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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Literatura Ocidental - Parte 53.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 53
LITERATURA ALEMÃ

O século XIX europeu poderia ser resumido pelo estudo dos seus três grandes pensadores: Karl Marx, Kierkergaard e Friedrick Nietzsche, todos com reconhecimento tardiamente alcançado. Na preparação do século XX a ação dos três é insuperável, mas, deve ser aqui destacado sobretudo a influência literária de Nietzsche (1844-1900). Dotado de original e potente visão revolucionária do mundo, Nietzsche opunha-se a todo pensamento dominante na vida cultural europeia e vivenciava a procura de uma síntese superior da serenidade grega e da inquietude,do elemento apolíneo através do qual se transcende o indivíduo para atingir a vida total e do elemento dionisíaco de realizar a plenitude de sua personalidade. São temas dominantes desta reformulação transcrita em prosa poética por Nietzsche: a transmutação dos valores, a luta contra a moral dos escravos e o estabelecimento de uma moral dos senhores, a decadência do estado ático a partir de Eurípedes e Sócrates, a exaltação da alma às custas do rebaixamento do corpo como contribuição cristã, a democracia como religião do sofrimento humano graças a uma moral de escravos, a criação do super-homem de vida dionisíaca e dotado de vontade de poder etc. O aparecimento de uma nova humanidade segundo as linhas da cosmovisão nietzscheniana serviriam, mais tarde, para as monstruosidades da época do nazismo hitleriano. Nietzsche é excelente na criação na criação poética e na maestria com que elabora aforismos, na multiplicidade de ritmos, na observação cuidadosa da vida interior, no lirismo e na fascinação de suas imagens. A música verbal de Nietzsche é encontrada em suas obras: “Also sprach Zarathustra”, sua obra-prima; “Lieder und Sprueche”, coleção de sua lírica; “Jenseits von Gut und Boese” “Der Wille zur Macht”; “Zur Genealogie der Moral”; “Antichrist”; “Menschliches”, “Alzumenschliches”, etc. Nietzsche anuncia o impressionalismo literário alemão.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, página 101.

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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Literatura Ocidental Parte - 52.


 
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 52
LITERATURA ALEMÃ

o realismo

As novas condições sócio-econômicas mundiais e alemãs após 1870, principalmente em suas consequências diretas de hipertrofia das grandes cidades em processo de industrialização e o agravamento das condições de vida do proletariado, ofereceram campo propício a uma tomada de consciência mais aguda dos grandes problemas sociais e individuais da humanidade e à sua expressão literária, principalmente determinada pelo materialismo e pelas doutrinas socialistas. Esta revolução literária centralizou-se,de maneira espacial, em Muenchen e Berlim. A influência francesa de Zola é introduzida principalmente através da revista “Die Gesellschaft “, já no ano de 1885, na cidade de Muenchen e, em Berlim, os irmãos Hart promovem a divulgação do credo naturalista com o lançamento dos folhetos “Kritische Waffengaenge”. Outra revista, “Revolution der Literatur”, serviu de órgão propagandístico à poesia e à crítica de formulação naturalista. No teatro, a aceitação do naturalismo foi auxiliada pela organização “Freie Buehne” que congregava críticos naturalistas berlinenses e que tinha como objetivo basilar a representação dos dramas dos chamados “Modernen”. Esta instituição fundou, para maior reforço à obtenção de seu objetivo, a revista “Neue Rundschau”. Em 1889, o dramaturgo Hauptmann estreia sua tragédia “Vor Sonnenaufgang”. As normas gerais do realismo consistiam na apresentação da realidade tal como aprendidas pelos sentidos; a reportagem quase fotográfica das manifestações que até então eram rejeitadas como grosseiras, instintivas ou mesmo asquerosas; e um desenvolvido senso do presente, além de uma acentuada preferência pelas transições das classes sociais da nova sociedade.
 
Gerhart Hauptmann
O romance é o gênero por excelência do naturalismo e abrange o estudo da pequena burguesia, com as obras do escritor Freytag (1816-1895); a pintura da vida privada e dos problemas conjugais, com o escritor Theodor Fontane (1819-1898); os dramas da resignação ambientados nas florestas da Boêmia pelo romancista Adalbert Stifter (1805-1868); o mar e o norte convertidos em linguagem poética por Theodor Storm (1817-1888), e as descrições do realismo regionalista, como as realizadas por Wilhelm Raabe (1831-1910) e por Gottfried Keller (1819-1890), o primeiro dedicando-se à região do Brunswick e o segundo à região de Zurique. Wilhelm Raab é, maliciosamente, definido pelo crítico e poeta Peter Hille como um moderno Jean-Paul e, na realidade, o pode ser por conseguir realizar o encontro entre a expressão artística e a sensibilidade popular; Gottfried Keller pode ser colocado entre os grandes narradores do século XIX com sua prosa impregnada de lirismo.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 99/100.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Literatura Ocidental - Parte - 51.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 51
LITERATURA ALEMÃ

