quarta-feira, 25 de março de 2020

Grandes vultos: Martins Júnior - Parte 03.


Leopoldo Cirne
GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
MARTINS JÚNIOR – PARTE – 03
Ambas as propostas foram aprovadas.
O modesto e simples Martins Júnior recebeu, ao morrer, uma das maiores consagrações de que se tenha notícia em nossa terra. As manifestações de pesar foram amplas e profundas. Seu corpo, embalsamado, transportaram-no para o Recife, onde as homenagens se multiplicaram.
Artur Azevedo, o notável Artur Azevedo, que foi um dos bons e leais amigos de Martins Júnior, que lhe conhecera os momentos de angústia por que passara, e sentia o abandono em que o haviam deixado, escreveu uma quadra irônica, dura, dirigida aos responsáveis por tamanha ingratidão:
“Embalsamaram-no, coitado! …
Diz muita gente, compungida,
que o tinham já embalsamado
em vida ...”
Mas Artur Azevedo não fica nos versos e, no dia 30 de agosto, no dia seguinte, portanto, ao embarque do corpo de Martins Júnior para o Recife, publicou um artigo, uma das coisas mais sérias que se disse a respeito; e do qual destaco:
“Lá vai, caminho de Pernambuco, a bordo do Maranhão o corpo embalsamado de José Isidoro Martins Júnior.
Se lá no mundo dos espíritos o ardente republicano do norte puder assistir a esta espécie de apoteose feita aos seus despojos, ela deverá causar-lhe riso. …Hei de perguntar ao meu amigo Leopoldo Cirne, amicíssimo de Martins Júnior, espírita convicto e militante, se já recebeu alguma comunicação a esse respeito. Eu, por mim, ignoro se os espíritos riem; conto verificá-lo depois de morto, e, se o fenômeno realmente existe, prometo ser o mais hilariante dos defuntos.
Pernambuco que rejeitou aquele filho que o honrava tanto; Pernambuco que lhe amargurou os últimos dias, infligindo-lhe a mais injusta, a mais clamorosa das derrotas políticas, deve estar a estas horas dolorosamente arrependido de tanta ingratidão. Todas estas demonstrações de luto e de piedade não bastam para destruir o sentimento de remorso que lhe deve ter ficado… As honras conferidas ao morto, que nada sente, não apagam as lembranças das maldades feitas ao vivo, que sofria”.
Continua
BRASIL BANDECCHI 
 

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