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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Literatura ocidental-Parte 35.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 35

LITERATURA INGLESA

George Bernard Shaw (1856-1950) encerra a época vitoriana e inicia os tempos atuais. Shaw é destacado romancista, dramaturgo, humorista e teórico de uma espécie de socialismo. Como teórico do socialismo publicou o famoso livro “Fabian Essays in Socialism”; mas, a fama e renome de Shaw é, sobretudo, justificada por suas peças teatrais, dentre as quais é difícil selecionar algumas apenas. Excelentes, certamente, são: “Saint Joan”, “Major Barbara”, “Doctor's Dilemma”, “Man and Superman”, “Andocles and the Lion”, “Back to Mathuselah”, “Captain Brassbound's Conversion”, “The Devil's Disciple”, “The Apple Cart”, “Heartbreak House” e as demais...

Iniciada a época vitoriana com a figura típica do cidadão Kipling, concluída pode ser com sua completa negação: Edward Morgan Forster (1879), autor de “A Passage to India”. O antkipling E. M. Forster é notável no combate ao nacionalismo e ao imperialismo britânicos.

Tempos atuais

Virginia (Stephen) Woolf (1861-1923) é autora dos romances “Jacob's Room”, “Mrs. Dalloway”, “To the Lighthouse” e “Orlando”, nos quais aparece sua preocupação fundamental com a significação dos fatos passados inseridos no presente para a justificação da existência humana.

Aldous Huxley (1894) publicou como romancista: “Antic Hay”, “Brave new world”, Those Barren Leaves”, “Point Counter Point” e “Ecless in Gaza”. Huxley é crítico constante da sociedade e do intelectualismo e a evolução de sua obra atesta um progressivo pessimismo místico. A estruturação de seus romances consiste na apresentação do presente e do passado sem ordem objetiva temporal.

Graham Greene (1904), G. K. Chesterton (1874-1936) e Evelyn Waugh (1903) são todos importantes escritores do catolicismo atual. Green – autor de “Stamboul Train”, “Brighton Rock”, “The Heart of the Matter”, “The Ministry of Fear” e “The End of the Affair” – é o romancista do silêncio de Deus e da angústia do homem, bem como dos paradoxais processos da Salvação e da Graça. Chesterton é autor de contos de detetive (“Padre Brown”), romancista (“The Man who was Thursdey”), ensaísta e biógrafo. Gilbert Keith Chesterton muito contribuiu para a renovação da mentalidade católica. Evelyn Waugh é mestre do humor impiedoso em sua amargura, como o revelam suas obras principais: “A Handful of Dust”, Brideshead Revisited” e “The Loved One”.

Merecem destaque, ainda, escritores como: Joseph Conrad (1857-1924), romancista do mar e do destino humano (“Lord Jim” e “Under Western Eves”); D. H. Lawrence (1885-1930), que desenvolve a temática do sexo e dos mistérios do subconsciente (“Sons and Lovers”, “Lady Chatterley's Lover”); William Somerset Maugham (1874), construtor perfeito de romances (“Of Human Bondage”, “The Moon and Sixpence”) e de contos (“The Trembling of a Leaf “ e “Rain”); KatherineMansfield (1888-1923), contista sutil da solidão dos seres humanos (“In a german Pension”, “Prelude”, “Bliss”, “The Garden Party”, “The Dove's Nest” e “Something Childish”; e, sobretudo, James Joyce (1882-1941). Joyce renovou a técnica do romance com seus livros “Ulisses” e “Finnegan's Wake” ao combinar com perfeição o realismo e a introspecção num contexto simbólico extraordinário através do recurso ao monólogo interior ampliado.

O mais notável poeta da literatura inglesa moderna é o norte-americano de nascimento T.S. Eliot (1888), cujos poemas estão reunidos em “Collected Poems”. O tema central da poesia intelectual e trágica de Eliot é a angústia perante a necessidade de descobrir o sentido da existência humana. Thomas Stearns Eliot é também um dos maiores ensaístas (“The Sacred Wood, “Selected Essays”, “The Use of Poetry and the of Criticism” e “On Poetry and Poets”), além de excelente dramaturgo – poeta em “Murder in the Cathedral”.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 80/81.


Meus queridos amigos!

Depois de quase três meses de ausência, tempo utilizado para solução de assuntos particulares, eis que, com a graça de DEUS, aqui estamos de volta para agraciar-nos com o maravilhoso convívio de todos vocês.

Aproveitamos a oportunidade, para agradecer pela valiosa compreensão, informar que estamos bem, e que, aos poucos, todas as visitas serão retribuídas, pois, como sempre, a recíproca será verdadeira.

Muito obrigado de coração.