Contista, também, é o romântico Clemens Brentano (1778-1842) com seu livro “História do bravo Kasperl e da linda Annerl”. Brentano é também autor do romance “Godwi” e das peças teatrais “Ponce de Leon”, “O romanceiro do Rosário” e “A fundação de Praga”. Outros autores românticos podem ser citados: Adalbert von Chamisso (1781-1838), autor de “Peter Schlemihl”; Friederich de la Motte-Fouqué, autor de “Odin”, nascido em 1777 e morto no ano de 1811; e o católico de preocupações sociais Joseph von Eichendorff (1788-1857), autor de lieds de magnífico estrato sonoro e sentimento profundo. No teatro, resta apresentar Zacharias Werner (1768-1823), autor da famosa tragédia ”s”, e Heinrich von Kleist (1777-1811), que além de dramaturgo de valor é poeta de magnífica temática da liberdade.
 Clemens Brentano

A placidez, a meditação e a sobriedade do romantismo “Bider-meier” têm sua expressão austríaca com Franz Grillparzer (1791-1872). Grillparzer representa a passagem do romantismo ao realismo por combinar as tendências primeiras co seu idealismo, suas análises psicológicas e sua temática às tendências do movimento seguinte com o realismo já presente em seus textos. Outro escritor romântico que avança a novas maneiras de expressão é Georg Buechner (1813-1837) anunciando a constituição do expressionismo e, em certa medida, algumas características kafkianas. Buechner é autor de “Dantons Tod”, ainda essencialmente “sturm und drang”; da primeira brochura socialista na Alemanha”, “Der hessische Landbote”, pré-marxista; da tragédia “Woyzeck”, com evidente sentido revolucionário do proletariado; e, finalmente, de poemas que transcrevem momentos existenciais sem limite.

Poetas românticos um tanto tardios são Nikolaus Lenau (Nikolaus Niembsch von Strehlenau – 1802-1850) autor de poesias líricas, e, principalmente, Heinrich Heine (1797-1856). Heine, cujos poemas foram considerados por Nietzsche como “música doce e apaixonada”, é por vezes considerado realista, mas, seu interior é nitidamente romântico. Em seu romanceiro há baladas trágicas e baladas irônicas, sendo Heine senhor absoluto do moderno recurso do “witty twist”, introdução final da ironia para a destruição do excessivo lírico e preservação da autenticidade de sentimentos. Permanentemente reconhecido em seu valor pelos leitores e críticos estrangeiros, Heine encontra certa dificuldade no reconhecimento em seu próprio país: durante o nazismo foi, inclusive, “cassado” das antologias poéticas... 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 98/99.

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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Literatura Ocidental - Parte 41.


 
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 41

LITERATURA NORTE-AMERICANA 
  Henry Miller é o escritor do lirismo erótico como justificativa e descoberta da existência pessoal. Sua obra – “Tropic of Cancer” e “Tropic of Capricorn”, principalmente – resume-se num longo e sincero monólogo de meditação sobre a vida.

Francis Scott Fitzgerald é o autor de “Tender is the Night”, “All the Sad Young Men”, “The Last Tycoon” e de “The Great Gatsby”, considerado a primeira realização significativa norte-americana na literatura posterior a Henry James, pelo crítico e poeta T.S. Eliot. Em seus romances Fitzgerald condena a nação americana por sua aridez e seus compatriotas típicos pelo ingênuo espírito de conquista através do saber, dinheiro e força – trilogia suficiente para a procurada obtenção da felicidade em estilo americano. “The Great Gatsby” – a história de um vitorioso contrabandista irremediavelmente preso ao encanto da moça fútil que conquistou durante a mocidade – alcança o nível supremo da tragédia.

Jhon Roderico Dos Passos é autor de “Manhattan Transfer”, em que o herói é a própria cidade de Nova Yorque, e de “USA”, que pretendia ser o romance dos país sem que o tenha conseguido, pois resume-se no retrato descritivo das vidas de “mortos tranquilos”. Dos Passos é também autor de “Orient Express”. Observa-se neste autor o pessimismo e a impessoalidade do estilo.

