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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 10.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 10

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Século XVIII

Literalmente considerado, o século do absolutismo francês pode ser definido como o período de lenta transformação do classicismo em neoclassicismo e na quase imperceptível preparação do romantismo. A primeira metade do século assinala o artificialismo aristocrático enquanto a segunda metade presencia a exploração ideológica do sentido inesperado e revolucionário representada por Rousseau.

O classicismo decadentista pode ser representado por Jean B. Rousseau (1670-1741), Le Franc de Pompignam (1709-1784) e, sobretudo, por Ponce-Denis Ecouchard Lebrun (Lebrun-Pindare – 1729-1807) literato desprovido de valor durável e mero versificador prosaico.

Corrente mais literalmente válida encontramos na continuação de Saint-Simon e Voltaire por escritores como Montesquieu (1689-1755), Alain-René Lesage (1668-1747) e Voltaire (1694-1778).

O barão de Montesquieu, cujo nome é Charles Viscondal, distingue-se pela gravidade, eloquência e concisão da linguagem. Em sua primeira obra, o barão de la Brède et Montesquieu sutilmente satiriza o cartesianismo e o Estado absolutista, a Igreja e a literatura da época; este importante livro de estreia chama-se “Lettres Persanes” e foi publicado em 1721. Em seguida, inicia a moderna ciência histórica com “Considérations sur les causes de la grandeur des Romains et leur décadence”. Veio depois sua obra-prima, “Esprit de lois”, na qual procura relações sociologicamente necessárias e com a qual, praticamente, inicia a sociologia moderna. Sua última obra é “Défense de l'esprit des lois” com a qual inscreve-se como precursor do enciclopedismo ao defender e divulgar o sistema constitucional proposto por Locke.

Alain-René Lesage, dramaturgo e romancista, acompanha a empresa de Montesquieu ao escrever “Lettres Persanes” como se estrangeiros satirizassem a sociedade clássica: Lesage escreve “Le Diable Boiteaux” (1707) que é também uma sátira a sociedade clássica vista por um espião ajudado pelo diabo. Satiriza ainda, os romances de análise abstrata que conquistavam a popularidade entre o grande público. Escreveu, além de “Le Diable Boiteaux”, os seguintes romances: “Guzman d'Alfarache”, “Le Bacholier de Salamanque”, “Vie et Aventures de M. de Beauchêne” e sua obra-prima “Gil Blas”. “Gil Blas” é um romance picaresco profundamente humano e que gozou de amplo prestígio em toda Europa chegando a influenciar o grande escritor inglês Fielding.

François Marie Arouet, Voltaire, representam o apogeu do Iluminismo na França, segundo o qual a razão e a experiência concreta são os necessários e únicos instrumentos de que dispõe o homem para o conhecimento e reformulação do mundo e este é regido exclusivamente por leis naturais. Tendo se dedicado a todos os gêneros literários, apresenta como obras principais: no teatro, as tragédias “Mérope” e “Zaire”; na ficção satírica, “L Ingénu” e “Candide”; na história, “Le Siècle de Louis XIV” e “Remarques sur les Moeurs”; na épica, “Henriade”; na crítica, “Remarques sur Les Pensées de M. Pascal”; finalmente, na correspondência familiar, cerca de doze mil e setenta cartas. O racionalista Voltaire combateu, corajosamente com imenso humor, a tirania e a intolerância no campo intelectual, politico e eclesiástico. Suas ideias revolucionárias causaram-lhe uma série de perseguições, tendo inclusive motivado sua prisão na Bastilha e sua fuga para a Inglaterra, mas, sua causa seria vitoriosa na Revolução Francesa. Em sua obra-prima, “Candide”, critica o otimismo de Leibnitz e amplia esta análise satírica à humanidade total através do dr Pangloss. Excelente na concisão de suas frases rápidas e na limpidez e vivacidade de estilo, foi poeta supremo principalmente nas sátiras, nos madrigais e nos epigramas.

Esta corrente de crítica moral, dirigida sobretudo aos costumes e às instituições, alcança seu ponto supremo com Diderot (1713-1784), Rousseau (1712-1778) e Helvétius (1715-1771).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 42/44. 