“QUE DEUS SEJA LOUVADO”

Rosemildo Sales Furtado

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Literatura Ocidental - Parte 34.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 34

LITERATURA INGLESA

O renome alcançado em vida por Kipling é entregue honrosamente na atualidade a um escritor que, enquanto vivo, era considerado mero narrador de estórias: Robert-Louis Stevenson (1850-1894). Stevenson, romancista, ensaísta e poeta – é, essencialmente, um dos raros escritores capazes de alcançar o profundamente humano e criar poderosos mitos. “Treasure Island”, “Black Arrow” e “The Master of Ballantrae” representam bem a obra deste escritor notável.

Outro criador de mitos é Sir Arthur Conan Doyle (1859-1930), que, conjugando Ulisses e Aquiles transpostos aos tempos modernos, apresenta seu heroi Sherlock Holmes em aventuras que se inserem num verdadeiro ciclo lendário. Sir Arthur Conan Doyle é, com justiça, reconhecido como o pai do romance policial.

A tradição francesa de Júlio Verne encontrou sua correspondente continuação com Herbert George Wells (1866-1946). George Wells apresenta de original tanto sua pretensão de fundamentar sua visão cientificista prospectiva em uma ciência exata e sólida quanto uma concepção filosófica essencialista e pessimista segundo a qual a inteligência seria a causa fundamental do Mal... De sua abundante produção citaremos “The Time Machine”, “The Invisible Man”, The War of the Worlds”, “Kipps, the Story of a Simple Soul” e Mind at the End of Its Tether”.

O final do século apresenta a escola realista e dois de seus mais importantes representantes ingleses: John Galsworthy (1867-1932) e Thomas Hardy (1840-1928). Galsworthy conjuga um humanismo generoso a certo humor ácido em Forsyte Saga” e “The Silver Box”. Thomas Hardy, romancista e poeta, escreveu “The Mayor of Casterbridge”, “Jude the Obscure” e “Tess of the d'Uberville” – os dois primeiros significativos pela maneira como retrata os personagens e o último também importante pela beleza de suas cenas rurais e pelo completo domínio do trágico habilmente revelado. Como poeta, sua obra-prima é “The Dynasts”, drama que reúne o lírico, o dramático e a dimensão épica.

Outro poeta é Algernon Charles Swinburne (1835-1909) hábil senhor dos aspectos melódicos do verso e do lirismo. De sua obra podem ser citados “Poema and Ballads” e Songs before Sunrise”. Poeta também é William Butler Yeats (1865-1939), um dos principais do chamado Renascimento Literário da Irlanda e um dos maiores da literatura mundial moderna. Yeats é criador de um universo simbólico de extrema força e significação poética, seja em seus poemas (“The Rose”, “The Tower”, “The Winding Stair” e “Last Poems”), seja nos versos de suas peças teatrais (“The Land of Heart's Desire”, “The Shadowy Waters”, “The Hour Glass”, “The King's Threshold” e “A Full Moon in March”).


Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 78/79.

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Literatura Ocidental - Parte 33.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 33

LITERATURA INGLESA

Outros romancistas da época vitoriana são: George Eliot (1819-1880), Charlott e Emily Bronte (1816-1855; 1818-1848), Anthony Trollope (1815-1882) e Wilkie Collins (1824-1889). George Eliot, que seguiu o exemplo de George Sand não só na adoção de um pseudônimo (seu nome real é Mary Ann Evans como pela técnica de análise de personagens e pela admirável apresentação do meio rural. “The Mill on the Floss” e “Silas Marner” são seus romances principais. As irmãs Bronte, Charlotte e Emily, destacam-se pela autoria respectiva de “Jane Eyre”, em que se revela a capacidade de penetração psicológica de Charlotte, e “Wuthering Heights”, um dos grandes romances modernos. Anthony Trollope, escritos de enorme quantia de livros, é o autor de “The Warden” e de “Barchester Towers”, nos quais podemos apreciar o domínio da técnica narrativa e um vigoroso realismo. Wilkie Collins é autor de romances de mistério e terror, dentre os quais destacamos “The Moonstone”. Thomas Carlyle (1795-1881), autor de “Heros and Hero Worship” e de “French Revolution”, foi considerado historiador emérito e original crítico social – juízo reformulado atualmente nas avaliações mais serenas e objetivas. Seu estilo é afetadamente estranho pelo emprego de coloquialismos e de uma linguagem decididamente “não” inglesa, dado o excesso de estrangeirismo e de palavras compostas pelo próprio Carlyle. Autor realmente importante na época e no século seguinte é o cardeal John Newman (1801-1890), um dos fundadores do movimento de Oxford. Este movimento de inspiração religiosa combatia o liberalismo e pretendia a restauração do ritualismo na Igreja Anglicana. John Henry Newman, que adotou a religião católica, está imortalizado com sua obra e, de uma maneira especial, com “Apologia Pro Vita Sua”, comparável às “Confissões” de Santo Agostinho. É excelente a técnica estilística de Newman e a serena nobreza que caracteriza esta autobiografia religiosa.

