segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Boas Festas.


BOAS FESTAS 

Bondade excessiva em nossos corações,
Ordenados somente ao bem querer,
Amarmos sempre ao nosso próximo,
Sentimentos que todos devemos ter.

Feliz Natal é o que desejo para todos
E um Ano Novo melhor que os demais,
São os meus dedicados e humildes votos.
Torcendo para que além de muita paz,
Alegria e amor, tenham alimentos fartos,
Saúde e felicidade, que a todos apraz.

MEUS QUERIDOS AMIGOS !

Mais um Natal chegando e mais um ano se findando e, como sempre, mantenho a esperança do dever cumprido neste 2017, quando tentei de todas as formas agradar com as baboseiras que escrevi e postei

Hoje iniciarei uma pequena pausa para descansar um pouco, concatenar as ideias, analisar os erros e os acertos, e dar uma arrumadinha no nosso humilde espaço, prometendo, com a graça de “DEUS”, retornar em fevereiro para dar continuidade às atividades e retribuir às honrosas visitas, pois quem visita quer ser visitado.

Aproveito a oportunidade para apresentar as minhas desculpas àqueles que, de alguma forma não agradei com o meu trabalho, e agradecer a todos indistintamente, amigos(as) e seguidores(as), pelo carinho, compreensão e, principalmente, pelo grande apoio que é importantíssimo neste mundo virtual, com a esperança de no próximo 2018, continuar sendo merecedor dessas ímpares e valiosas companhias.

Muito obrigado de coração.

“QUE 'DEUS' SEJA LOUVADO”

Rosemildo Sales Furtado

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 04.

Proclamação da República

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 04.
Rui Barbosa – como vemos – previa um novo tipo de propriedade no campo e, ao mesmo tempo, reivindicava uma política assistencial mais eficaz ao operário urbano, um e outro – camponês e operário – recrutados entre aqueles que antes eram escravos e, após a abolição, por aquela “ironia atroz”, viam-se quase tão desprotegidos como antes. Por este motivo afirma com carradas de razão João Mangabeira que “cinquenta e cinco anos se passaram sobre esse programa e a propriedade continua enfeudada, na mais reacionária, iníqua e estúpida de suas formas – na enfiteuse, instituto de Direito romano, expandido sobre o domínio feudal. Forma parasitária da propriedade pela qual o landlord usufrui e dissipa, nas cidades o foro que lhe paga o camponês, na dura labuta de todos os dias, curvado sobre a terra áspera, mãe comum de todos os homens”.
Terminada a sua atividade de abolicionista, em 1888, embora sem ter sido aquele o abolicionismo pelo qual combatera, Rui Barbosa entra na segunda fase de sua vida: a de estadista da República.
Proclamada em 1889 a República, por Deodoro – Rui estava, então, com quarenta anos – é indicado para desempenhar os cargos de Vice-Presidente do Governo Provisório e Ministro da Fazenda. Organizou praticamente sozinho tudo o que era necessário para dar roupagem jurídica ao novo estado. Principal autor das leis fundamentais desse período deve-se a ele, inclusive, o decreto que separou a Igreja Católica do Estado. Elabora, também, o projeto de Constituição, defendendo-o, artigo por artigo, perante o governo provisório, projeto que se transformou na primeira constituição republicana, em 24 de janeiro de 1891.
Como Ministro da Fazenda a sua atividade foi também dinâmica e positiva. Reforma repartições subordinadas ao seu ministério, despacha diariamente, encaminhando dezenas de processos atrasados e apresenta uma exposição valiosíssima sobre a reforma tributária. Elabora o decreto depois promulgado sobre o critério móvel à lavoura e indústria , outro sobre hipoteca, além do que regulamentava o funcionamento das sociedade anônimas. Cumpria-se, assim, a profecia de Pedro II quando, ao embarcar para o exílio, declarara a Ferreira Viana: “Nas trevas que caíram sobre o Brasil, a única luz que alumia no fundo da nave, é o talento de Rui Barbosa.”
Continua…
CLÓVIS MOURA


quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 03.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 03.
Mas, a clarividência de Rui Barbosa, na questão da extinção do trabalho servil, ia além da simples substituição de uma forma de trabalho por outra. Ele sentia que havia necessidade de uma reforma muito mais profunda na estrutura da nossa sociedade, sem o que a abolição seria apenas um passo a mais, porém não o definitivo. Arguia com veemência: “abolicionismo é reforma sobre reforma; abolicionismo é reconstituição fundamental da pátria; abolicionismo é organização radical do futuro; abolicionismo é renascimento nacional. Não se há de indicar por uma sepultura com uma inscrição tumular, mas por um berço com um horóscopo de luta.”
Contra essa abolição sem reformas sociais capazes de transformá-la em um veículo de progresso da nossa estrutura social profligava, ainda, ao afirmar que após a extinção do labor escravo devia ser instituída “a liberdade religiosa, a democratização do voto, a desoligarquização do senado, o desinfeudalismo e a federação.
Era a previsão de um homem que antevia a necessidade de uma modificação nas relações de propriedade no campo, a fim de que a massa egressa das senzalas pudesse se enquadrar em um tipo novo de produção e não ficar como borra, elemento marginal, econômica, cultural e socialmente.
Depois de extinto o trabalho servil, Rui Barbosa volta à carga, denunciando a forma atabalhoada e compromissada como fora feita a abolição. Dizia: “estava liberto o primitivo operariado brasileiro, aquele a quem se devia a criação da nossa primeira riqueza nacional. Terminava o martírio em que os obreiros dessa construção haviam deixado, não só o suar do seu rosto e os dias de sua vida, mas todos os direitos da sua humanidade, contados e pagos em opróbrios, torturas e agonias. Era uma raça que a legalidade nacional estragara. Cumpria às leis nacionais acudir-lhe na degradação, em que tendia a ser consumida, a se extinguir, se lhe não valesse. Valeram-lhe? Não. Deixaram-na estiolar nas senzalas de onde se aumentara o interesse dos senhores pela sua antiga mercadoria, pelo seu gado humano de outrora. Executada, assim, a abolição era uma ironia atroz. Era uma segunda emancipação o que teria de empreender, se o abolicionismo houvera sobrevivido à sua obra, para batizar a raça libertadora nas fontes de civilização.” E concluía: “Evidentemente, senhores, as duas situações distam imenso uma da outra. Entre a posição do trabalhador e a do escravo não ha nada substancialmen
a antiga mercadoria, pelo seu gado humano de outrora. Executada, assim, a abolição era uma ironia atroz. Era uma segunda emancipação o que teria de empreender, se o abolicionismo houvera sobrevivido à sua obra, para batizar a raça libertadora nas fontes de civilização.” E concluía: “Evidentemente, senhores, as duas situações distam imenso uma da outra. Entre a posição do trabalhador e a do escravo não ha nada substancialmente comum. Mas uma relação de analogia as subordina à mesma ordem moral de ideias. A ambas interessa o trabalho: a primeira nas liberdades elementares e do cidadão, a segunda na independência econômica do trabalhador.”
Continua…
CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 02.