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 09.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 09

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Reunidos ao redor do abade de Saint-Cyran, diretor espiritual da abadia de Port-Royal, encontramos alguns do melhores escritores do século, como Racine e Blaise Pascal. A adesão do grupo de Port-Royal ao jansenismo ocorre e influencia os solitários port-royalistas. Jean Racine (1639-1699) adota como doutrina moral a doutrina jansenista segundo a qual as paixões dominam inevitavelmente ao homem por ser este essencialmente fraco. Na análise das situações cotidianas, Racine demonstra o poder superior da paixão amorosa, caracterizada por extrema dramaticidade revelada em múltiplas manifestações. Entre as produções de Racine que melhor apresentam o trágico humano devem ser destacadas: “Andromaque”, Athalie” e “Phèdre”, considerada sua obra-prima. Blaise Pascal (1623-1662), modernamente considerado precursor do existencialismo kierkegardiano, escreveu a coleção de cartas reunidas sob o moderno título de “Provinciales” e a apologia do cristianismo “Penseés”: a primeira pode ser considerada um dos clímax da prosa clássica francesa, a segunda é um dos monumentos literários de toda a literatura de seu país.

Pierre Corneira (1606-1684) é o dramaturgo do homem idealizado pela grandeza e pelo heroísmo expressos em estilo enérgico, embora, às vezes, retórico. Nas situações extraordinárias de suas peças há sempre o combate entre a virtude e uma paixão dominante, normalmente a ambição ou a vingança. Conexione escreveu a comédia “La Menteur” e as tragédias excelentes “Horace”, “Cinna” e “Polyeucte”, que exaltam, respectivamente, o patriotismo, a clemência e o sacrifício a um ideal divino.

O teatro clássico francês apresenta-nos, além de Racine e Corneille, outro excelente autor: Molière. Jean Baptista Poquelin (nome real de Molière) produziu uma série de comédias de todos os tipos, mas sobretudo, as suas quase-criações: comédias de costumes e de caracteres. Seu estilo combina o vigor à naturalidade e seus enredos distinguem-se pelas brilhantes análises do caráter humano. Suas comédias principais são: “Précieuses Ridicules”, “Le Misanthrope”, “Tartuffe”, “L'Avare” e Les Femmes Savantes” (a primeira e a última são comédias de costumes; as demais são comédias de caráter).

Entre os escritores da segunda metade do século XVII citaremos, agora, os seguintes: La Rochefoucauld é o autor de “Reflexions ou Sentences et Maximes”, caracterizadas pela concisão de estilo e pela precisão descritiva; Mme. De La Fayette escreveu o maior romance francês do século XVII, “La Princesse de Clèves”; Jean la Fontaine é o autor das afamadas “Fables”, nas quais analisa os seres humanos com perfeição poética; Mme. De Sérvigné transcreve em suas fúteis “Lethres” os costumes do século; Nicolas Boileau-Despréaux codificou a doutrina poética clássica em sua famosa “Art Poétique”.

François de Salignac de la Mothe-Fénelon (1651-1715) escreveu com agradável fluidez de estilo sua obra-prima “Telémaque” e Jean de la Bruyére (1645-1691) retratou com maestria a sociedade em que viveu em seu livro “Les Caracteres”. O duque de Saint-Simon (1675-1742), Bernard Le Bovier de Fontenelle (1657-1757) e Pierre Bayle (1647-1706) encerram o século XVII e anunciam nova era para a literatura. Saint-Simon, uma das influências iniciais do movimento socialista, escreveu “Memoires” e “Systéme Industriel”, no qual defende a reorganização da sociedade pela aplicação de conhecimento científico e prega a união entre a burguesia e a realeza; Fontenelle também exalta o progresso da ciência e o divulga para as grandes camadas da população através de suas obras “Entretiens sur la Pluralité des Mondes” e “Éloges des Académiciens”; Pierre Bayle notabilizou-se pela defesa da liberdade de pensamento e pela divulgação das ideias do Iluminismo, bem como pela autoria do “Dictionnaire Historique et Critique”, de profunda influência para a afirmação das novas ideias.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 40/42. 