William Faulkner é o notável criador da saga de Yoknapatawpha, imaginário condado sulista. Faulkner eleva o romance policial ao nível trágico pelo predomínio do destino, do mal e do implacável. Em sua obra destacam-se “Sanctuary” e “The Sound and the Fury”, Yoknapatawpha é o microcosmo em que Faulkner analisa a decadência, a violência, a crueldade e as perversões da sociedade moderna.
Jhon Steinbeck é o autor de “The Grapes of Wrath”, “Tortilla Flat”, “To a God Unknown”, “In Dubious Battle”, “Of Mice and Men”, “East of Eden” e “Sweet Thursday. Seu maior romance continua sendo “The Grapes of Wrath”, magnífico romance naturalista e simbolista. Suas personagens são geralmente camponeses, crianças, velhos e deficientes mentais; seus temas desenvolvidos com maior grandiosidade são a opressão e a adversidade; seus interesses são as motivações básicas da conduta humana e a luta pela justiça social.
 
Citemos à margem da geração perdida, os romances de sensibilidade e de análises freudianas de Sherwood Anderson (1885-1941) e, principalmente seus contos, como “Winnesburg”, “Ohio”, “The Triunph of the Egg” e sua obra-prima “A Storyteller's Story”. Sherwood Anderson revela o nível profundo da personalidade de uma maneira excelente em seus contos e com deficiências estruturais em seus romances. O tema constante que desenvolve é o da incomunicabilidade humana.
No teatro aparecem Tennessee Williams (1914), Arthur Miller (1914 e, principalmente, Eugene O'Neill (1888-1953).
Arthur Miller é o dramaturgo de “Allmysons”, “Death of a Salesman”, “Crucuble” e “A view from the bridge”. Em “Death of a Salesman”, Miller estigmatiza os falsos valores da civilização americana; em “Crucible” realiza a parábola da moderna sociedade americana e do terrorismo cultural do neonazismo macartista através dos julgamentos das feiticeiras de Salém. Tennessee Williams é o autor que se inicia com “Glass menagerie” promessa possivelmente frustrada de uma grande dramaturgia posterior. Outras peças de Tennessee são: “Battle of Angels”, “27 Wagons full of cotton” (coleção), “American Blues” (também coleção), “A Street-Car named Desire” (prêmio Pulitzer em 1947), “Summer and Smoke”, “The Rose Tattoo”, “Camino Real”, “Cat on a Hot Tin Roof” etc.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 88/90.
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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 10.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 10

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Século XVIII

Literalmente considerado, o século do absolutismo francês pode ser definido como o período de lenta transformação do classicismo em neoclassicismo e na quase imperceptível preparação do romantismo. A primeira metade do século assinala o artificialismo aristocrático enquanto a segunda metade presencia a exploração ideológica do sentido inesperado e revolucionário representada por Rousseau.

O classicismo decadentista pode ser representado por Jean B. Rousseau (1670-1741), Le Franc de Pompignam (1709-1784) e, sobretudo, por Ponce-Denis Ecouchard Lebrun (Lebrun-Pindare – 1729-1807) literato desprovido de valor durável e mero versificador prosaico.

Corrente mais literalmente válida encontramos na continuação de Saint-Simon e Voltaire por escritores como Montesquieu (1689-1755), Alain-René Lesage (1668-1747) e Voltaire (1694-1778).

O barão de Montesquieu, cujo nome é Charles Viscondal, distingue-se pela gravidade, eloquência e concisão da linguagem. Em sua primeira obra, o barão de la Brède et Montesquieu sutilmente satiriza o cartesianismo e o Estado absolutista, a Igreja e a literatura da época; este importante livro de estreia chama-se “Lettres Persanes” e foi publicado em 1721. Em seguida, inicia a moderna ciência histórica com “Considérations sur les causes de la grandeur des Romains et leur décadence”. Veio depois sua obra-prima, “Esprit de lois”, na qual procura relações sociologicamente necessárias e com a qual, praticamente, inicia a sociologia moderna. Sua última obra é “Défense de l'esprit des lois” com a qual inscreve-se como precursor do enciclopedismo ao defender e divulgar o sistema constitucional proposto por Locke.

Alain-René Lesage, dramaturgo e romancista, acompanha a empresa de Montesquieu ao escrever “Lettres Persanes” como se estrangeiros satirizassem a sociedade clássica: Lesage escreve “Le Diable Boiteaux” (1707) que é também uma sátira a sociedade clássica vista por um espião ajudado pelo diabo. Satiriza ainda, os romances de análise abstrata que conquistavam a popularidade entre o grande público. Escreveu, além de “Le Diable Boiteaux”, os seguintes romances: “Guzman d'Alfarache”, “Le Bacholier de Salamanque”, “Vie et Aventures de M. de Beauchêne” e sua obra-prima “Gil Blas”. “Gil Blas” é um romance picaresco profundamente humano e que gozou de amplo prestígio em toda Europa chegando a influenciar o grande escritor inglês Fielding.

