HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA –
PARTE 18
No Brasil, também podemos
citar aspectos influentes em relação ao Realismo-Naturalismo: 1) na
poesia, denominada condoreira, de Castro Alves sobretudo, há fortes
indícios de uma arte que se aproxima, de uma nova estética; 2) na
Escola de Recife (de 1870 em diante), na qual Tobias Barreto foi a
maior figura, o Positivismo e o Transformismo eram estudados e
divulgados. Essa Escola trouxe à Literatura Brasileira uma feição
crítica, que correspondia, disciplinarmente, à observação do
romance naturalista ou experimental e do romance realista; 3) no
próprio romance romântico de Taunay e de Franklin Távora há um
verismo nos acontecimentos, nos seres e nas coisas, o que já é um
prenúncio do Realismo-Naturalismo. Na obra inicial de Machado de
Assis veem-se, a par de valores românticos, valores que, por sua
penetração e objetividade, se opõem aos primeiros, e fazem do
autor de Quincas Borba uma figura de transição. Interpenetradas,
aqui, no Brasil, as duas direções estéticas, ainda assim se
encontram, em nossa literatura, as obras essencialmente naturalistas
e as obras essencialmente realistas. Das primeiras, citem-se: O
Missionário (Inglês de Sousa), A Carne (Júlio Ribeiro), O Bom
Crioulo (Adolfo Caminha), O Cortiço (Aluísio Azevedo). Das
segundas: os romances da última fase de Machado de Assis (Memórias
Póstumas de Brás Cubas, Dom Casmurro, Quincas Borba, Memorial de
Aires) e O Ateneu, de Raul Pompéia, com alguns aspectos também
naturalistas.
Aluísio Azevedo |
De
todos esses autores avulta Machado de Assis: tao grande contista quão
grande romancista – nele, a literatura toma não só aspectos
humanos, mas também problemáticos. Para Machado de Assis a alma
humana não tinha segredos e, intuí-la, para uma revelação
contínua dos seus valores, de suas grandezas e de suas misérias –
era um hábito nesse escritor, duplo de filósofo e de artista, que
duvidava sem escarnecer, que julgava sem humilhar. Sua galeria, tanto
a dos seus romances, quanto a dos seus contos, é de caracteres, de
seres enriquecidos pelos valores do seu tempo interior, mas presos a
uma inquietação constante, ao tédio irreversível, a inúmeras
frustrações. Servido por uma prosa que domina todo o setor
idiomático, pela clareza e pelo casticismo da linguagem, Machado de
Assis é um clássico. Humorista, nada lhe escapa à análise,
irremediável sonda de aprofundamento no mistério que envolve os
seres e a vida. Há, ainda, obrigatoriedade nas menções a Aluísio
Azevedo e a Raul Pompéia. O Cortiço, protótipo do romance
naturalista, trouxe à nossa literatura o talento criador de Aluísio
na arte de ativar caracteres e tipos, enfim uma humanidade sem
remissão, afundada nas suas próprias misérias e nos seus próprios
problemas, e, o que é pior, incapaz de uma libertação. Em O
Ateneu, o problema da adolescência, representado no menino Sérgio,
faz desse romance uma obra de inconfundível originalidade, a tal
ponto consciente, que raríssimas literaturas podem suscitar
romancistas que entendam a mente infantil, como Raul Pompéia! A par
disso, a prosa em que se tornaram mestres: a de Aluísio, precisa,
disciplinada significativamente pelas próprias teses que o escritor
punha em termos de criação; a de Pompéia, artística,
impressionista, cheia de sutilezas expressivas em sua estrutura.
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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5 comentários:
Mais uma parte da Literatura Mundial que gostei de ler.
Bjs Rosemildo.
Carmen Lúcia.
Mais um pedaço de conhecimento da literatura brasileira, de que eu conheço tão pouco. Acabei há dias de ler uma antologia de conto brasileiro.
Um abraço
Leitura que fiz na adolescência. Muito bom!
Furtado, obrigada pela partilha.
Importantíssima a divulgação da nossa literatura de todas as épocas.
Beijo, amigo, desejo saúde e paz!
Novo formato para os comentários, só que agora não temos acesso, não visualizamos a postagem original. Com a janelinha, chamada pop-up, conseguíamos ir seguindo o texto, mas agora se torna um pouco mais difícil.
Não tem sido nada fácil aceder e sobretudo permanecer no seu blog, embora tenha feito já várias tentativas. Qdo inicio o comentário, sou levada pra outra página com publicidade. Fecho essa página e tento voltar ao seu blog, e de novo lá vem outra página com publicidade diferente me convidando a ganhar isso e aquilo. Eu não sei por que está isto sucedendo agora com tanta frequência. De vez em qdo isso acontecia comigo nesse blog, me queriam "oferecer" dinheiro SE... Pois, mas eu vou tendo dinheiro que vai dando pra viver, portanto, não preciso de mais.
Passemos, então, à postagem, que está muito explícita e comple
Vamos ver se consigo concluir meu comentário, dessa vez.
Condoreirismo ou Condorismo- é uma das partes da escola da poesia brasileira, mais propriamente a 3ª. Esta corrente de pensamento preconizava justiça e igualdade de direitos.
Deve o seu nome à ave condor, que significava voo alto e livre.
Aluísio Azevedo- Nasceu no Brasil em meados do século XIX e faleceu no século XX na Argentina, Buenos Aires, mais propriamente. Era filho de pai português e mãe brasileira.
Foi dramaturgo, cronista, contista, escritor, poeta, jornalista, etc. Cedo perdeu o pai e teve que deixar parte das suas atividades para sustentar a família.
Tinha um jeito especial para o desenho e ingressou em Belas Artes, que não chegou a concluir.
Viajou por vários países e acabou sendo cônsul na Argentina.
Beijos para todos.
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