Castro Alves

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 02.
Desta posição não se afastou nunca. Depois de várias manifestações contra a escravidão, Rui Barbosa tem oportunidade de definir-se publicamente, desta vez na Bahia, sendo já advogado conhecido e jornalista, em 1881, no decenário da morte de Castro Alves. Transforma a solenidade que seria meramente literária em uma verdadeira manifestação antiescravista. A pregação abolicionista ganhou novo alento com essa conferência, um dos pontos altos de sua vasta e erudita obra. Depois de chamar Castro Alves de nosso poeta nacional, Rui o define como o poeta que “canta, batalha e vaticina”. Não para mais na militância abolicionista. Quando se candidata, novamente, no mesmo ano, à renovação do seu mandato de deputado, inscreve no seu programa a abolição do trabalho escravo no Brasil.
Depois, quando Souza Dantas é chamado ao poder e inscreve no seu programa de governo e extinção gradativa da escravidão, Rui Barbosa é convidado a colaborar com o gabinete.
“Em 1884 – escreve Astrojildo Pereira – constituído o gabinete a seis de julho, sob a presidência do seu chefe e amigo Souza Dantas, a Rui Barbosa caberia a tarefa principal na reforma projetada redimir o projeto que seria apresentado à Câmara em nome do governo, elaborar o parecer a cerca do projeto, em nome das comissões de orçamento e justiça civil, e, ainda, no parlamento e na imprensa, meses a fio, defender e sustentar a política antiescravista do ministério”.
O trabalho elaborado por Rui Barbosa, no curto espaço de dezenove dias, constante de quase duzentas páginas do seu próprio punho – ainda é Astrojildo Pereira quem dispõe – “é prodigioso”. Rebate ali todos os possíveis sofismas dos escravistas, produzindo uma peça lapidar. Sofismas como o de José de Alencar que propunha fosse a abolição precedida de uma campanha educativa entre os cativos; sofismas como o de Araújo Lima que propunha a necessidade de serem realizados estudos detalhados antes da emancipação. A todos Rui Barbosa rebate. E vence.
Continua…
CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Grandes vultos: Rui Barbosa - Parte 01.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
RUI BARBOSA – PARTE 01.
“Com a Lei, pela Lei e dentro da Lei;
porque fora da Lei não há salvação”
Um dos mais eminentes biógrafos de Rui Barbosa – João Mangabeira – chamou-o de Estadista da República. De fato: a atuação do grande tribuno baiano na obra da consolidação das instituições republicanas, quer como legislador e jurista, quer como ministro de Estado, bastaria para consagrá-lo. Mas, devemos destacar, igualmente, para que o retrato não fique incompleto, a sua atuação como abolicionista, ação que precedeu à de republicano e como que desabrochou com as suas primeiras manifestações de vida pública.
Nascido de uma família de tradição liberal, tendo o seu pai João José Barbosa de Oliveira, advogado dos inconfidentes baianos de 1798, Rui Barbosa, muito cedo, foi solicitado para a vida pública. Amigo dos livros, devorador incansável de obras, sempre soube ligar a sua erudição prodigiosa à ação política. Aluno de Carneiro Ribeiro, aprendeu com o mestre a amar a língua, colaborando em jornais estudantis. Preparava-se, através de um aprendizado sôfrego e inquieto, para as primeiras liças. Ao matricular-se aos 12 de março de 1886, na faculdade de Direito do Recife, era um abolicionista convicto. Simples calouros, já pertencia a uma sociedade abolicionista fundada por Castro Alves, Augusto Guimarães, Plínio de Lima e outros.
Já em São Paulo toma posição pública pela manumissão dos escravos. Propunha, em 1886, à uma loja maçônica, da qual era orador oficial, que o ventre das escravas pertencentes aos seus membros fosse considerado livre. E propunha mais: que esta obrigação fizesse parte dos requisitos indispensáveis à admissão dos associados.
Ainda em São Paulo realiza conferências e publica artigos no Radical Paulistano contra a continuação em nosso país do trabalho servil.
Continua…
CLÓVIS MOURA

quarta-feira, 18 de outubro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 05.