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 08.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 08

LITERATURA FRANCESA

(Continuação do post anterior)

Orientação diversa do grupo de Plêiade é concretizada por dois autores que se aproximam do espírito renascentista de Erasmo: Rabelais e Montaigne. François Rabelais (1490-1553), poeta pleno de humor e de irreverência, exerce profunda influência sobre a literatura francesa que lhe é posterior, embora tenha sido até hoje reformulada a visão das diferentes épocas: quando as puritanas condenam o que consideram brutalidade de crítica; quando conservadoras, seu espírito crítico e de irreverência. O incontestável é seu valor evidenciado nas aventuras dos heróis Pantagruel, Gargântua e Panúrgio e no seu amor combativo pela justiça, pela cultura e, sobretudo, pela humanidade. Michel de Montaigne (1533-1592) representa a interiorização do anseio pela liberdade e pelo individualismo que não se exterioriza violentamente como em d'Aubigné e em Rabelais, mas, que, cultuando a Razão e a análise paciente e prudente, busca as bases objetivas para concretizá-lo. Suas meditações e comentários estão reunidos com simplicidade de estilo e veemência em seus “Essais”. A expressão literária não-cristã de Motaigne eclodirá, posteriormente, com Helvétius e Voltaire.


Século XVII

O século XVII será completamente diferente do anterior ao substituir a indisciplina e o pensamento combativo do século XVI por realizações disciplinadas e formalistas. Histórica e socialmente, a morte de Henrique IV assinala a pacificação aparente dos conflitos políticos, religiosos e sociais e a tarefa fundamental do governo em reforçar seu poder e reforçar a unificação.

A ordem, a calma e a frieza do “bom” burguês são os ideais de um dos principais escritores do século: Malherbe. François de Malherbe (1555-1628) é poeta (odes, sonetos, epigramas e paráfrases de salmos) e gramático, que prega a depuração da língua e transcreve em versos formalmente elegantes suas emoções superficiais. O combate aos neologismos, empréstimos dialetais e eruditos é continuado por Jean Louis Guez de Balzac (1594-1654) que escreveu “Lettres”,”Socrate chrétien” e “Aristippe”.

Opondo-se ao intransigente combate pela pureza da língua, Théophile e Saint-Amant defendem a plena liberdade de expressão, mas, a língua literária seguirá os cânones preconizados por Malherbe. Esta direção muito deve a Claude Favre de Vaugelas (1585-1650) e a Richelieu que em 1635 funda a Academia Francesa. Vaugelas diretamente contribuiu para a consolidação do bom uso linguístico com sua obra “Remarques sur la langue Française”; a “Académie” o fez em obediência a seus objetivos fundamentais de conservar e preservar a língua, bem como de estabelecer as regras literárias e julgar as obras novas.

As ideias do grande filósofo francês René Descartes (1596-1650) – dentre as quais, as de individualismo, primazia do pensamento e do bom senso, justo equilíbrio – exercem profunda influência sobre os escritores. Descartes elevou o francês à dignidade de língua capaz de expressar pensamentos filosóficos. Escreveu em francês: “Discour de la Methode”, “Traité de Passions de l'Ame” e Méditations Métaphysiques”. O justo equilíbrio foi mantido no pensamento religioso através do orador sacro Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704), autor de aproximadamente duzentos sermões, dos quais apenas um publicado em vida. Bossuet escreveu, entre outros livros, as seguintes obras: “Traité de la Connaissance de Dieu e de soi-même”, “Logique” e “Politique tirée de l'Ecriture Sainte”.

Nicolas de Malebranche (1638-1715), filósofo, foi discípulo de Descartes, porém, cometeu a heresia do ocasionalismo. De suas obras merecem citação: “Méditations chrétiennes et métaphysiques” e “Recherche de la Vérité” – nesta última, aponta os perigos de uma razão livre.

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 39/41.

