quarta-feira, 22 de abril de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 05.

Guerra Junqueiro

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
MARTINS JÚNIOR – PARTE – 05
Rangel Moreira testemunha:
“Era já um espírito de cultura apreciável, afeiçoado à investigação e a crítica, dirigido com firmeza por um caráter de dotes peregrinos. Daí a posição de realce que logo conseguiu no seio de seus colegas. As primeiras vitórias não perturbaram, entretanto, a serenidade e a modéstia de sua alma de eleito: serviram, apenas, para estimular as nobres virtudes do seu coração e as energias poderosas do seu talento. De 79 a 83 foi extraordinária a atividade intelectual de Martins Júnior. A Literatura e a Filosofia tiveram nele um estudante apaixonado e um divulgador de mérito; preocuparam-no, durante aquele quinquênio, importantes questões sociais e políticas, que analisou e discutiu com segurança, entusiasmo e brilho.
Abolicionista, republicano e livre-pensador, bateu-se ardorosamente pelos seus ideais, revelando-se em todas as situações um lutador fidalgo e destro”.
Quando estudante de Direito, publicou dois livros de versos: Estilhaços e Visões de Hoje, e, ainda, o “escorço de um livro futuro” sob o título de Poesia Científica.
As poesias de Estilhaços foram escritas no período que vai de 1877 a 1882, e, como o nome indica, são agressivas. Nota-se, em boa parte de sua obra poética, a influência de Guerra Junqueiro:

“O sol rompeu agora as névoas do oriente.
Formoso, sensual, ciclópico, esplendente,
num raio seu dourou as cúpulas do espaço
que alveja como o linho e fulge como o aço!”

Foi um ardoroso positivista e, no soneto que citarei a seguir, aparece o discípulo de Augusto Comte, revolucionariamente:

“Podeis abrir no espaço as bocas estridentes
ó torvas criações da vesga Teologia!
Mas antes aprendei: A evolução sombria
matou no santo hastil a escura flor dos crentes!

Não vingam doravante as pútridas sementes
os germens que alentais no pó da sacristia.
O tempo – a grande mó – na eterna romaria
ensandeceu a terra aos gritos dos videntes…

Debalde, pois marchais por entre o nebuloso,
buscando o vosso Olimpo anêmico, ocioso,
oculto pelo azul do plácido horizonte.

Debalde! Pois que mesmo o vão Metafisismo
envergou a libré sem cor do anaironismo,
quando, bela, surgiu a Lei de Augusto Comte!”.

Continua
BRASIL BANDECCHI

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