HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 75-
LITERATURA RUSSA – III
Segunda metade do século XIX
O prestigio da literatura russa afirma-se
definitivamente com as obras lançadas na segunda metade do século
XIX, autêntica época áurea de criação da linguagem artística.
Como seus representantes máximos aparecem os escritores Ivan
Turguenev (1818-1883), Fiódor Mikailovich Dostoiévski (1821-1881) e
Lev Tolstoi (1828-1910).
Turguenev é um observador terno e amargurado de uma
Rússia já anacrônica que inutilmente pretende estabilizar-se.
Observa-se no estilo de Turguenev seu europeísmo e culto da
perfeição formal; em sua temática são notáveis as descrições
de costumes, as apresentações paisagistas e a presença do povo.
Seus romances têm os títulos de “Memorias de um caçador”,
“Pais e Filhos”, “Dmitri Rudin”, “Fumaça”, “Terras
Virgens” e “Águas Primaveris”. Por suas doutrinas de
“subversão nulista” e pelas críticas que lançou à
administração tzarista sofreu prisão e exílio.
Fiódor Mikailovich Dostoiévski desenvolve a linha de
indignação social resolvida na adoção do misticismo e do
messianismo universal. Em sua obra observa-se a ausência da natureza
e o predomínio da realidade psicológica e social; a primeira
revelando o domínio dos homens por um mal universal, a segunda
demonstrando lucidamente os aspectos de uma sociedade absurdamente
organizada. A lúcida recusa à resignação perante um sofrimento
sem causa aparente caracteriza seus heróis, como Muishkine em “O
Idiota” ou Aliocha em “Os Irmãos Karamazov”. Na obra deste
defensor dos humilhados e ofendidos aparecem os romances: “Pobre
gente”, terna narrativa sobre um pequeno empregado; “Recordações
da casa dos mortos”, que apresenta a trágica vida dos
penitenciários russos; “Crime e Castigo”, análise psicológica
dos criminosos; “Os Irmãos Karamazov”, sua obra-prima; “O
Idiota”; “Humilhados e Ofendidos”; “Alma Casta” etc.
Dostoiévski participou do desenvolvimento da imprensa periódica
como fundador das revistas “O Tempo” e “A Época”.
Lev Tolstoi é um artista extremamente sensível,
notável na observação simultaneamente realista e idealizadora do
povo russo. Seus romances de grande densidade descrevem perfeitamente
os costumes e analisam com maestria a psicologia de seus
compatriotas. Em sua produção literária assinala-se: “Ana
Karenina”, visão da sociedade russa que assume posição de uma
das maiores obras da literatura do século; “Sonata de Kreutzer”,
apresentação da miséria social dos servos e operários;
“Ressurreição”, tentativa utópica de sintetizar o cristianismo
místico, o hinduísmo, o budismo e o socialismo idealista; “Guerra
e Paz”, quadro da sociedade russa na década de invasão
napoleônica que constitui sua obra-prima e um dos romances maiores
da literatura universal. Como obras menores Tolstoi apresenta: “O
reino de Deus está dentro de ti”, “Ivan Ilytch”, “O Poder
das Trevas” etc
Importante, ainda, é o escritor Anton Pavlovitch
Tchekov (1860-1904), cujas novelas, embora breves, apresentam
singular densidade de percepção, como o demonstra a mais
dignificativa delas: “Os camponeses”. Sua principal contribuição
consiste na atividade de dramaturgo que desenvolveu com objetividade,
humorismo e realismo e compôs a partir da observação dos dramas
interiores do ser humano. Entre suas obras contam-se: “As três
irmãs Ivanov”, “Tio Vania”, “História Melancólica”, “O
Quarto número Seis”, “A estepe” “Pesadelo”, “Os
Inimigos”, “Queridinha”, “O Pomar das Cerejeiras” e “A
Feiticeira”. Destaca-se no estilo de Tchekov a simplicidade e a
observação humorística da vida.
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora
Fulgor, edição 1968, volume 7.
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Um comentário:
Estou voltando de uma ausência para o aniversário do meu blogue, o zambeziana...para ficar!
Na visita aos meus amigos, encontrei esta bela postagem sobre história que me interessou bastante. Vou rever as anteriores.
Está tudo bem por aqui?
Saudades tuas...
Um beijo amigo
Graça
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