Lord Landsdowne

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 05
Essa questão dos limites com as Guianas, absorveu a maior parte do seu tempo, com estudos históricos e geográficos, para demonstrar as razões que tinha o Brasil a respeito. Por ordem do governo, aceita assinar com Lord Landsdowne, em 1901, um tratado em que as duas partes conflitantes, Inglaterra e Brasil aceitavam a solução de um árbitro, o rei da Itália, Vitor Emanuel III.
Para acompanhar o processo de que era advogado, transfere-se para Roma, nunca cessando de conseguir novos elementos para apoiar a tese brasileira. Por fim o laudo, em 1904: o território seria dividido ao meio, entre os dois países.
Muito embora o ministro e o governo brasileiro, considerassem o laudo uma derrota para o Brasil, mas reconhecendo os seus esforços, pois foram dois ou três anos de árduo trabalho, Nabuco é nomeado, no ano seguinte, embaixador em Washington. Volta ao Rio de Janeiro pela última vez, em 1905, para presidir a II Conferência Pan-Americana, juntamente com Elihu Root, secretário de Estado norte-americano, iniciando-se uma nova era nas relações diplomáticas e comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos.
Morreu em 1910, a 17 de janeiro longe de sua pátria, à qual havia tão bem servido. Em seus últimos anos, havia se voltado à leitura dos clássicos gregos. A surdez, de que havia sido acometido, em virtude de um resfriado, o isolava de certo modo do mundo em que vivia e se voltava assim aos mortos.
Seu corpo foi trasladado para o Brasil. Em Recife, seus funerais foram de um herói nacional e no cortejo se destacavam os negros e ex-escravos, pelos quais tanto havia lutado.
Foi casado com uma moça da nobreza açucareira do estado do Rio de Janeiro, Evelina. Teve o casal cinco filhos, entre os quais Carolina, escritora, autora de um livro sobre seu pai, A Vida de Joaquim Nabuco.
Além dos livros citados escreveu ainda: Pensées Detachés, em francês; A Intervenção Estrangeira durante a Revolta de 1893, Balmaceda, uma biografia do grande político e reformador, Camões e Assuntos Americanos, conferências realizadas em universidades americanas, traduzidas do inglês por sua filha Carolina, Campanha Abolicionista em Recife em 1884; e finalmente O Direito do Brasil, Memoria sobre a questão dos limites com a Guiana inglesa.
LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 04.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

JOAQUIM NABUCO – PARTE 04

Após os acontecimentos de 1893, a revolta da esquadra contra Floriano, os monarquistas remanescentes, os que não haviam aderido à república, foram acusados de ter inspirado o movimento e mesmo de lhe haver prestado apoio. Dizia-se que a revolta tinha por objetivo a restauração da monarquia. Os monarquistas se reuniram por várias vezes para discutir a atitude que iriam tomar. Como na realidade estavam livres de culpa, afastados da política, e nem mesmo pensavam na restauração, decidiram lançar uma espécie de proclamação em que manifestavam sua completa inocência no caso. Nabuco foi encarregado de redigir o documento.

Todavia, na hora de assinar aquela proclamação, não permitiram que Nabuco o assinasse: a assinatura estava reservada “aos grandes” da monarquia, os que haviam ocupado cargos de relevo na administração e na política, ex-ministros e outras, o que muito aborreceu Nabuco. Sua situação não era nada invejável. Suspeito aos republicanos, desprezado pelos seus próprios correligionários, e ainda, empobrecido, pois perdera quase toda a sua fortuna em suas tentativas de estabilizar sua situação financeira, passou vários anos sem se decidir sobre o seu destino. Era sua intenção dedicar-se a algum negócio, talvez voltar à lavoura que tinha sido a base econômica de sua família. Amigos lhe sugeriram que se dedicasse à plantação de café que estava tornando ricos inúmeros fazendeiros. Sonhava ao mesmo tempo em regressar à Europa, onde havia passado anos felizes, mas sua fortuna não lhe permitia esse luxo.

Mas havia uma forte pressão de seus amigos, no sentido de se reconciliar com a república e aceitar um emprego do novo governo republicano. Durante muito tempo recusou, por solidariedade aos seus correligionários e mesmo ao imperador deposto e, além disso, não acreditava na república.

Mas ao fim de algum tempo não resistiu ao convite que lhe havia sido feito pelo presidente Campos Sales de voltar à diplomacia: seria advogado do Brasil na questão de limites com a Guiana Inglesa.

