Almirante Saldanha da Gama |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
FLORIANO
PEIXOTO – PARTE 04
O
Almirante Saldanha da Gama não era custodista. Mas detestava
Floriano. Detestava a República. E adorava a si próprio. Falava de
si na terceira pessoa, como se fosse uma Instituição: “O
Almirante Saldanha da Gama declara isto, O Almirante Saldanha da Gama
quer aquilo”.
Floriano
sabia-o muito prestigioso na Marinha de Guerra. A 28 de abril de 1892
convidou-o para vir ao Palácio Itamarati que era, então, a sede do
governo. Saldanha veio, acompanhado do guarda-marinha Rafael Brusque.
Ao recebê-lo à porta, o Coronel Alves, chefe da Casa Militar da
Presidência, disse-lhe amavelmente que não precisaria de vir
fardado, pois tratava-se de encontro particular com o Major.
– O
Almirante Saldanha da Gama – rugiu imediatamente a instituição –
não mantém negócios particulares com sua excelência o Senhor
Presidente da República e, portanto, só pode vir à sua presença
uniformizado segundo estipulam os regulamentos. Puf!
Floriano
recebe-o no salão de honra, de fraque e calça listrada. Não se
senta no sofá, mas numa poltrona. Indica o sofá ao visitante.
Impossível maior deferência.
A
Instituição alastra-se no sofá, não estranhando nada. Julga
naturais e justas todas as homenagens. Floriano toca em assuntos
reais. A Instituição ouve. Situação difícil. Por fim estoura:
– De
certo não foi para conversar banalidades que Vossa Excelência
chamou aqui o Almirante Saldanha da Gama. Pede-lhe o Almirante que
lhe diga o motivo da sua chamada.
Patrão
falando a lacaio.
Floriano
não se exalta. Sugere ao Coronel Alves que vá tomar qualquer coisa
com o guarda-marinha Rafael Brusque. O guarda-marinha olha para
Saldanha e fica firme. Floriano
roga a Saldanha que afaste o guarda-marinha. Quer falar-lhe a sós.
Saldanha, com um gesto, ordena ao guarda-marinha que se retire. Ufa!
Continua
GONDIN
DA FONSECA
Nenhum comentário:
Postar um comentário