Academia de Direito do Recife |
GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 06.
Dito
isto, afirma que não irá fazer uma análise do país inteiro e sim
do município de Escada, mas verdade é que sua análise é de
caráter nacional pelo que se verá a seguir. Tobias acentua que
“Entre nós, o que há de organização é o Estado, não é a
Nação; é o governo, é a administração, por seus altos
funcionários na corte, por seus sub-rogados nas províncias, por
seus ínfimos caudatários nos municípios; – não é o povo o qual
permanece amorfo e dissolvido, sem outro liame entre si, a não ser a
comunhão da língua, dos maus costumes e do servilismo”.
Ora,
quando sabemos que o Estado é a Nação politicamente organizada,
tais afirmações são chocantes. Se a Nação está desorganizada,
como pode o Estado organizar-se?
Quando a
Nação está desorganizada o Estado sofre as consequências dessa
situação, e temos, então, a desorganização de Estado, o que se
percebe por sintomas que de forma alguma se pode esconder, pois eles
afloram à superfície dos acontecimentos. Tobias sentia estes
sintomas, mas, possivelmente, escapou-lhe à lúcida inteligência,
que o Brasil caminhava para a abolição do trabalho escravo e para a
República, e ainda, para a revolução intelectual que ele, Tobias,
seria a mais forte clarinada quando, em 1882, prestaria o célebre
concurso para professor da Academia de Direito do Recife. Não era a
Nação que estava desorganizada, era o Estado que já não
correspondia aos anseios da Nação. Feita esta observação, que me
parece indispensável, retomemos o pensamento tobiano:
“E
importa advertir: – o Clube Popular Escadense não toma por
princípio diretor nenhum dos estribilhos da moda, menos que tudo a
célebre trilogia: liberdade, igualdade e fraternidade, três
palavras que se espantam de se acharem unidas, porque significam três
coisas reciprocamente estranhas e contraditórias, principalmente as
duas primeiras”.
E
fundamenta:
Mas
antes de tudo, – que a liberdade e a igualdade são contraditórias
e se repelem mutuamente, não milita dúvida. A liberdade é um
direito que tende a traduzir-se no fato, um princípio de vida, uma
condição de progresso e desenvolvimento; a igualdade porém, não é
um fato, nem um direito, nem um princípio, nem uma condição; – é
quanto muito, um postulado da razão, ou antes do sentimento. A
liberdade é alguma coisa de que o homem pode dizer – eu sou! A
igualdade alguma coisa de que ele somente diz: – quem me dera
ser!...”
Continua…
BRASIL
BANDECCHI
Um comentário:
Mais um pouco que aprendi da vossa cultura.
Um abraço
Postar um comentário