Pertence, ainda, à época vitoriana o esteticista John Ruskin (1819-1900) que propugnou o culto à beleza e ao ideal nos domínios artísticos e sociais para a eliminação da insinceridade e da corrupção no primeiro domínio e das funestas consequências do industrialismo no segundo. Representam suas ideias “Stones of Venice” e “Unto this Last”.

La belle epoque (1870-1940)

Caracterizam esta época o apogeu da grandeza imperial, a exacerbação nacionalista e o terrível otimismo conquistador e ingênuo. Exemplo notável de tais grandezas imperialistas oferece-nos a obra de Rudyard Kipling (1865-1940) que publicou diversos livros, dentre os quais “Kim” e “Book of the Jungle”, e que pode ser resumido plenamente em suas ideias e visão do mundo através da leitura do seu poema “If”, citado nas antologias escolares.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 77/78.

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Literatura Ocidental - Parte 32.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 32

LITERATURA INGLESA


Época vitoriana (1840-1870)

De uma maneira geral, a época vitoriana ampliou a força política da classe burguesa ao incluir também a camada média da população e, paralelamente, aguçou os sofrimentos das classes trabalhadoras. Houve, ainda, um reavivamento da religião e a emancipação do catolicismo nesta época de progresso científico e de expansão do imperialismo britânico. Literariamente, ocorreu a tomada de consciência quanto ao decadentismo romântico e a reação muito contribuiu para o florescimento literário notável subsequente. A forma literária característica da época vitoriana é o romance. 

O grande poeta do período é Lord Alfred Tennyson (1809-1892). Tennyson sobrevive em suas obras: Ulysses, Morte D'Arthur e The Lotus Eaters. Embora musicalmente magníficos, seus versos apresentam certa superficialidade e excesso de ornatos que empobrecem seu julgamento atual. O casal Browning – Robert Browning (1812-1889) e Elizabeth Barret Browning (1809-1861) – lideram a chamada escola pré-rafaelista que se caracteriza pela tendência à descrição minusciosa das cenas. Robert Browning escreveu o excelente poema dramático denominado Pippa Passes a obra-prima da literatura inglesa The Ring and the Book. Elizabet Barret Browning demonstra sua notável capacidade poética com seu livro “Poems”, no qual se encontram os imortais “Sonnets from the Portuguese”.

O gosto pelos romances muito devem pelo aparecimento e popularidade das grandes revistas as quais estão ligados os escritores da época. Charles Dickens (1812-1870) publicou em 1833 um conto de sua autoria no Monthly Magazine e, nesta revista e no Evening Chronicle, publicou a seguir diversos textos e romances em fascículos mensais, como “Shetches by Boz”, “Oliver Twist” e outros. Mais tarde, Dickens torna-se editor da revista Household Words (1849) e adquire maturidade de romancista. Deste escritor de enredos complicados e de sentimentalismo ingênuo que pretende alcançar a justiça social através da caridade devem ser citadas obras como “David Copperfield”, “Bleak House”. A Tale of two lities, “Little Darrit” e “Great Expectations”. Outro romancista que foi também editor é William Makepeace Thackeray (1811-1870), o qual se diferencia de Dickens por sua recusa do ingênuo sentimentalismo e porque não idealiza os personagens. William M. Thackeray é o autor de “Vanity Fair, A Novel without a Hero”, no qual aparece claramente o contexto social da época vitoriana através do comportamento dos personagens que apresenta.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 76/77.

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Literatura Ocidental - Parte 31.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 31

LITERATURA INGLESA

A segunda geração romântica, composta por Percy Bysshe Shelley, Lord Byron, Sir Walter Scott e John Keats (aos quais correspondem, respectivamente, as seguintes datas: 1792-1822; 1788-1824; 1771-1832; 1795-1821, destaca-se por uma visão revolucionária que considera a poesia como expressão anárquica, o gênio como uma espécie de loucura e o herói como desordem moral.

Shelley, cuja poesia é essencialmente musical, demonstra seus sentimentos revolucionários em The Revolt of Islam e em Queen Mab, onde apresenta as mesmas ideias que, por terem sido consideradas subversivas, haviam motivado sua expulsão da Universidade. Destaca-se, ainda, em sua obra: The Cenci, Prometheus Unbound e Hellas, dramas significativos.

George Gordon Byron expressa um pessimismo extremo unido à coragem de combater preconceitos e opiniões. Sua influência sobre a literatura mundial tem sido vigorosa criando escolas “baironistas” na França, na Alemanha e no Brasil, por exemplo. Em sua obra são célebres: Childe Harold's Pilgrimage (poema em quatro cantos), Mazeppa (poema narrativo) Don Juan (sátira épica plena de realismo e humor) e Manfred (poema dramático).

