GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
JOAQUIM
JOSÉ DA SILVA XAVIER (TIRADENTES)
[1746-1792]
“...se
eu tivesse dez vidas,
dez
eu daria para que os
companheiros
não sofressem nada”
Joaquim
José da Silva Xavier, por alcunha – o Tiradentes, nasceu na
fazenda Pombal, município de São João del-Rei (Minas Gerais) no
ano de 1746, em dia e mês até hoje ignorados. Foram seus pais:
Domingos da Silva dos Santos (português) e Antônia da Encarnação
Xavier (brasileira)
Irmandade:
O futuro Alferes era o 4º filho, sendo ao todo 7 irmãos. Dois dos seus irmãos foram padres: Domingos (o mais velho) e Antônio, que era o 3º. Todos os seus irmãos lhe sobreviveram; por conseguinte: tiveram notícia da sua morte.
Situação familiar
A
família de Tiradentes era católica praticante. Seus pais, de bom
coração, eram muito conceituados em São João del-Rei (hoje
Tiradentes), sendo que o pai chegou a ser vereador, e o avô por
parte de mãe, Procurador dos Quintos do Rei, emprego de alto
destaque, de que dependia a fiscalização dos rendimentos da Coroa
em S. José.
A
fazenda Pombal se situava à margem direita do lendário Rio das
Mortes, num vale amplo, com colinas afastadas das margens do rio, que
deslizava tranquilamente até se perder de vista, ao longe.
Ali, em
suas margens ou nas suas águas, brincaram felizes os 7 filhos do
casal Domingos da Silva dos Santos, em companhia de alguns escravos
pequenos, até o início da segunda metade do século XVIII, quando
Antônia da Encarnação adoeceu gravemente, passando-se o pai do
Alferes definitivamente para S. José, com toda a família. Data de
22 de julho de 1751 o testamento que ambos fizeram, estando Antônia
da Encarnação <temendo a morte> e bastante doente, deitada
numa <cama de doença que Deus Senhor foi servido dar-lhe>.
Curou-se,
no entanto, e, já no ano seguinte lhe nascia uma filha, que recebeu
na pia batismal o nome de Antônia Rita.
O futuro
Alferes da Cavalaria Paga das Minas Gerais, o Protomártir da nossa
independência, não teve uma infância feliz.
A 6 de
dezembro de 1755 falecia Antônia da Encarnação, sua mãe, estando
ele com apenas 9 anos. O fato de se ver sem os carinhos maternos em
tenra idade se gravou tão fortemente em seu espírito, que, homem
feito, tinha um ar espantado. Por outro lado, Domingos, seu pai, de
uma ora para outra se viu cercado por 7 filhos, todos menores, tendo
o mais velho 17 anos, e a menor, Antônia Rita, pouco mais de dois.
Uma
sombra pesada de tristeza caiu sobre a família, vindo o pior ocorrer
dois anos depois, quando levado pela saudade e pelo desânimo,
falecia Domingos da Silva dos Santos.
Fatos
contemporâneos
Quando
nasceu Tiradentes era rei de Portugal D. João V, opulento, faustoso,
beato, tendo-se caracterizado seu reinado pela corrupção aqui e na
Corte portuguesa.
As minas
de ouro do Brasil forneciam a riqueza que alimentava essa ostentação
que desmoralizava os costumes, outrora severos, que fizeram Portugal
grande e respeitado.
A
Capitania de Minas Gerais tinha então, aproximadamente, 100 mil
habitantes, espalhados em grande parte pelas serras e rios, na faina
de descobrirem ouro e diamantes. Os diamantes, na sua totalidade,
pertenciam à Coroa, enquanto o ouro era explorado pelos faiscadores
que eram obrigados a pagar, depois do ano de 1751, um quinto do que
extraia das lavras. Como era difícil fiscalizar a parte reservada ao
fisco real, depois de muita discussão entre os representantes do rei
e as Câmaras das Vilas, ficou estabelecido que o povo da Capitania
pagaria anualmente de imposto, pelo ouro extraído, 100 arrobas
anuais (1.500 quilos). Era uma imposição exagerada a que,
pacientemente, se submeteu o mineiro, ante o temor de passar por
inconfidente, isto é, de não merecer mais a confiança do
rei, ser preso, os bens arrecadados para o Erário real, e em dados
casos ser até enforcado e esquartejado. Isso era da lei e toda gente
pagava com enorme sacrifício, pois além das 100 arrobas de ouro,
quatro outros tributos caíam sobre o infeliz povo.
Os
governadores nomeados para a Capitania das Minas traziam sempre
instruções para fazerem cada vez mais renderem os tributos,
enquanto nenhum melhoramento se fazia em benefício dos habitantes. O
famigerado governador José da Cunha Menezes levou o tempo todo do
seu governo em construir uma cadeia pública, onde os presos sofriam
por qualquer coisa que muitas vezes nem estava na lei, mas que feria
o orgulho do insolente governador.
Os
soldados em geral, pertenciam a milícias particulares, e estes, em
compensação, recebiam pomposos título em recompensa, entrando, no
entanto, com as despesas da manutenção dessas milícias, que
estavam sempre dispostos a defender os bens e interesses da Coroa.
Não faltavam os vaidosos que assim compravam os títulos de Coronel,
Tenente-coronel e outros mais. Entre eles, Joaquim Silvério dos
Reis, que era Coronel da Cavalaria dos Campos Gerais, muito vaidoso,
senhor de 200 escravos e muitas fazendas, que morava na Borda do
Campo (hoje Barbacena).
