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Leopoldo Cirne |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
MARTINS
JÚNIOR – PARTE – 03
Ambas as
propostas foram aprovadas.
O
modesto e simples Martins Júnior recebeu, ao morrer, uma das maiores
consagrações de que se tenha notícia em nossa terra. As
manifestações de pesar foram amplas e profundas. Seu corpo,
embalsamado, transportaram-no para o Recife, onde as homenagens se
multiplicaram.
Artur
Azevedo, o notável Artur Azevedo, que foi um dos bons e leais amigos
de Martins Júnior, que lhe conhecera os momentos de angústia por
que passara, e sentia o abandono em que o haviam deixado, escreveu
uma quadra irônica, dura, dirigida aos responsáveis por tamanha
ingratidão:
“Embalsamaram-no,
coitado! …
Diz
muita gente, compungida,
que o
tinham já embalsamado
em vida
...”
Mas
Artur Azevedo não fica nos versos e, no dia 30 de agosto, no dia
seguinte, portanto, ao embarque do corpo de Martins Júnior para o
Recife, publicou um artigo, uma das coisas mais sérias que se disse
a respeito; e do qual destaco:
“Lá
vai, caminho de Pernambuco, a bordo do Maranhão o corpo embalsamado
de José Isidoro Martins Júnior.
Se lá
no mundo dos espíritos o ardente republicano do norte puder assistir
a esta espécie de apoteose feita aos seus despojos, ela deverá
causar-lhe riso. …Hei de perguntar ao meu amigo Leopoldo Cirne,
amicíssimo de Martins Júnior, espírita convicto e militante, se já
recebeu alguma comunicação a esse respeito. Eu, por mim, ignoro se
os espíritos riem; conto verificá-lo depois de morto, e, se o
fenômeno realmente existe, prometo ser o mais hilariante dos
defuntos.
Pernambuco
que rejeitou aquele filho que o honrava tanto; Pernambuco que lhe
amargurou os últimos dias, infligindo-lhe a mais injusta, a mais
clamorosa das derrotas políticas, deve estar a estas horas
dolorosamente arrependido de tanta ingratidão. Todas estas
demonstrações de luto e de piedade não bastam para destruir o
sentimento de remorso que lhe deve ter ficado… As honras
conferidas ao morto, que nada sente, não apagam as lembranças das
maldades feitas ao vivo, que sofria”.
Continua
BRASIL
BANDECCHI