GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
MARTINS
JÚNIOR – PARTE – 06
Sobre a
memória de Tiradentes caiu quase um século de silêncio. Pouco se
falava no mártir mineiro, pois que os escritores palacianos, na sua
maioria, não queriam lembrar o ato de Maria I, bisavó de D. Pedro
II. Além do que, o alferes mineiro era republicano.
Dentre
os bem poucos que cantaram o herói da Revolução Mineira, está o
autor de estilhaços:
Somos teus filhos, Tiradentes!
Viemos
trazer-te um goivo e um pouco
de cipreste,
para que a voz do nosso amor
te ateste
que andamos inda a levantar,
nos cimos
da pobre pátria, – aquele
templo augusto
que tu sonhavas construir de
auroras!…
Estamos ainda trabalhando. O
adusto
sol do Equador bronzea-nos; as
horas
vão gotejando, uma por uma,
do astro
e
nós, enquanto nossos pais – os velhos,
ouvem do trono os pérfidos
conselhos,
vamos beijando o teu ciclópico
rastro!”
Os
ideais republicanos e abolicionistas aproximam Martins Júnior de
Clóvis Beviláqua, tornando-os grandes amigos, e com ele publica as
Vigílias Literárias. E, com João de Freitas e Clóvis, traduz o
livro de Jules Soury, Jesus e os Evangelhos, isto, porém, quando já
bacharéis, em 1886.
Cursando
a Faculdade, no período 1879-1883, o faz naquele momento histórico
que, nesta casa, já tive a oportunidade de examinar quando realizei
conferência subordinada ao tema Tobias Barreto – aspectos de uma
grande vida e que se encontra publicada na primeira série do livro
“Juristas Brasileiros”, edição do Instituto Histórico e
Geográfico de São Paulo.
Momento
de renovação, em que novas ideias alargam os horizontes do
pensamento humano. Do grande Tobias Barreto parte a clarinada
revolucionária.
Martins
Júnior, em 1883, esclarecia sua posição:
“Sou
ainda hoje o mesmo sectário convencido e entusiasta do grande
sistema filosófico arquitetado na França por Comte. Até hoje,
entretanto, não pude ainda substituir Littré por Laffitte, e
Wiroubouff pelo Dr. Ribenet. Quer isto dizer que, em face do
vertiginoso movimento científico da atualidade, faço-me com Roberty
em positivista independente, e escudado no fecundo princípio da
relatividade dos conhecimentos humanos, procuro agrupar ao redor da
Lei dos Três Estados e da Classificação hierárquica das ciências
todas as conquistas definitivas do evolucionismo spenceriano, do
transformismo darwínico, do monismo haekelista e do realismo
científico materialista”. E ainda: “Entendo que modernamente,
ela, a Poesia, deve ser científica debaixo deste ponto de vista,
deste modo: – Sentindo o influxo da concepção filosófica do
universo quem domina em seu tempo; enunciando as verdades gerais que
decorrem para a vida social dessa concepção; mas vestindo sempre os
seus ideais com as roupagens iriadas das faculdades imaginativas, e
nunca deixando de obedecer à emoção poética que dá nascimento à
obra de arte.
Continua
BRASIL
BANDECCHI
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