John Keats apresenta inicialmente corajosa combatividade (Written on the Day that Mr. Leigh Hunt Left Prison, To Kociusko e Anniversary of Charles II's Restoration, são exemplos ótimos) e, posteriormente, uma decadente exaltação esteticista, durante a qual produz os famosos poemas: Ode on a Grecian Urn, Ode on Melancholy e Ode to a Nightingale.

O final do século XVIII assinala a popularidade do romance negro. Anne Radcliffe (1764-1822) publica em 1791 The Romance of the Forest e, quatro anos mais tarde, The Mysteries of Udolpho. Maior influência exerceu Mathias Lewis (1775-1818), cujo romance The Monk gozou imensa popularidade entre os escritores europeus ao ser traduzido.

Sir Walter Scottt inicia o romance histórico quando, reanimando lembranças da cavalaria escocesa medieval, tenta transmutar valores do passado em mitos quase épicos para o presente. São exemplos de seus romances históricos-escoceses: Rob Roy, Inanhoé e Guy Mannering.

O início do século XIX marca o aparecimento dos perfeitos romances de Jane Austen (1775-1817) com a apresentação da vida burguesa em quadros cheios de humor e de encanto. A técnica de Jane Austen para a criação de personagens e para revelações dos caracteres através de diálogos é bem atestada por Sense and Sensibility, Pride and Prejudice e Northanger Bay.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 75/76.

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quarta-feira, 30 de maio de 2012

Literatura Ocidental - Parte 30.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 30

LITERATURA INGLESA

Romantismo

Se o romantismo francês anunciava um movimento histórico-cultural revolucionário, o romantismo em solo inglês é claramente caracterizado por uma ambiência contra-revolucionária. Filosoficamente amparado nas ideias de John Locke (1632-1704), Shaftsbury (1671-17313), David Hume (1711-1776), Thomas Reid ( 1710-1796) e Jeremy Bentham (1784-1832), caracteriza-se na Inglaterra principalmente pela nostalgia do passado e pela aspiração de libertação em todos os domínios. O intenso interesse pelo passado origina o aparecimento de antologias, como as de Thomas Percy (1729-1811) e de Thomas Warton (1728-1790), e, até mesmo, a “fabricação” de poesia antiga, como os poemas de Macpherson (1736-1796). Macpherson pretendia-se simples tradutor de um lendário bardo gaélico do século terceiro chamado Ossian. Os pretensos ossiânicos apresentam uma imagística impressionista e uma ambiência de ternura e melancolia, mas também um estilo grandiloquente em excesso. O interesse despertado pelas tradições permitem o aparecimento de Robert Burns (1759-1796), considerado o melhor poeta escocês, que se expressa poeticamente principalmente no dialeto da Alta Escócia, o highlander. Burns é notável em sua poesia lírica e canções de amor, mas, deve-se considerar também o poema pleno de humor e humanidade denominado “Tam o' Shanter”.

O ano de 1798 marca o aparecimento de Lyrical Ballads, autêntica carta de princípios do romantismo inglês escrito por Samuel Taylor Coleridge e por William Wordsworth, é um ensaio crítico que apresenta seus princípios poéticos básicos dentre os quais destacam-se: necessidade de ocupar-se o poeta das situações cotidianas simples, preferência pela dicção coloquial, descrição dos sentimentos elementares pela facilidade de contemplação e de comunicação que oferece o estado de simplicidade em que são formados, abandono da tradicional dicção poética e das personificações de ideias abstratas. Esta fundamentação teórica para o renascimento da moderna poesia inglesa é completada pela obra de Coleridge denominada Biografia Literária e publicada em 1817. Trata-se de um verdadeiro tratado sobre a natureza da poesia.

Como poeta, William Wordsworth destaca-se como um dos melhores sonetistas na literatura de seu país. Sua visão do mundo é panteísta e plena de amor e simpatia para com a infância e de ternura em relação a natureza. O poeta Coleridge é sobretudo alguém atraído pelos temas românticos sobrenaturais que encerram verdades morais. Quanto a seu estrato sonoro é excelente em musicalidade e na criação de imagens incomuns, como pode ser observado em seus melhores poemas: Kubla Khan, The Rime of the Ancient Mariner e Christabel, o qual, aliás, apresenta o emprego de acentos e não de pés como base de seu ritmo e, assim, une magnificamente a exata melodia adequada à história sobrenatural. Christabel antecipa a moderna prosódia inglesa.

Coleridge exerceu influência direta sobre os chamados poetas laquistas, que aceitaram as novas ideias sobre a natureza do assunto poético e da linguagem própria da poesia.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 73/75.