François Marie Arouet, Voltaire, representam o apogeu do Iluminismo na França, segundo o qual a razão e a experiência concreta são os necessários e únicos instrumentos de que dispõe o homem para o conhecimento e reformulação do mundo e este é regido exclusivamente por leis naturais. Tendo se dedicado a todos os gêneros literários, apresenta como obras principais: no teatro, as tragédias “Mérope” e “Zaire”; na ficção satírica, “L Ingénu” e “Candide”; na história, “Le Siècle de Louis XIV” e “Remarques sur les Moeurs”; na épica, “Henriade”; na crítica, “Remarques sur Les Pensées de M. Pascal”; finalmente, na correspondência familiar, cerca de doze mil e setenta cartas. O racionalista Voltaire combateu, corajosamente com imenso humor, a tirania e a intolerância no campo intelectual, politico e eclesiástico. Suas ideias revolucionárias causaram-lhe uma série de perseguições, tendo inclusive motivado sua prisão na Bastilha e sua fuga para a Inglaterra, mas, sua causa seria vitoriosa na Revolução Francesa. Em sua obra-prima, “Candide”, critica o otimismo de Leibnitz e amplia esta análise satírica à humanidade total através do dr Pangloss. Excelente na concisão de suas frases rápidas e na limpidez e vivacidade de estilo, foi poeta supremo principalmente nas sátiras, nos madrigais e nos epigramas.

Esta corrente de crítica moral, dirigida sobretudo aos costumes e às instituições, alcança seu ponto supremo com Diderot (1713-1784), Rousseau (1712-1778) e Helvétius (1715-1771).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 42/44. 

Hoje é dia do aniversário do Arte & Emoções!
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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 09.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 09

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Reunidos ao redor do abade de Saint-Cyran, diretor espiritual da abadia de Port-Royal, encontramos alguns do melhores escritores do século, como Racine e Blaise Pascal. A adesão do grupo de Port-Royal ao jansenismo ocorre e influencia os solitários port-royalistas. Jean Racine (1639-1699) adota como doutrina moral a doutrina jansenista segundo a qual as paixões dominam inevitavelmente ao homem por ser este essencialmente fraco. Na análise das situações cotidianas, Racine demonstra o poder superior da paixão amorosa, caracterizada por extrema dramaticidade revelada em múltiplas manifestações. Entre as produções de Racine que melhor apresentam o trágico humano devem ser destacadas: “Andromaque”, Athalie” e “Phèdre”, considerada sua obra-prima. Blaise Pascal (1623-1662), modernamente considerado precursor do existencialismo kierkegardiano, escreveu a coleção de cartas reunidas sob o moderno título de “Provinciales” e a apologia do cristianismo “Penseés”: a primeira pode ser considerada um dos clímax da prosa clássica francesa, a segunda é um dos monumentos literários de toda a literatura de seu país.

Pierre Corneira (1606-1684) é o dramaturgo do homem idealizado pela grandeza e pelo heroísmo expressos em estilo enérgico, embora, às vezes, retórico. Nas situações extraordinárias de suas peças há sempre o combate entre a virtude e uma paixão dominante, normalmente a ambição ou a vingança. Conexione escreveu a comédia “La Menteur” e as tragédias excelentes “Horace”, “Cinna” e “Polyeucte”, que exaltam, respectivamente, o patriotismo, a clemência e o sacrifício a um ideal divino.

O teatro clássico francês apresenta-nos, além de Racine e Corneille, outro excelente autor: Molière. Jean Baptista Poquelin (nome real de Molière) produziu uma série de comédias de todos os tipos, mas sobretudo, as suas quase-criações: comédias de costumes e de caracteres. Seu estilo combina o vigor à naturalidade e seus enredos distinguem-se pelas brilhantes análises do caráter humano. Suas comédias principais são: “Précieuses Ridicules”, “Le Misanthrope”, “Tartuffe”, “L'Avare” e Les Femmes Savantes” (a primeira e a última são comédias de costumes; as demais são comédias de caráter).

Entre os escritores da segunda metade do século XVII citaremos, agora, os seguintes: La Rochefoucauld é o autor de “Reflexions ou Sentences et Maximes”, caracterizadas pela concisão de estilo e pela precisão descritiva; Mme. De La Fayette escreveu o maior romance francês do século XVII, “La Princesse de Clèves”; Jean la Fontaine é o autor das afamadas “Fables”, nas quais analisa os seres humanos com perfeição poética; Mme. De Sérvigné transcreve em suas fúteis “Lethres” os costumes do século; Nicolas Boileau-Despréaux codificou a doutrina poética clássica em sua famosa “Art Poétique”.

