas prestaram atenção ao que fazíamos.” Ora, em 1904, não havia no mundo aprendiz de impressor (quanto mais repórter) que não diferenciasse um aeroplano de um dirigível. Acrescentaram, ainda, os dois cavalheiros, terem cessados as suas experiências de voo desde 05 de outubro de 1905 a dias de maio de 1908. Tudo muito confuso… O sucesso dos Wright, em Paris, deveu-se, principalmente, a duas causas: 1.º) a serem exímios no voo planado, o que não sucedia com Santos Dumont; 2.º) a disporem de uma propaganda tão rica e tão boa que chegou a persuadir os franceses da vantagem apresentada pela máquina ianque em não possuir rodas! Ora, a falta de rodas só a prejudicava. Tanto isso era verdade que, em Roma, eles mandaram aplicar-lhes. E hoje todos os aparelhos aterram e sobem servindo-se de rodas – como o velho 14-bis. Observem que o aeroplano de Santos Dumont, em 1906, nada tinha de semelhante ao dos Wright; que os Wright não mostraram, na época, o aeroplano em que juraram ter voado em 1903; e que os modernos aparelhos, a rigor, evoluíram do tipo “Demoiselle” 1907-1909, de Santos Dumont, o qual, por sua vez, evoluiu do 14-bis. E o 14-bis? Esse, conforme atrás se disse, evoluiu do papagaio celular de Hargrave, que se inspirou no papagaio de brinquedo das crianças.

Continua

GONDIN DA FONSECA

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