Assim, após dez anos de afastamento da vida política, decide aceitar o convite, ainda que os seus antigos correligionários “torcessem o nariz” e lhe dessem as costas, como se se tivesse vendido. Foi assim nomeado, em 1900, ministro em Londres, voltando às lides diplomáticas.

Continua

LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 03.

Princesa Isabel

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 03
Retorna ao Brasil em 1884, depois de haver recusado o cargo de diretor da Biblioteca Nacional. Prefere a atividade política. Na ocasião, discutia-se no Brasil a Lei dos Sexagenários, libertação dos escravos maiores de sessenta anos e Nabuco se inscreve como candidato a deputado por Pernambuco, no 1º Distrito (Recife). Perde a eleição por poucos votos. Mas surge outra oportunidade, em segundo escrutínio, no quarto Distrito (Nazaré). Os demais candidatos desistem e Nabuco é eleito espetacularmente (1885).
Sem abandonar a campanha pela abolição, como deputado e como presidente da Sociedade Brasileira contra a Escravidão, Nabuco ergue ainda a bandeira da federação que, vencedora, teria prolongado ainda por muitos anos a monarquia. Mas os liberais não iam tão longe. Os conservadores é que estavam facilitando a ideia da abolição. Em 1888 apoia o gabinete conservador de João Alfredo, que apresenta o projeto de emancipação imediata sem indenização.
Escrevendo em O Paiz, órgão republicano, embora ele não o fosse, advoga a ideia de uma monarquia federativa e popular sob a regência da Princesa Isabel. (Imperador se achava na Europa, em tratamento de saúde).
Mas veio a República, no ano seguinte, e ele decide abandonar a atividade política. Não apreciava a República: “Meus sentimentos são republicanos, disse ele, certa vez, mas não se deve tomar como república, as formas pobres de governo assim chamadas através da América”. Referia-se à sucessão de golpes militares e ditadores que arruinavam as pobres repúblicas americanas, dos quais a monarquia havia livrado o Brasil.
Durante dez anos se manteve alheio aos acontecimentos políticos que agitavam o país, recusando participar deles. Já estava casado (casou-se em 1889 no mesmo ano em que caia a República) e decidiu dedicar-se a escrever. É então que escreve Um Estadista do Império, que é uma biografia do seu pai, o senador Nabuco, na qual esboça um panorama da vida monárquica, (1898-1899) e Minha Formação, um dos mais belos livros, pela singeleza do estilo, já escritos no Brasil, inspirado possivelmente por Renan, o historiador e filósofo francês do qual foi amigo e admirador e autor do livro Souvenirs d’Enfance et de Jeunesse.
Continua
LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 02.

Barão de Vila Bela

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 02
De volta a Recife, com a ascensão do Partido Liberal, consegue, com ajuda do Barão de Vila Bela, Domingos de Souza Leão, um dos chefes do Partido, eleger-se deputado às cortes, em 1879. Na Câmara seus discursos, sua posição política, logo o fazem destacar-se como homem brilhante mas perigoso: defendia a eleição direta, a presença de acatólicos no Parlamento e, sobretudo, a abolição. Nesse tempo o problema dos escravos já se havia tornado maduro, ou, pelo menos estava amadurecendo, mas poucos parlamentares tinham a necessária coragem para dar ao movimento que se iniciava o vigoroso impulso e o apoio parlamentar de que ele precisava. Entre os partidários dos escravos havia os emancipadores e os abolicionistas, os primeiros desejavam a abolição com indenização, e os segundos , a abolição imediata sem indenização. Joaquim Nabuco, pela sua atividade, inscreveu-se entre estes últimos.
Participou dos trabalhos parlamentares até extinguir-se o seu mandato, em 1881, e nas eleições seguintes, em virtude dessa mesma atividade abolicionista, foi excluído da chapa dos representantes de Pernambuco. Candidata-se pelo Município Neutro, mas não consegue ser eleito. Decide então exilar-se por algum tempo na Europa, fixando sua residência em Londres, para revisar suas próprias ideias, e escreve (1883) o Abolicionismo, que é, sobretudo um libelo contra a classe dominante, pela sua atitude perante o problema da escravidão. E soube, ao contrário dos românticos do abolicionismo, ligar o problema escravo ao problema da própria nacionalidade e dos interesses econômicos brasileiros, pois ao mesmo tempo em que lutava pela abolição, lutava para que se dessem terras aos futuros emancipados e pela “reforma agrária”, expressão que seria o primeiro a usar no Brasil. Era o que ele classificava de “democratização da terra”.
Na Inglaterra esteve sempre em contato com a Anti-Slavery Society, que o enviou como seu delegado ao Congresso para a Reforma dos Direitos das Gentes, em Milão, em1883.
Continua
LEONCIO BASBAUM
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quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Grandes vultos: Joaquim Nabuco - Parte 01.