François de Salignac de la Mothe-Fénelon (1651-1715) escreveu com agradável fluidez de estilo sua obra-prima “Telémaque” e Jean de la Bruyére (1645-1691) retratou com maestria a sociedade em que viveu em seu livro “Les Caracteres”. O duque de Saint-Simon (1675-1742), Bernard Le Bovier de Fontenelle (1657-1757) e Pierre Bayle (1647-1706) encerram o século XVII e anunciam nova era para a literatura. Saint-Simon, uma das influências iniciais do movimento socialista, escreveu “Memoires” e “Systéme Industriel”, no qual defende a reorganização da sociedade pela aplicação de conhecimento científico e prega a união entre a burguesia e a realeza; Fontenelle também exalta o progresso da ciência e o divulga para as grandes camadas da população através de suas obras “Entretiens sur la Pluralité des Mondes” e “Éloges des Académiciens”; Pierre Bayle notabilizou-se pela defesa da liberdade de pensamento e pela divulgação das ideias do Iluminismo, bem como pela autoria do “Dictionnaire Historique et Critique”, de profunda influência para a afirmação das novas ideias.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 40/42. 

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 08.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 08

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Orientação diversa do grupo de Plêiade é concretizada por dois autores que se aproximam do espírito renascentista de Erasmo: Rabelais e Montaigne. François Rabelais (1490-1553), poeta pleno de humor e de irreverência, exerce profunda influência sobre a literatura francesa que lhe é posterior, embora tenha sido até hoje reformulada a visão das diferentes épocas: quando as puritanas condenam o que consideram brutalidade de crítica; quando conservadoras, seu espírito crítico e de irreverência. O incontestável é seu valor evidenciado nas aventuras dos heróis Pantagruel, Gargântua e Panúrgio e no seu amor combativo pela justiça, pela cultura e, sobretudo, pela humanidade. Michel de Montaigne (1533-1592) representa a interiorização do anseio pela liberdade e pelo individualismo que não se exterioriza violentamente como em d'Aubigné e em Rabelais, mas, que, cultuando a Razão e a análise paciente e prudente, busca as bases objetivas para concretizá-lo. Suas meditações e comentários estão reunidos com simplicidade de estilo e veemência em seus “Essais”. A expressão literária não-cristã de Motaigne eclodirá, posteriormente, com Helvétius e Voltaire.


Século XVII

O século XVII será completamente diferente do anterior ao substituir a indisciplina e o pensamento combativo do século XVI por realizações disciplinadas e formalistas. Histórica e socialmente, a morte de Henrique IV assinala a pacificação aparente dos conflitos políticos, religiosos e sociais e a tarefa fundamental do governo em reforçar seu poder e reforçar a unificação.

A ordem, a calma e a frieza do “bom” burguês são os ideais de um dos principais escritores do século: Malherbe. François de Malherbe (1555-1628) é poeta (odes, sonetos, epigramas e paráfrases de salmos) e gramático, que prega a depuração da língua e transcreve em versos formalmente elegantes suas emoções superficiais. O combate aos neologismos, empréstimos dialetais e eruditos é continuado por Jean Louis Guez de Balzac (1594-1654) que escreveu “Lettres”,”Socrate chrétien” e “Aristippe”.

Opondo-se ao intransigente combate pela pureza da língua, Théophile e Saint-Amant defendem a plena liberdade de expressão, mas, a língua literária seguirá os cânones preconizados por Malherbe. Esta direção muito deve a Claude Favre de Vaugelas (1585-1650) e a Richelieu que em 1635 funda a Academia Francesa. Vaugelas diretamente contribuiu para a consolidação do bom uso linguístico com sua obra “Remarques sur la langue Française”; a “Académie” o fez em obediência a seus objetivos fundamentais de conservar e preservar a língua, bem como de estabelecer as regras literárias e julgar as obras novas.

As ideias do grande filósofo francês René Descartes (1596-1650) – dentre as quais, as de individualismo, primazia do pensamento e do bom senso, justo equilíbrio – exercem profunda influência sobre os escritores. Descartes elevou o francês à dignidade de língua capaz de expressar pensamentos filosóficos. Escreveu em francês: “Discour de la Methode”, “Traité de Passions de l'Ame” e Méditations Métaphysiques”. O justo equilíbrio foi mantido no pensamento religioso através do orador sacro Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), autor de aproximadamente duzentos sermões, dos quais apenas um publicado em vida. Bossuet escreveu, entre outros livros, as seguintes obras: “Traité de la Connaissance de Dieu e de soi-même”, “Logique” e “Politique tirée de l'Ecriture Sainte”.

Nicolas de Malebranche (1638-1715), filósofo, foi discípulo de Descartes, porém, cometeu a heresia do ocasionalismo. De suas obras merecem citação: “Méditations chrétiennes et métaphysiques” e “Recherche de la Vérité” – nesta última, aponta os perigos de uma razão livre.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 39/41.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 07.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 07

LITERATURA FRANCESA

O extraordinário processo de centralização política que se desenvolveu na França, contribuiu poderosamente para a predominância do franciano, dialeto da ilha-de-França, como língua de expressão nacional. Consequentemente, ocupa a literatura francesa a posição especial de ser portadora de formas literárias persistentemente unidas à expressão da vida nacional. Sempre que esta literatura se encerra no ambiente de um círculo restrito (poesia palaciana, literatura religiosa, literatura pura, neoclassicismo etc.) há um movimento de reavivamento do diálogo com a tradição popular.