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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Literatura Ocidental - Parte 29.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 29

LITERATURA INGLESA

Daniel Defoe e Jonathan Swif (1661-1731; 1667-1745) pertencem ao aparecimento do moderno romance. Defoe destaca-se em seus romances Robinson Crusoe, Moll Flanders e A Peste de Londres pela vivacidade de estilo quase jornalístico, pelo otimismo em que o homem através da inteligência é capaz de completo domínio sobre a natureza e vigor estilístico. Swift é, certamente, o maior prosador satírico da literatura inglesa e mestre notável de clareza de exposição e de argumento. Escreve Jonathan Swift as famosas Viagens de Gulliver, originalmente denominadas “Travels into Several Remote Nations of the World by Lemuel Gulliver”, em que ironiza acremente as loucuras, o animalesco, a falsidade da educação, a opressão, a política e demais aspectos encontrados no mundo humano. Viagens de Gulliver são exemplos magníficos da chamada observação microscópica na técnica narrativa e descritiva. Ambos os escritores, Defoe e Swift, marcam a passagem da narração mais ou menos alegórica ou satírica ao moderno romance de costumes.

Continuam a tradição dos autores de Robinson Crusoe e Viagens de Gulliver um grupo de escritores, cujos romances apresentam centralização sobre o indivíduo em sua unicidade não abstratamente transmissível: Samuel Richardson (1698-1761), Henry Fielding (1707-1754), Tobias Smollet (1721-1771), Lawrence Stern (1713-1768), Oliver Goldsmith e Horace Walpole (1717-1797). Richardson é considerado o primeiro romancista que, ao lado do sentimentalismo, emprega a análise psicológica e, portanto, o romance de personagens: sua obra principal é “Pamela”: or, Virtue Rewarded” – simultaneamente realista na forma e idealista no plano geral e no propósito moral. Henry Fielding, autor do primeiro grande romance de língua inglesa: “The History of Tom Jones, a Foundling”, distingue-se pela vivacidade de diálogos, pela vigorosa narrativa, pelo realismo psicológico e por uma básica simpatia em relação aos seres humanos. Tobias Smollet é o criador do romance náutico bem representado por sua obra “The Adventures of Roderick Random”, caracterizada pela atitude irônica de narração. Lawrence Sterne combina agradavelmente humor e sentimento em suas duas obras principais: “The Life and Opinions of Tristan Shandy. Gent” e “A Sentimental Journey through France and Italy, by Mr. Yorick”. Tanto “Tristan Shandy” quanto A Sentimental Journey” apresentam traços excelentes de prosa colorida e rítmica, assim como simplicidade descritiva dos fatos cotidianos em seus aspectos sentimentais e humorísticos. Goldsmith escreveu o célebre “The Vicar of Wakefield” no qual une uma ingênua visão de vida idílica a uma prática sabedoria e forte senso comum. Horace Walpole inaugura o romance supernatural e aterrorizante conhecido como romance gótico; é autor de “The Castle of Otranto”, conto falsamente medieval que, talvez, inaugure também as modernas histórias de detetives.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 72/73.

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quarta-feira, 16 de maio de 2012

Literatura Ocidental - Parte 28.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 28

LITERATURA INGLESA

Época neoclássica e romantismo (1660-1800)

O reinício da expressão literariamente válida é marcado pela reabertura dos teatros em 1660. Historicamente, observamos o aumento da potência marítima inglesa, o avanço da colonização do Império e, a partir da segunda metade do século XVII, o início da revolução industrial de grandes consequências sócio-econômicas e culturais.

O renascimento da dramaturgia pode ser atestado pela existência de autores como: John Dryden (1631-1700), Nathaniel Lee (1645-1692), William D'Avenant (1606-1698), George Etheredge (1634-1693). Dryden é, incontestavelmente, a grande figura literária do período. Dryden inaugura o classicismo da restauração com sua excelência na crítica realizada lucidamente, maestria na sátira e perfeição de estilo. Em sus imensa produção devem ser destacadas as seguintes obras: All for Love, The Medall, A Satyr against Sedition, Song for St. Cecillia's Day e Alexander's Feast.

Sir Willian D'Avenant, autor de The Siege of Rhodes, muito contribuiu para a modernização do teatro ao introduzir a mobilidade de cenários e permitir a representação a mulheres. Etheredge destaca-se pela apresentação de personagens que são reais e não os tradicionais tipos de humor; domina com técnica o emprego do “heroic couplet” e pode ser considerado um dos inventores da comédia de intriga: em sua comédia “Love in a Tub” escreve com realismo e desenvolve o tema da guerra entre os sexos. N. Lee escreve The tragedy of Nero, Emperor of Rome – um dos melhores exemplos do gênero teatral da época, denominado tragédia heroica – e The Duke of Guise, em colaboração com Dryden.

Oliver Goldsmith pertence já ao declínio do neoclassicismo e destaca-se mais como romancista do que como autor de peças teatrais, entre as quais, no entanto, deve-se considerar The Gold: Natur'd Man devido a sua irresistível comicidade.