Joaquim Nabuco


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
JOAQUIM NABUCO – PARTE 01
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo, por sua educação e maneiras, como por sua bela figura de homem, era, um gentleman, um aristocrata, e ao mesmo tempo uma das mais brilhantes inteligências da época, em que não faltaram homens de brilho. E, embora um aristocrata, membro de uma classe que dirigia os destinos do Brasil, a aristocracia açucareira em decadência, os barões do açúcar, nenhum como ele teve a visão de um Brasil livre e progressista e pela qual lutou, nos limites das suas possibilidades, num meio que, se não lhe era francamente hostil, era sem dúvidas de uma criminosa indiferença , pela solução dos reais problemas brasileiros da época.
Joaquim Nabuco, diplomata, escritor, parlamentar, nasceu a 19 de agosto de 1849 em Recife, quarto filho de um senador do Império, José Tomaz Nabuco de Araújo. Mas foi educado por seus padrinhos, Joaquim Aurélio de Carvalho e D. Ana Rosa Falcão de Carvalho, senhores de engenho – o engenho Massangana, que se tornou conhecido através de Minha Formação, livro em que esboça uma autobiografia, falando dos seus primeiros anos.
Com o falecimento de sua madrinha, em 1857, foi enviado para o Rio de Janeiro, onde viviam seus pais. Ingressou na Faculdade de Direito de São Paulo, onde teve como colegas a Castro Alves e Rui Barbosa, além de outros nomes que se tornariam em breve figuras eminentes da nossa história. Em São Paulo fez os três primeiros anos, regressando a Recife, onde se formou em 1870.
Ainda estudante, sentia o Problema dos escravos, no meio dos quais, aliás, passara parte de sua infância, defendendo no juri um escravo que assassinara o senhor, por ter sido açoitado em público. Mais tarde tornou-se líder do abolicionismo. E, ao mesmo tempo, suspeito aos senhores de engenho, que tentaram desviá-lo da luta política. Pela mão de seu pai ingressou na diplomacia como adido em Washington. Mas, na realidade, estimulado pela sua curiosidade e pela ânsia de viver, percorreu grande parte dos Estados Unidos, fazendo vida de jovem rico, preocupando-se com a beleza e os encantos da vida descuidada.
Continua
LEONCIO BASBAUM

quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Grandes vultos: Floriano Peixoto - Parte 08.

Benjamim Constant

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

FLORIANO PEIXOTO – PARTE 08

Assim como todas as potências europeias foram unânimes em acompanhar a Inglaterra e impediram a frota rebelde de bombardear o Rio, só podemos presumir que sigam ela a mesma política da Inglaterra. Desejamos, portanto, que V. Excia. use de toda a influência junto ao vosso Governo e que o mesmo ouça de vós que a questão está encerrada pela partida dos navios portugueses com os rebeldes a bordo. Tomamos a liberdade de assim telegrafar a V. Excia. porque a questão é da maior importância e se não for encerrada brevemente no sentido indicado, poderá trazer as mais sérias complicações.”