A tradição francesa medieval é levada a seu clímax com o primeiro grande lírico que é François Villon (aproximadamente 1431-1489) e por ele encerrada. Villon anuncia a literatura francesa moderna e afirma-se progressistamente em seu rompimento com a ordem estabelecida ao apresentar a pessoa humana que se reconhece como livre e autônoma e, portanto, que prefere a análise lúcida à obediência e ao conformismo e desenvolve o valor humano da revolta.

Embora Villon seja sempre reencontrado nos séculos posteriores e sua importância cresça constantemente, viveu marginalizado pela sociedade de seu tempo. A literatura oficial do século de Villon estimava os poetas retóricos de côrte, hábeis em apresentar poeticamente a futilidade.

O rompimento com a arte medieval pode também ser descoberto em Clément Marot (1496-1544), poeta de corte que conseguiu reunir a seu redor um grupo significativo de outros poetas. Esta escola de elegância maronista foi reavaliada no século XX com o retorno de Maurice Scève (… - 1562) e Louise Labbé (1526-1566) cujas obras revelaram-se portadoras de ampla significação. Há, ainda, que destacar Bonaventure Despériers (… - 1544) autor de Novas Recreações e de Joviais Orçamentos, que une o Decamerão à tradição gaulesa.

Agrippa d'Aubigné (1550 – 1630) apresenta um não-conformismo pleno de agressividade que muito se assemelha ao que encontramos por detrás da aparente despreocupação de Marot. Agrippa d'Aubigné foi, inicialmente, um afetado poeta humanista, mas, evoluiu para uma participação corajosa contra a intolerância religiosa, a inutilidade da guerra e a libertinagem dos príncipes. A obra deste autor huguenote – Les Tragques, Mémoires e Pamphlets – é excelente pela fertilidade de imaginação e pelo incomparável vigor de um realismo descritivo. É autor, também, do romance satírico “Les Aventures du baron de Faeneste”, no qual violentamente combate o governo de Maria de Médicis.

Em 1594 é publicada a “Satire par la Défense et Illustration Menippée”, escrita por seis burgueses: Rapin e Passerat (ambos poetas), Jacques Gillot, Florent Chrestien, Pithou e Lery (idealizador e organizador da sátira à Liga Católica do Duque de Guise).

A influência renascentista será afirmada esteticamente pelo chamado grupo da Plêiade no qual se destacam Ronsard e Du Belay, e que é completado por Jodelle, Remi Belleau, Pontus de Thyard, Du Da'fe Daurat. Reunidos pela primeira vez em 1548, publicaram seu manifesto estético de retorno às inspirações greco-latinas no ano seguinte. Este manifesto, “Défense et Illustration de la Langue Française”, foi escrito por Joachim du Bellay e codifica magnificamente os ideais do grupo. Du Bellay (1525-1573) é autor de “Regrets”, caracterizado pela melancolia, suavidade e sátira social. Du Bellay foi o primeiro poeta a dar forma artística do soneto francês e a divulgá-lo. Pierre Ronsard (1524-1585) – autor de “Odes 3 Amours”, “Continuation des Amours”, “Discours” e “Amours d'Hélène” – reafirma o tom fundamental do lirismo francês. A realização literária dos ideais de Plêiade alcança os palcos teatrais, principalmente através de Etienne Jodelle, autor da primeira tragédia e da primeira comédia na literatura francêsa. Jodelle escreveu a comédia “”Eugène ou la recontre” e a tragédia “Cleópatre”. Embora “Cleópatre” seja cronologicamente a primeira tragédia em língua francesa, sob o ponto de vista de gênero literário esta primazia cabe a “Juives”, obra-prima de Robert Garnier (1535-1601).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 37/39.

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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 06.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 06

LITERATURA MEDIEVAL EUROPEIA

(Continuação)

A “Canção de Roland”, chanson de geste que chegou a nós, serve mais tarde como obra-prima de Ariosto: Orlando Furioso. É poesia épica com “matéria carlovíngia” por ser romance métrico que desenvolve temas da corte de Carlo Magno, pois a ela pertence o cavaleiro Rolando. Problemas semelhantes aos de Ilíada e Odisséia, são colocados quando consideramos sua composição: obra de um só autor como o estabelece a tradição segundo a qual é atribuída a Turoldus, trovador normando ou transcrição de poemas anteriores referentes a um mesmo ciclo novelesco? Embora não seja possível estabelecer provas definitivas, a última hipótese é bem mais provável.

