Gordon Bonnett |
GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
SANTOS DUMONT – Parte 04.
Passemos, agora, ao ponto principal, que é a demonstração insofismável de que os Wright não voaram antes do nosso ilustre patrício.
Eis o que ele escreve no livro O Que Eu Vi – O Que Nós Veremos.
“Os partidários dos irmãos Wright pretendem que estes voaram na América do Norte de 1903 a 1908. Tais voos teriam tido lugar perto de Dayton, num campo ao longo de cujo limite passava um bonde. Não posso deixar de ficar profundamente espantado por este feito inexplicável, único, desconhecido: durante três anos e meio os Wright realizam inúmeros voos mecânicos e nenhum jornalista de tão perspicaz imprensa dos Estados Unidos se abalança a ir assisti-lo, controlá-lo, e aproveitar o assunto para a mais bela reportagem da época. E que época! Estávamos em plena carreira de Gordon Bennett, esse protótipo do jornalista americano, fundador da grande reportagem, que havia mandado um de seus homens, Stanley, procurar Livingstone no centro da África, então desconhecida e inexplorada. Tudo que era novo ele encorajava. Recordai a Taça Gordon Bennett para balões livres, e a de automóveis. Nas minhas oficinas se encontrava, quase dia e noite, um de seus repórteres.
“Estamos – dizia-me ele – num período áureo da história do mundo. Interessam-me prodigiosamente os seus trabalhos.”
E estes quase cotidianamente eram relatados no jornal de Gordon Bennett. Como imaginar, então, que na mesma época os irmãos Wright descrevem círculos no ar durante horas sem que ninguém disso se ocupe?
Só em 1908 é que os Wright vieram à França e mostraram pela primeira vez a sua máquina. Haviam-na guardado em segredo, diziam eles, durante cinco anos, desde o seu primeiro voo de 17 de dezembro de 1903.
Entretanto – e eu peço notar bem isso – se os dois americanos exibiram sua máquina em 1908, é porque haviam recebido uma oferta de 500 mil francos de um empresário francês, que lhes pedia em troca demonstrações públicas com o aparelho e cessão dos direitos de patente do mesmo para a França. Ora, em 1904, na Exposição Universal de São Luís, isto é, na época em que os Wright diziam que a sua máquina voava havia um ano – e São Luís ficava a poucas centenas de milhas de Dayton – havia a ganhar um prêmio de 500 mil francos, do mesmo valor da oferta de 1908. E nessa ocasião, nenhum direito de patente a ceder! Mas esses 500 francos não interessavam aos dois irmãos. Preferiram esperar quatro anos e meio e viajar 10.000 quilômetros para vir disputar a oferta francesa, no momento em que eu próprio, os Farman, os Blériot e outros voávamos já!”
Continua
GONDIN DA FONSECA
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