HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA – PARTE 4
Mas o crescimento do poderio econômico e militar de
Cartago, muito aumentado com a conquista da Península Ibérica, não
poderia nunca ser visto com bons olhos pelos romanos. Nessas
condições, logo estalou a guerra entre os dois gigantes do
Mediterrâneo. No início, a sorte das armas foi favorável a
Cartago, que chegou a invadir a “Itália” por terra, a partir da
Península Ibérica. É de se notar que as crônicas revelam que uma
boa parte do exército cartaginês era composta de tropas
“espanholas” e “portuguesas”, o que mostra bem a rápida
assimilação dos povos da península pelo invasor cartaginês, sem
dúvida muito facilitada pela mestiçagem fenícia já ali existente.
Apesar dos seus esforços, contudo, Cartago acabou sendo derrotada e
destruída completamente pelos romanos. Então a península passou
para o domínio de Roma. Mas não sem alguma resistência local.
Especialmente nos territórios que hoje pertencem a Portugal, a
resistência contra o invasor romano foi tenaz, dirigida pelo
lendário Viriato. Tenaz, mas inútil porque, salvo o episódio de
Sila e de Sertório, o domínio romano na Península Ibérica
permaneceu inconteste até a derrubada do Império pelas invasões
bárbaras, isso já no século V da nossa era. Os bárbaros foram
numerosos: primeiramente os vândalos, os alanos e os suevos, e logo
mais os visigodos, que iriam dominar a península por três séculos,
até a invasão árabe.
Animados pelas conquistas que haviam feito em pouco
menos de 100 anos desde que Maomé começara a pregar a nova religião
de Alá, e também pelas lutas intestinas que grassavam no Império
Visigótico, os muçulmanos se propuseram a invadir a Europa pela
Península Ibérica, para levar a Guerra Santa a outros povos e a
outras nações. E, de fato, depois de se apossarem dos territórios
visigóticos do norte da África – Ceuta, a antiga Septum dos
romanos – os sarracenos, chefiados por um capitão mouro de nome
Tarique, transpuseram o Estreito de Gibraltar e invadiram a Península
Ibérica em nome do Califa de Damasco. Aliás, a denominação
Gibraltar (Gebel Tarique) deriva exatamente do nome desse general
mourisco.
O último rei visigótico da península – Rodrigo –
tentou se opor à invasão árabe, mas o seu exército foi
completamente destroçado na Batalha de Guadelete, cessando a partir
daí qualquer resistência organizada contra o invasor muçulmano,
exceto em algumas pequenas regiões montanhosas do norte da
península, para onde se retiraram alguns capitães visigóticos –
Pelágio, em especial – com suas forças, fundando as chamadas
primeiras monarquias cristãs da Espanha: Oviedo e Leão.
Com a queda do Império Visigótico, começou a
administração muçulmana da península, primeiramente sob a forma
de um emirado subordinado ao Califa de Damasco e, mais tarde, como um
reino separado: o Califado do Ocidente, com sede em Córdoba. Quase
oito séculos durou o domínio muçulmano na península: desde o
início do século VIII da nossa era, até 1492, quando Granada, o
último baluarte mouro na Espanha, caiu em poder dos exércitos
cristãos de Fernando e de Isabel. Todavia, esse domínio nunca foi
inteiramente pacífico porque as regiões montanhosas do norte da
península nunca foram completamente subjugadas, nem mesmo por
ocasião do maior avanço muçulmano na Europa, quando as suas tropas
atravessaram os Pirineus e se apossaram de boa parte da atual França.
Obs: Com relação as informações históricas e
geográficas contidas neste post, favor considerar a época da edição
do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7.
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