Paralelamente ao renascimento teatral há o renascimento da crítica e da sátira, ao qual já nos referimos ao considerarmos a figura de Dryden. Acrescentemos agora os nomes de Samuel Butler e de John Oldham (1612-1680; 1653-1680): o primeiro é o autor de violentíssima sátira antipuritana de Hudibras, notável pelo humor e irreverência; o segundo, autor de Careless Good Fellow, bem inferior a Butler.

A restauração da liberdade de opinião com a abolição da censura em 1695 favorece o aparecimento de periódicos nos quais se destacam os famosos panfletários Daniel Defoe e Jonathan Swift. O primeiro periódico literário surgiu na Inglaterra em 1680, portanto, quinze anos após o primeiro periódico europeu, o “Journal des savants” publicado na França.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 71/72.

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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Literatura Ocidental - Parte 27.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 27

LITERATURA INGLESA

Outras manifestações isabelinas, além da imensa realidade teatral, são o lirismo, o ensaísmo, o eufuísmo e toda uma literatura de exaltação patriótica poético-histórica resultante da tomada de consciência política do povo inglês. A alegoria é representada por Edmund Spencer (1552-1599), autor da famosa obra The Faerie Queene. Esta novela alegórica é também obra de exaltação patriótica, pois é dedicada inteiramente a Gloriana, na realidade a Rainha Isabel. O enfuísmo é bem representado por John Lyly (1554-1606), precursor de Shakespeare. Lyly deu início à escola com seu primeiro livro: Euphuism – caracterizado pela artificialidade de estilo e pelo emprego de antíteses enfatizadas pela aliteração constante. Francis Bacon (1560-1626) escreve, em inglês, ensaios sobre a crítica, uma história de Henrique VII e uma narração utópica intitulada New Atlantis; no entanto, é certo que sua obra de caráter filosófico em latim, entre as quais o Novum Organum, é a grande razão de sua glória e que fundamenta, junto ao Discurso sobre o método de Descartes, uma nova maneira de aprender e analisar o real que caracterizaria a Europa moderna.

A literatura de enfuísmo pode ser representada por Warner (1558-1609), autor de Albion's England, história versificada da Inglaterra; Samuel Daniel (1562-1619), versificador de “Guerra de Yorque e Lancaster”; Michael Drayton (1563-1631), autor de Polyalbion, versos nacionalistas em trinta “chants”.

Época puritana (1620-1660)

A época puritana é decadente em manifestações culturais e literárias. Foi neste período, dominado pela figura poderosa de Oliver Cromwell, que a vitoriosa revolução puritana fechou os teatros e contribuiu para a morte do drama posterior a Shakespeare e expulsou a poesia para os círculos universitários. O público que frequentava os teatros em 1640 era um povo frustrado que apenas aceitava farsas grosseiras. O puritanismo absolutista matou a dramaturgia com o pretexto de defender a “região” e a “moral” e decapitou o rei Charles em nome da “justiça”. Os únicos gêneros literários que conseguem sobreviver a este obscurantismo cultural são as controvérsias políticas e religiosas, os sermões e as exortações moralistas. Os únicos nomes de relativa importância são os de Thomas Fuller (1608-1661), autor de The Worthies of England; Jeremy Taylor (1613-1661), autor de sermões; Robert Burton (1577-1640), autor de vasta compilação de comentários e citações em língua latina intitulada Anatomy of Melancholy.

Embora a época puritana seja de imensa pobreza literária, foi neste período que surgiu o grande poeta John Milton (1608-1674). É, portanto, Milton, a máxima expressão clássica atingida pelo puritanismo inglês e tem sido modernamente aproximado aos poetas metafísicos numa linha de desenvolvimento burguês do barroco. Milton alcançou notoriedade com a excelente epopeia cristã que descreve a queda do homem e suas consequências: Paraíso Perdido. Outras obras de J. Milton são: L'Allegro, II Penseroso, Samson Agonist, Paradise Regained e Areopagítica. Os poemas menores de Milton conservam a perfeição da forma métrica, a riqueza de imagens poéticas e a grandeza de música verbal.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 69/71.

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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Literatura Ocidental - Parte 26.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 26

LITERATURA INGLESA

Fato paralelo notável é a popularidade que adquire o gênero teatral. Nicolas Udall (1505-1556), primeiro dramaturgo inglês, apresenta uma adaptação de peça escrita por Plauto. Udall dá forma literária e apresenta em palco sua adaptação no ano de 1553. Nove anos mais tarde surge uma adaptação mais perfeita: trata-se da primeira tragédia em moldes clássicos apresentada em palco inglês e seus autores são Gorboduc de Thomas Sackville e Thomas Northon (1536-1608; 1532-1584). Sackville e Northon modificaram o tema de uma tragédia de Sêneca, inserindo sua temática na crônica dos reais anglo-saxônicos. A multiplicidade de adaptações para o teatro é tão rica como a observada em relação aos poemas clássicos e renascentistas vertidos na mesma época para a língua inglesa. Os autores de Itália fornecem o material primeiro para as obras de Whetstone (1544-1587); Terêncio, Eurípedes e Ariosto servem para a inspiração de George Gascoigne (1525-1577). Durante vinte anos, muitos autores realizarão experiências semelhantes.