Ao longo das rotas de peregrinações nascem inúmeras obras que indicam o início do desenvolvimento de uma literatura francesa. Estas notas servem como centro de comunicação coletiva através dos quais se propagarão os grandes mitos populares comuns a diversos povos europeus que os séculos posteriores reuniram em tradições. Nas rotas de peregrinação nascem obras de edificação religiosa, contos burlescos e epopéias. Da tradição flamenga foi composto em francês o Romance da Raposa no século XIII. Que, como Fabliau, não pretende criticar indiretamente a vida dos homens com as fábulas de Esopo ou as de la Fontaine.

A partir do século XII surge em terras da Bretanha uma literatura palaciana. São representantes máximos da tradição palaciana Thomás, autor de Tristão e Isolda – desenvolvimento de ciclo germânico, e Chrétien de Troyes, autor de romances em versos com temas de amor em ambientes épico, dentre os quais, Yvain e Percival. Simultaneamente, ao sul do Loire, no Languedoc, desenvolve-se uma literatura trovadoresca que renova a expressão lírica. Trovadores como Arnault, Daniel, Bretrand de Born, Bernard de Vendadour e Guirault de Borneil criam uma verdadeira mística do amor e da mulher. Os quadros dentro dos quais se desenvolveu a lírica trovadoresca pertenciam a civilização herética albigense, destruída pela brigada comandada por Simão de Montefort que obedecia a decreto do Papa Inocêncio III.

A enciclopédia “O Tesouro”, escrita em provençal, foi escrita no início do século XIII por Latini, mestre de Dante. Aliás, Dante expressou-se também em provençal antes de consagrar-se a sua obra em italiano, que seria o fundamento da língua e da poesia italianas. Rusta de Pise redigiu o “Livro das Maravilhas de Marco Polo” e romance de cavalaria que gozaram de imensa popularidade nos “salões” da Itália. Villehardouin (1150-1212) e Joinville (1224-1317) redigiram, respectivamente, a Conquista de Constantinopla pela IV Cruzada e a Vida de São Luís. Estes cronicões, que anunciam os modernos compêndios de história foram redigidos em língua romana.

O reaparecimento da poesia lírica pode ser marcado pelos poemas de Rutebeuf (Século XIII), antecessor próximo de Villon. O “Romance da Rosa”, cuja primeira parte foi escrita na primeira metade do século XII por Guillaume de Lorris e cuja segunda parte surgiu na segunda metade do mesmo século com redação de Jean Meung, (perpetua a tradição do amor cortês). O “Romance de Rosa” é a principal manifestação da poesia alegórica, forma literária aristocrática resultante da influência escolástica sobre a poesia cortês.

Jehan Froissart (século XIV) apresenta em seus romances e poemas ingênuos quadros da vida de seu tempo, que se destacam, no entanto, pelo detalhismo e pelos pitorescos. Charles d'Orléans (1391-1465) continua o lirismo de Rutebeuf, porém, com mais modernismo no caráter pessoal. François Villon (1431-aproximadamente 1489) continuará esta tradição e inaugurará a moderna literatura francesa.

Na Itália a literatura provençal encontra na situação siciliana, sob notável progresso político-social do reinado de Frederico II, as condições perfeitas para grande florescimento. No fim do século XIII a Toscana serviria de solo para o desenvolvimento do “dolce stil nuovo” representado por Guido Cavalcanti (1250-1300) e Guido Guinicelli. Também Dante Alighieri (1265-1321) inscreve-se com Vita Nuova, reunião de poesia e prosa em língua falada, nesta tradição de platonismo e mística do amor. Dante marcaria o início da literatura italiana ao conferir primazia ao toscano e assim elevá-lo à condição de idioma literário nacional. As novas tradições firmaram-se também na Europa germânica a partir do século X-XI. Nos países nórdicos surge a poesia de côrte e são escritas em prosa as narrações heroicas conhecidas como sagas. Na Islândia são transcritas as velhas lendas locais denominadas os edda que, posteriormente, foram completados pela prosa de Snorri Sturlusson.

A tradição provençal alcança a Inglaterra através de Geoffrey Chaucer (1340-1400) que traduziu o “Romance da Rosa” e que transpôs com originalidade notável a inspiração de Bocacce. Chaucer consegue síntese literária das tradições celtas, germânicas e romanas. Notabilizado por sua obra “Canterbury Tales”, G. Chaucer é considerado simultaneamente iniciador do realismo e da literatura inglesa.

