Casa-grande do Engenho Limoeiro Velho |
GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 07.
Para o
sergipano, onde há liberdade, a igualdade passa a ser uma utopia.
Podendo o homem agir livremente, o que tiver melhores qualidades há
de suplantar o que tiver qualidades inferiores, desaparecendo, assim,
a igualdade. E não há dúvida. O importante é que todos tenham
idêntica oportunidade, porque é injusto que uns tenham mais
facilidades que outros, mas é evidente que os mais capazes
aproveitarão melhor as oportunidades.
“Os
indivíduos – ensina – ou os povos, que esquecem a liberdade por
amor a igualdade, são semelhantes ao cão da fábula, que larga o
pedaço de carne que tem na boca, pela sombra que vê na água do
rio”. Com este exemplo, revela o que julga da liberdade e da
igualdade. Quanto à fraternidade considera-a “mais um conceito
religioso do que um conceito político”.
Fala em
seguida, dos “privilégios sociais se não criados pela lei,
criados pelos costumes, de cujos dislates a lei é cúmplice, não
lhes opondo a precisa resistência. Debalde se fala em uma
indistinção civil, a não ser as diferenças produzidas pelos
talentos e virtudes, quando verdade é que o talento e a virtude não
servem para marcar distinção entre indivíduos, considerados como
frações sociais. O denominador comum é a fidalguia ou seu
sub-rogado, – o dinheiro”.
Vê não
só a distinção entre indivíduos, e afirma que a nossa sociedade
não estava dividida somente em classes mas até em castas. Fala das
lutas em que o partido vencedor passa a perseguir o vencido,
perseguição essa “modificada apenas pela infâmia dos renegados e
dos trânsfugas”. Lembra que o Bispo de Pernambuco, Cardoso Aires,
em sua primeira pastoral foi bastante censurado porque apresentava
seus diocesanos divididos em clero, nobreza e povo. Por essa
classificação, Tobias critica o clero e, depois, investe contra a
nobreza, “uma nobreza feita a mão, pela mor parte estúpida,
pretensiosa, e ainda pior que a clerezia, pois que esta, ao menos,
não manda açoitar os cidadãos, nem prendê-los no tronco dos
engenhos”.
Refere-se
ao povo, que era tratado com desprezo pelos chefes políticos e pela
nobreza, “era perseguido, humilhado, abatido, a ponto de sobre ele
os grandes disputarem e lançarem os dados, para ver quem os possui,
como os judeus sortearam a túnica inconsútil do mártir do
Calvário”.
E para
provar o que afirmava, reporta-se ao que se passou no ano anterior ao
que ali discursava, quando da qualificação dos votantes do
Município da Escada. Os dois partidos – Conservador e Liberal –
para indicarem que contavam com a maioria do eleitorado, o faziam
pelo número de engenhos que tinham a apoiá-los.
– “Há
mais engenhos do lado dos liberais, diziam estes.
– “Nem
tantos, como alegam”, diziam os conservadores e acrescentavam: –
“Se os liberais têm alguns engenhos de mais, os dos conservadores,
em compensação, são mais extensos, mais povoados, mais ricos...”
E,
diante disto, comenta:
“É,
pois, evidente que, pela própria confissão das partes, está criada
na Escada a açucarocracia, a qual se julga com direito a posse de
todos aqueles que vieram tarde e não encontraram um pouco de terra
para chamarem sua, e dentro desse domínio manejaram sem piedade o
bastão da prepotência”.
“Sim,
meus senhores, é a liberdade que nos falta: não aquela que se
exerce em falar, bradar, cuspir e macular o próximo, porque esta
temo-a de sobra, mas aquela que se traduz em atos dignos e
misteriosos”. E lembra que na entrada do Parlamento Alemão, sob o
retrato de Carlos Marthy está escrito:
“A
liberdade é o preço da vitória, que adquirimos sobre nós mesmos”.
Continua…
BRASIL
BANDECCHI
2 comentários:
Excelente texto.
Obrigado pela partilha.
Um abraço
Olá, Rosemildo!
Estive dando uma olhada pelos posts anteriores, dedicados a vultos importantes do Brasil, visto k já não comento há mto tempo tanto esse blog (tenho k poupar minhas mãos), qto o outro, e a História é, de facto, fascinante.
Tobias Barreto já vai com sete posts e ao julgar pelo k li, há ainda mto pra escrever.
Os franceses e seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade têm influenciado o mundo, que não sabe distinguir esses conceitos, de forma correta, em minha opinião.
Qdo há liberdade, cada um faz o k mto bem quer e a igualdade deixa de existir, se é k alguma vez ela existiu.
Beijos e tudo de bom!
Postar um comentário