O público adepto de teatro aumenta e, progressivamente, torna-se mais exigente. Companhias teatrais permanentes, itinerantes e sedentárias, encontram as necessárias condições para constituição a partir da primeira, em 1580. Este imenso e rápido desenvolvimento teatral encontra apoio concreto com a construção de salas diretamente organizadas para enfrentar a demanda popular. A adaptação de peças estrangeiras alcança cada vez mais a forma de inspiração e retomada de temas com progressiva originalidade. Entre os mais notáveis de tais autores teatrais deve ser destacado Christopher Marlowe (1564-1593), precursor de Shakespeare, autor de imensa obra dramática que pode ser bem representada pela citação de “Fausto” e de “O Judeu de Malta”.

William Shakespeare (1564-1616)

William Shakespeare “o poeta da humanidade”, segundo Anatole France – inaugura a grande época da literatura inglesa. Possuidor de imenso vocabulário que emprega expressivamente e com propriedade notável, Shakespeare conhece e reproduz esta lúcida consciência que tem da natureza humana. Apresenta em sua obra os três séculos da evolução histórico-social da Inglaterra: Hamlet, Othelo, Macbeth, King Lear; King Henry VIII, Romeo and Juliet; The Merchant of Venice (inspirado no já citado “The Jew of Malta” de Christopher Marlowe); The Merry Wives of Windsor , The Tempest e A Midsummer Night's Dream – entre as principais de suas 17 comédias, 10 tragédias e 10 dramas.

Além de poeta em sua obra de dramaturgo, Shakespeare eleva-se como poeta em poemas autônomos de excelente conteúdo lírico. Sua riqueza imagística e densidade num conjunto impecavelmente organizado, bem como a nobreza e musicalidade intimamente unidas à apresentação do pensamento já o colocariam na posição que, inegavelmente, ocupa como um dos maiores escritores da humanidade.

Outros criadores da época isabelina são Ben Johson (1574-1637), autor de Volpone e Epicoene; Thomas Dekker (1570-1641); George Chapman (1559-1634), tradutor de Homero, dramaturgo que retoma temas históricos franceses e autor de The Widdowes Teares onde se assinala a presença simultânea do trágico e do cômico; Francis Beaumont (1584-1616) e John Fletcher (1579-1625).

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 68/69.

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quarta-feira, 28 de março de 2012

Literatura Ocidental - Parte 25.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 25

LITERATURA INGLESA

Fim da idade média

As novelas medievais inglesas estão unidas no mais popular ciclo anglo-francês: as lendas do Rei Artur e dos cavaleiros da Távola Redonda. A ele pertence a novela do século catorze escrita por autor anônimo em dialeto West Midland “Sir Gawain e o Cavaleiro Verde”. Sir Gawain é composto também em versos aliterativos e apresenta grande perfeição de narrativa e de estrutura. A esta literatura épica pertencem igualmente os grandes temas comuns a toda a Europa, colocando ao lado do ciclo arturiano o ciclo de Carlos Magno. No fim do século XIV surgiram baladas de inspiração idêntica e que celebravam as aventuras de Robin Hood. No início do século seguinte um poeta ambulante desconhecido reúne diferentes episódios deste mito que lentamente se desenvolvera e forma um todo coerente – “Façanhas de Robin Hood” – sintetizador dos ideais, da fé, da cólera e da esperança de todo um povo. Autêntica criação coletiva, será durante um século retomada e enriquecida em aspectos fundamentais como o da inclusão de uma companheira de Robin para desenvolvimento de tema amoroso. Todos os mitos populares em que se projetam a crença no bem, no belo e no nobre estão resumidos nesta obra.

A grande figura inicial da literatura inglesa é, inegavelmente, Geoffrey Chaucer (1340-1400). Tradicionalmente qualificado de “Pai da literatura inglesa”, destaca-se por suas obras famosas “Troilus e Cressida” e “Contos de Canterbury”. Chaucer foi artista exímio no domínio das formas poéticas francesas e arguto observador do mundo em que vivia, bem como conhecedor profundo dos seres humanos aos quais contemplava com amigável e compreensivo sentimento. Esteve em proveitoso contato com Dante e com líricos franceses e italianos. Tendo traduzido obras para o inglês – como o Romance da Rosa, por exemplo – exerceu profunda influência sobre a língua ainda em processo de fixação.

Também John Wycliff (1320-1395) exerceu influência sobre a posterior fixação da língua inglesa ao traduzir a Bíblia. A versão de Wycliff foi terminada e completada por Hereford e Purcey. Este trabalho literário e religioso serviu de base para a versão definitiva da Bíblia inglesa.