Na Alemanha presenciamos o notável desenvolvimento da temática dos cantores do amor (Minnezangers) que, a partir da tradição, progressivamente reformulam com originalidade o fundo germânico local. Este desenvolvimento abrange também a passagem do caráter popular inicial ao lirismo palaciano de inspiração provençal franco-italiana. Reinmar von Haguenau (aproximadamente 1200) e Walter von dar Vogelweide (aproximadamente 1170-1230) são os autores que elevam o lirismo amoroso germânico a alturas sugestivas. Paralelamente é elaborada a literatura épica germânica de caráter cortês, com o “Persival” de Wolfram von Eschenbach, ou de caráter popular e amplitude nacional como o “Canto dos Nibelungen”. Esta tradição épica popular é acentuadamente trágica.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 34/37.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 02.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 02

A ANTIGUIDADE CLÁSSICA

O tronco comum de que derivam nossas culturas ocidentais encontra-se na Antiguidade Clássica greco-romana. Embora durante alguns séculos tenha existido a concepção romântico simplista de um milagre grego que marcasse o início da magnífica e quase insuplantável riqueza literária helênica no século VI a.C., as modernas disciplinas auxiliares da história revelam que este florescimento artístico foi o resultado de longa evolução da tradição principalmente oral dos séculos anteriores. A civilização cretense, que floresceu entre 3000 e 1400 a.C., era já portadora de literatura em língua não indo-europeia. Do amálgama posteriormente ocorrido entre cretenses e povos indo-europeus invasores e outros autóctones resultará o povo grego a cujos dialetos será superposta uma língua escrita e com expressão literária. Este fato ocorre nas proximidades de 1400 a.C. quando devido a frequentes contatos sociais é elaborado um fundo de cultura comum, incluindo uma concepção do mundo e do homem e das relações seja entre os homens, seja entre o homem e o mundo, ou ainda, entre o homem e os deuses. E 1200 a.C. surgem os gigantescos e prestigiosos monumentos literários que marcam o começo histórico da literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia atribuídas a Homero.


HOMERO

A existência de Homero, incontestada até o século XIX, foi pela primeira vez colocada em dúvida graças aos trabalhos do filólogo alemão Wolf. No século atual é recolocada por Victor Bérard. Embora a questão homérica não possa ser definitivamente resolvida, alguns fatos são incontestáveis: os textos não são contemporâneos às façanhas descritas; a Ilíada foi composta no final do século IX a.C. e a Odisseia, no início do VIII; finalmente, o estado de civilização apresentado data de épocas bem mais recuadas do que tradicionalmente se julgava. Análises linguísticas e literárias colocam dúvidas quanto a um único autor para as duas obras.

Ciclos de mitos, que serviram de repositório para os valores culturais do período compreendido entre os séculos XIV e IX a.C., comporiam toda uma literatura épica a partir de cujos episódios teriam sido compostas as duas obras referentes à Guerra de Troia. A Ilíada é a narrativa das catástrofes provocadas pelos deuses contra os homens e que acende a cólera de Aquiles, que se retira dos combates após altercação com o chefe da armada grega, Agamenom. Esta obra fornece-nos ampla visão da civilização pré-helênica. A Odisseia narra o retorno de Ulisses e as aventuras que encontra por intervenções prejudiciais dos deuses. Aspectos ainda importantes na Odisseia são a extrema fidelidade de sua esposa Penélope, o zelo de seu filho Telêmaco e a emoção de seu pai, Laerte.

A técnica empregada é altamente artística e a língua, a métrica e a própria composição elaborada indicam estágio cultural muitíssimo desenvolvido.

As duas epopeias homéricas encerram a síntese clássica dos valores religiosos, morais, intelectuais, que informam a civilização grega clássica e para a atualidade, uma das mais importantes fontes de sua sensibilidade e consciência moral e histórica.

Outra importante obra, inicialmente também atribuída a Homero, a Batracomiomaquia (Guerra das rãs e dos ratos) imita com grande perfeição as formas gerais da epopeia heroica, mas, com intenção eminentemente burlesca. Epopeia inferior e com caráter de imitação é “Os Argonautas”, composto pelo poeta Apolônios no século III antes de nossa era. Apresenta como tema a procura do velocino de ouro pelos príncipes chefiados por Jasão.


HESÍODO

Hesíodo (século VIII a.C.) é o seguinte autor que surge. Dominando habilmente a língua literária, compõe os poemas “Teogonia” e “os Trabalhos e os Dias”, ambos com dupla intenção didática: transmitir conhecimento sobre a técnica agrícola e apresentar um conjunto de normas morais retiradas da vida campestre. Observa-se nos poemas de Hesíodo o início de uma estruturação jurídica substituindo gradualmente o poder da força e da astúcia.

Costuma-se atribuir também a Hesíodo a obra “O Escudo de Aquiles” que estabelece uma primeira genealogia aos deuses do Olimpo grego.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 25/27.

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