Clóvis Bevilaqua |
GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 08.
Há no Discurso em Mangas de Camisa, mais um ponto bastante interessante e
que ainda hoje se discute em todos os congressos municipalistas e que
refere à aplicação das rendas municipais. Não nos esqueçamos
nunca que sempre precisamos considerar os problemas apresentados e
discutidos, no tempo. 25 a 30 contos de réis, em 1877, era quantia,
por todos os títulos, considerável. “O Estado e a Província –
protesta Tobias – sugam anualmente deste Município, sem falar de
outro canais, e só do que corre pelas coletorias, de 25 a 30 contos
de réis. Eis o que vai no refluxo. Vejamos agora o que vem no fluxo:
10 por cento dessa quantia, que se gaste com a magra instrução
pública: 15 por cento com a justiça e seus apêndices; 20 por
cento, com a política; e 1 a 2 por cento, com o artigo – religião;
e o resto, a saber, mais da metade, vai perder-se em outras plagas,
sendo ainda que para notar que as despesas com a polícia local são
as únicas que trazem um resultado prático e sensível, pois que o
cidadão, em muitas ocasiões recebe no lombo a benéfica pancada do
réfe. Por sua vez a Municipalidade exercita, com o mesmo zelo, as
suas funções exaurientes, e não se sabe, em última análise, em
que se emprega a sua receita. Por toda a parte, pois, sob todos os
pontos de vista, os mesmos sintomas mórbidos, as mesmas ânsias, a
mesma angústia. As consciências como que perderam o centro de
gravidade moral, e balançam-se, inquietas, em busca de um apoio. A
instrução é quase nula; à medida que também é nulo o gosto de
instruir-se; e temos em casa o exemplo. Acabais de ouvir que o
dispêndio feito com as escolas desta cidade é muito inferior ao que
se faz com a polícia: sinal evidente de atraso intelectual”.
Encerra
o célebre discurso com estas palavras:
“O
Clube Popular Escadense, meus senhores, não nutre pretensão, que
seria ridícula, de vir levantar um dique de resistência contra a
corrente de tantos males, cujo ligeiro esboço acabo de fazer; mas
tem o intuito de incluir no povo desta localidade um mais vivo
sentimento do seu valor, de despertar-lhe a indignação contra os
opressores, e o entusiasmo pelos oprimidos. E há momentos, já disse
com razão alguém, há momentos, em que o entusiasmo também tem o
direito de resolver questões...”
Tobias
era um crítico impiedoso e não poucas vezes cometeu injustiças.
Atacou Clóvis Bevilaqua quando este ainda muito jovem se preparava
para o voo altíssimo de jurista e pensador. Mas Clóvis não
guardava rancores e era grato a Tobias que lhe abriu a inteligência
para as ciências jurídicas. E com a serenidade dos sábios escreveu
sobre Tobias em capítulo inteiro no seu Juristas Filósofos, onde se
lê:
Continua…
BRASIL
BANDECCHI
Um comentário:
E assim vou aprendendo um pouco mais da vossa história que de certa modo é também um pouco da nossa história.
obrigada
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