Felisberto mostrou o telegrama a Floriano. Floriano leu-o em silêncio. Depois sorriu.

– Não responda.

– Nem acusando o recebimento?

– Nem isso.

Homem feroz, o Major, ao resguardo da sua dignidade e da dignidade do Brasil. A 18 de novembro de 1889, Benjamim Constant, que fora seu professor, mandou-lhe um retrato com a seguinte dedicatória: “Ao prestigioso e distintíssimo General Floriano Vieira Peixoto, que no dia 15 de novembro conquistou por seu corretíssimo e patriótico procediment  o, novo e imorredouro título à alta estima do exército e as bênçãos da Pátria, oferece, como uma justa homenagem às suas belas virtudes e inexcedível valor militar, o amigo e admirador Benj  amim Constant Botelho de Magalhães”.

De fato, sem Floriano não haveria República. Haveria o caos. Esfacelar-se-ia o Brasil. Ele não foi apenas grande militar: foi um diplomata habilíssimo, um administrador civil sem paralelo e o maior estadista da nossa Pátria depois de D. Pedro II. Acabou-se no governo. Saiu para morrer.

Só de me lembrar dele eu me comovo. Nasci, criei-me e cresci admirando-o. Viva Floriano!

GONDIN DA FONSECA

quarta-feira, 26 de julho de 2017

Grandes vultos: Floriano Peixoto - Parte 07.

Eduardo VII

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
FLORIANO PEIXOTO – PARTE 07
No começo da revolta da Armada ninguém ousava crer na vitória de Floriano, salvo o próprio Floriano – conforme atrás ficou dito. Era, então, nosso ministro em Londres, Sousa Corrêa, íntimo do príncipe de Gales, o futuro Eduardo VII. Judeu por parte de mãe, Sousa Corrêa dava-se muito com os Rotschild. No dia 25 de novembro de 1893, mandou Floriano o seguinte telegrama:
“Hoje Rotschild informa confidencialmente Estados Unidos dispostos oferecer bons oficios ao Governo caso V. Excia. autorize me declarar a Rotschild que Governo aceita mediação americana. Posso acreditar Rotschild poderão conseguir oferta positiva indecorosa por motivos expostos meu telegrama ministro Fazenda quatro novembro. Seria garantia segura manter no futuro instituições constitucionais. Caso Governo possa vencer breve, mediação seria desprezada. Vitoria completa Governo, se demorada, importará sempre pesados sacrifícios no porvir, grandes ódios no país, profunda dissenção entre Exército e Marinha. Rogo V. Excia. digne-se responder com possível brevidade.”
Floriano respondeu secamente:
“O Governo do Brasil não entretém relações com os srs. N. M. Rotschild & Sons senão como devedor em face de credores”
Nada mais. Nem muito obrigado pelas suas boas intenções, nem cumprimentos cordiais – nada. Sousa Corrêa esfriou.
Após a capitulação de Saldanha da Gama e Custódio José de Melo, os Rotschild voltaram à carga telegrafando ao ministro da Fazenda (Felisberto Freire):
“Sabemos que os oficiais rebeldes, tendo tomado refúgio a bordo dos navios de guerra portugueses, o governo brasileiro está desejoso de que o governo   inglês, de acordo com os outros governos europeus, use de sua influência em Lisboa para entrega dos ditos rebeldes. Nestas circunstâncias esperamos ter o direito de dizer a V. Excia. e ao Presidente da Eduardo VIIRepública Brasileira que a esquadra inglesa nunca entregaria refugiados, uma vez abrigados nos navios de S.M. E temos muita razão para acreditar, portanto, que o governo inglês não só não queira aconselhar Portugal a agir de modo diverso como venha a sustentá-lo em sua recusa em entregá-los.
Continua

 
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