HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 86
LITERATURA ESPANHOLA - III
Na literatura que descreve e narra a conquista de novos
territórios assinala-se: Hernan Cortés (1485-1574) com os relatos
oficiais de suas viagens e conquistas e Cristóvão Colombo com seu
Diário de Bordo e suas cartas, mas, os grandes narradores são,
realmente, Gonzalo Fernández de Oviedo (1478-1557) – que revela
dons de historiador em sua “Historia general y natural de las
Indias” – e Bartolomé de las casas, que adota a humana
perspectiva de observar os fatos históricos e de acusar os
conquistadores para defesa dos povos originais em sua famosa
“Brevísima relación de la destrucción de las Indias”.
Poeta que antecede o culteranismo pelo brilho
metafórico, sonoridade rítmica e eloquência é Fernando de Herrera
(1534-1582), continuador de Garcilaso e lider da escola poética de
Sevilha, caracterizada pelos enriquecimentos formais, imagísticos e
de estrato sonoro desenvolvido. “A la victoria de Lepanto”, “A
don Juan de Austria” e “Por la pérdida del rey don Sebastián”
são suas principais composições poéticas. Assinala-se em Herrera
aspectos estilísticos que seriam desenvolvidos por don Luis de
Gongora y Argote (1561-1627) e dariam origem ao culteranismo. Gongora
revela suas qualidades de poeta, seja em nível popular, seja em
elaborações herméticas. Há em seus versos, na realidade, um
excesso de inversões da ordem sintática, uma abundância
imagística, uma acumulação de figuras, certas obscuridades, mas a
compilação de estilo é sempre empregada para criação de recursos
musicais ou para destaque semântico. Sua obra-prima é “Soledades”,
mas, incluem também muitas composições em trovas, novelas e
poemas, como “Polifemo” e sonetos diversos. Sua obra máxima é
bem representativa da direção geral do barroco na lírica de
Espanha; seu estilo teve divulgação e imitadores em toda a Europa.
O florescimento da poesia mística encontra
desenvolvimento notável, tanto numa orientação informada pelo
renascimento em Fr. Luís de Granada ou em Fr. Luís de León
(1504-1588; 1537-1591), como numa direção determinada claramente
por elementos barrocos, em Santa Teresa de Ávila ou em San Juan de
la Cruz (Teresa de Capeda y Ahumada-1515-1582; Juan de
Yepes-1542-1591). Fr. Luís de Granada apresenta-se como dominicano
que traz em si o tomismo e o misticismo que transmite em estilo que
se adapta com naturalidade ao conteúdo expresso e sua oratória é
excelente tanto no caráter preciso de assuntos práticos como nas
alturas poéticas dos assuntos sublimes. Fr. Luís de León é dotado
de vigorosa visão platônico-idealista e sua habilidade garante-lhe
a classificação como um dos maiores poetas de sua pátria. É
notável a defesa dos camponeses e a afirmação do espírito de
tolerância religiosa nos escritos deste renascentista utópico.
Santa Teresa de Ávila é merecidamente considerada a maior
representante do poético místico, como o revela sua técnica de
transmitir artisticamente o sublime através de excepcional
criatividade imagística sensível em “La Moradas o Castillo
Interior”. Juan de Yepes y Álvares está imortalizado na harmonia
de seu estilo e na suavidade de sua expressão, como observado em
seus três livros: “Subida al Monte Carmelo”, Cântico
espiritual” e “Llama de amor viva”. Talvez seja S. Juan de la
Cruz um dos mais perfeitos harmonizadores das duas tendências
básicas da literatura e do lirismo, em especial, em terras de
Espanha: o realismo espontâneo e a exaltação espiritual.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7.
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Um comentário:
Excelente post que nos dá um panorama do que é a literatura espanhola.
Rosemildo, tenha uma boa semana com os que lhe são caros.
Abraço,
Renata Cordeiro
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