Tiradentes
entrou como soldado num regimento que pagava soldo. Era o Regimento
da Cavalaria Paga das Minas Gerais, que servia junto aos
governadores. Em breve era Alferes e passou a comandar uma patrulha
que vigiava o caminho que ligava Vila Rica ao Rio de Janeiro.
Levantava mapas de municiamento da tropa: prendia os contrabandistas
de ouro e diamantes; informava todas as ocorrências sob sua
vigilância. Era brando, comedido e leal para com seus comandados.
Exercia também a profissão de protético, surgindo desse fato a
alcunha de Tiradentes. Os escravos nas senzalas, o povo em geral,
acorriam para que o Alferes aliviasse suas dores, e ele o fazia de
boa vontade. Era quando ouvia as queixas com referencias aos pesados
tributos que seus conterrâneos tinha que pagar a um rei sempre
faminto de ouro. Começou ele então a murmurar, irado, contra isso.
Ao mesmo tempo via que dependia em grande parte da sua vigilância o
enriquecimento da Coroa.
À falta
de escolas superiores tinham os pais de mandar para além-mar os
filhos estudarem. Ficavam desterrados, às vezes por anos, e isso era
um fator velado, de revolta. Mas ao voltarem, tinham os filhos outra
mentalidade, e sofriam ao verem sua pátria em tão lamentável
estado, sobre pesados grilhões de uma exploração sem fim.
Outros
estudantes, filhos da América Inglesa (depois Estados Unidos) não
puderam suportar esse regime de opressão, se levantaram contra a
poderosa Inglaterra e proclamaram sua independência.
Poucos
anos depois, um estudante brasileiro se encontrava na França com um
desses jovens libertadores. Thomas Jefferson e pediu que auxiliasse o
Brasil na sua libertação. Thomas Jefferson prometeu algum auxílio,
mas nada se pode concretizar porque esse estudante brasileiro, que se
chamava José Joaquim da Máia, pouco tempo depois falecia em Lisboa.
Tiradentes,
porém, que há muito bradava contra a opressão do seu povo,
continuava a falar em todas as oportunidades que se ofereciam,
dizendo sempre que ele queria mais do que libertar! Ele queria
restaurar a sua terra, explorada, roubada, ignorante, sem nenhum
conforto e progresso, porque os cruéis dominadores nada construíam
nela e só queriam oprimir e levar suas riquezas.
Em breve
passou ele da palavra para os fatos. Destemeroso, possuído de uma
flama patriótica invencível, pouco se lhe dava saber que poderia
ser preso e esquartejado, se continuasse na sua pregação.
Veio ao
Rio e fez uns requerimentos para conseguir canalizar as águas do
Andaraí e Maracanã para dentro da cidade, construindo então
chafarizes para vender a água, ruim e difícil na época. Pedia
ainda à Coroa Real licença para construir um embarcadouro para
gado, no porto. O terceiro seria a construção de um trapiche, para
guardar as mercadorias a serem embarcadas ou as que se desembarcassem
dos navios.
Depois
de esperar que os requerimentos fossem à Lisboa e voltassem teve
oportunidade de se encontrar com um moço, já formado, que voltava
de além-mar para o Brasil. Era ele José Alvares Maciel. Passou a
conversar com o Alferes sobre a independência americana e o que isso
significava para a liberdade.
Tiradentes
inflamado
Em dado
instante Alvares Maciel encarou-o e disse:
– Lá
na Europa todo mundo estranha que o Brasil não faça o mesmo que a
América Inglesa. O Brasil é muito mais rico e poderoso, mas os
moços são diferentes dos de lá...
O
Alferes não se conteve. “Ah! Se todos tivessem o meu ânimo”,
disse com olhar brilhante de revolta. E ficou repetindo a frase
muitas vezes. “Sinto em mim a vontade de botar esse Vice-Rei
abaixo, e mandá-lo para a Corte com um recado... Não precisamos
aqui deles!”
Alvares
Maciel ficou impressionado com tamanha exaltação, e viu que ali
estava uma chama viva de amor à sua terra.
Continua não no próximo post.
Fonte:
Forjadores do Mundo Moderno, Editora Fulgor, edição 1968, volume 6. Autor: Luís Wanderley Torres.
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4 comentários:
Interessantíssimo o post de hoje. Desde menina que oiço falar no Tiradentes, mas nada sabia dele. Incluso imaginava que fosse um indígena, no estilo do Viriato, não sabia que era um militar, e menos ainda filho de um português.
Um abraço
embora esse post não esteja ainda concluído, tenho k lhe dar os parabéns pelo interesse do mesmo.
a História é uma ciência maravilhosa. o Tiradentes, desde criança, foi uma personagem k sempre me fascinou, embora tivesse dele, uma impressão um pouco tosca e rude. o achava bruto e destemido, e em certa medida, até o foi, mas sempre lutou pela sua Pátria e pelos direitos de seus conterrâneos.
beijos e dias de renascimento.
Muito boa essa postagem meu amigo!
Bem cheia de informações e parece que você teve que pesquisar muito para escrever.
Parabéns meu amigo, gostei bastante!
Olá, Furtado!
Quando estamos na escola, pouco sabemos dos personagens que fizeram nossa história.
A sua dedicação, nos permite conhecer detalhes da vida de Tiradentes, que até então desconhecíamos, mas que agora, faz toda a diferença!
Agradeço, excelente semana, abraços carinhosos
Maria Teresa
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