Pouco antes da era elizabeteana, surgem dois importantes poetas líricos: Thomas Wyatt e Henry Howard, o Conde de Surrey (1503-1542: 1517-1547). Ambos sofreram influência imensa do lirismo petrarquiano e ambos utilizam afetadamente uma técnica muitíssimo desenvolvida.

Época elizabeteana (1560-1610)

O imenso desenvolvimento literário inglês que acompanha, com ligeiro atraso, a aceleração súbita do desenvolvimento interno e a extraordinária afirmação do poderio da época elizabeteana, demonstra a elevação cultural como resultante de lento processo natural de acumulação. Elizabeth, ao proporcionar a ampliação do ritmo de vida em todos os domínios e a consequente tomada de consciência do povo, coloca as bases sócio-econômicas para a riqueza literária subsequente.

A primeira antologia inglesa – Miscellany, escrita por Tottel em 1557 – é publicada um ano antes da ascensão de Elizabeth. As grandes obras clássicas e renascentistas são traduzidas ou adaptadas à linguagem poética e, desta multiplicidade, saem as formas inglesas que introduzirão autores do mundo literário extra-britânico como reais influências na literatura de alto nível e significação.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 66/68.

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quarta-feira, 21 de março de 2012

Literatura Ocidental - Parte 24.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL

LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 24

LITERATURA INGLESA


Período inicial anglo-saxônico

O solo da Gran-Bretanha presenciou a fusão de inúmeros povos que, sucessivamente, a invadiam. Quando a ilha de Bretanha foi invadida pelas legiões romanas no primeiro século anterior à era cristã, essas legiões conseguiram submeter à força os celtas, mas não os povos do norte – os scots e os pictos – que se concentraram em suas montanhas. As incursões desses invictos ancestrais dos escoceses forçaram a construção da muralha de Adriano ao redor da colônia romana. Como consequência da diminuição do poderio romano, os bretões tiveram que recorrer ao auxílio dos piratas anglos e saxões da Dinamarca para poder conter seus vizinhos scots. Os anglo-saxões vieram auxiliar os bretões, fizeram-no e, logo, os dominaram apossando-se do país. O primeiro rei anglo-saxônico mal terminava a formação de um só Estado quando retornaram com violência os dinamarqueses. Em 1066, finalmente, ocorre a invasão e o domínio normando comandado por Guilherme, o conquistador.

Os romanos haviam fracassados ao tentar a latinização dos celtas, os bretões não foram absorvidos pelos saxões e os dinamarqueses formaram uma camada marginalizada. Séculos foram necessários para que pudesse ser realizada uma síntese original das diferentes camadas de estratificação, seja no aspecto social, político ou linguístico. Evidentemente, não é de se estranhar que também a literatura apresente dois estratos bem afastados; um latino-cristão de inspiração religiosa e um popular que engloba tradições cristãs e não cristãs.

A primeira obra produzida na Inglaterra pertence à tradição saxônica anterior à invasão da Bretanha e ao grande fundo comum da tradição germânica. Trata-se da epopeia brutal de Beowulf, herói bárbaro escandinavo. Sua provável data de composição é do século VI a.C., mas, apenas como literatura oral. O único manuscrito que nos alcançou data de 1000 a.D. E apresenta estrutura não-cristã com inserção de aspectos cristãos. Este poema épico apresenta uma notável visão da vida dos saxões; é de agradável leitura, embora com dificuldades do dialeto em que está escrito; está fundado poeticamente no verso aliterativo; e, indubitavelmente, prova a existência de um grande poeta da civilização anglo-saxônica. Notável deve ter sido também outro poema épico semelhante a Beowulf e que comemora a batalha de Brunanburh ocorrida em 937. Infelizmente, de “A Batalha de Brunanburh” somente possuímos uma versão em prosa. Neste poema da literatura heroica não-cristã em processo inicial de cristianização exalta-se a força, a guerra e os massacres, sem que transpareça a ternura humana que intervém nas novelas francesas de cavalaria.

“A Batalha de Brunanburh” em sua versão prosaica está incluída na “Crônica Anglo-Saxônica” redigida pelo rei Alfredo no século IX. Cronicões semelhantes surgiram nos séculos posteriores. Inicialmente apareceram inúmeras vidas de santos escritas por clérigos e posteriormente tornaram-se frequentes os manuais práticos escritos em prosa e que, normalmente, consistiam de traduções do latim. Esta tradição histórica parece anunciar a predileção dos escritores ingleses pelo gênero biográfico. A estratificação da literatura em solo inglês é completada no período normando pela existência de uma escola literária de expressão latina e de uma escola literária palaciana de expressão francesa. A esta última pertencem obras conhecidas como “Façanha dos Bretões”, “Os Rebentos de Maria da França” e “A Procura do Santo Graal”.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 64/66.

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