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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Literatura Ocidental - Parte 07.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 07

LITERATURA FRANCESA

O extraordinário processo de centralização política que se desenvolveu na França, contribuiu poderosamente para a predominância do franciano, dialeto da ilha-de-França, como língua de expressão nacional. Consequentemente, ocupa a literatura francesa a posição especial de ser portadora de formas literárias persistentemente unidas à expressão da vida nacional. Sempre que esta literatura se encerra no ambiente de um círculo restrito (poesia palaciana, literatura religiosa, literatura pura, neoclassicismo etc.) há um movimento de reavivamento do diálogo com a tradição popular.

A tradição francesa medieval é levada a seu clímax com o primeiro grande lírico que é François Villon (aproximadamente 1431-1489) e por ele encerrada. Villon anuncia a literatura francesa moderna e afirma-se progressistamente em seu rompimento com a ordem estabelecida ao apresentar a pessoa humana que se reconhece como livre e autônoma e, portanto, que prefere a análise lúcida à obediência e ao conformismo e desenvolve o valor humano da revolta.

Embora Villon seja sempre reencontrado nos séculos posteriores e sua importância cresça constantemente, viveu marginalizado pela sociedade de seu tempo. A literatura oficial do século de Villon estimava os poetas retóricos de côrte, hábeis em apresentar poeticamente a futilidade.

O rompimento com a arte medieval pode também ser descoberto em Clément Marot (1496-1544), poeta de corte que conseguiu reunir a seu redor um grupo significativo de outros poetas. Esta escola de elegância maronista foi reavaliada no século XX com o retorno de Maurice Scève (… - 1562) e Louise Labbé (1526-1566) cujas obras revelaram-se portadoras de ampla significação. Há, ainda, que destacar Bonaventure Despériers (… - 1544) autor de Novas Recreações e de Joviais Orçamentos, que une o Decamerão à tradição gaulesa.

Agrippa d'Aubigné (1550 – 1630) apresenta um não-conformismo pleno de agressividade que muito se assemelha ao que encontramos por detrás da aparente despreocupação de Marot. Agrippa d'Aubigné foi, inicialmente, um afetado poeta humanista, mas, evoluiu para uma participação corajosa contra a intolerância religiosa, a inutilidade da guerra e a libertinagem dos príncipes. A obra deste autor huguenote – Les Tragques, Mémoires e Pamphlets – é excelente pela fertilidade de imaginação e pelo incomparável vigor de um realismo descritivo. É autor, também, do romance satírico “Les Aventures du baron de Faeneste”, no qual violentamente combate o governo de Maria de Médicis.

Em 1594 é publicada a “Satire par la Défense et Illustration Menippée”, escrita por seis burgueses: Rapin e Passerat (ambos poetas), Jacques Gillot, Florent Chrestien, Pithou e Lery (idealizador e organizador da sátira à Liga Católica do Duque de Guise).

A influência renascentista será afirmada esteticamente pelo chamado grupo da Plêiade no qual se destacam Ronsard e Du Belay, e que é completado por Jodelle, Remi Belleau, Pontus de Thyard, Du Da'fe Daurat. Reunidos pela primeira vez em 1548, publicaram seu manifesto estético de retorno às inspirações greco-latinas no ano seguinte. Este manifesto, “Défense et Illustration de la Langue Française”, foi escrito por Joachim du Bellay e codifica magnificamente os ideais do grupo. Du Bellay (1525-1573) é autor de “Regrets”, caracterizado pela melancolia, suavidade e sátira social. Du Bellay foi o primeiro poeta a dar forma artística do soneto francês e a divulgá-lo. Pierre Ronsard (1524-1585) – autor de “Odes 3 Amours”, “Continuation des Amours”, “Discours” e “Amours d'Hélène” – reafirma o tom fundamental do lirismo francês. A realização literária dos ideais de Plêiade alcança os palcos teatrais, principalmente através de Etienne Jodelle, autor da primeira tragédia e da primeira comédia na literatura francêsa. Jodelle escreveu a comédia “”Eugène ou la recontre” e a tragédia “Cleópatre”. Embora “Cleópatre” seja cronologicamente a primeira tragédia em língua francesa, sob o ponto de vista de gênero literário esta primazia cabe a “Juives”, obra-prima de Robert Garnier (1535-1601).

(Continua no próximo post.)

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 37/39.

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