quarta-feira, 15 de junho de 2022

Grandes vultos: Santos Dumont - Parte 19.

Blériot
 

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

SANTOS DUMONT – Parte 19.

Á 22 de maio de 1906 – bradam ainda os defensores da prioridade dos Wright – eles obtiveram uma patente de avião com motor. E Santos Dumont ainda não voara! Sai desta, seu Gondin!

Chantagem! Pirataria! Em maio de 1906 a quadrilha Wright-Chanute possuía a certeza plena de que alguém na França, na Inglaterra ou em qualquer parte da Europa ia voar. Existiam prêmios de aviação instituídos. Havia gente estudando, experimentando. Chocava-se o ovo. O pinto quebraria a casca mais hoje mais amanhá. Então, que golpe baixo arquitetaram? Registro de patente. Talvez para impedir que Santos Dumont ou alguém do seu grupo voasse nos Estados Unidas. Eram enredadores, mistificadores, litigantes, gananciosos.

Mas que prova essa patente de invenção? Simplesmente que a “gang” Wright-Chanute arquitetava, no cérebro, um aparelho de voo mecânico. Mais nada. Pensavam. Isso em maio de 1906. Isso quando Santos Dumont, Blériot e outros não pensavam apenas – mas realizavam.

Se registro de patente provasse prioridade, a invenção dos aparelhos a jacto devia ser atribuída aos Medeiros e Albuquerque. Diz ele no segundo voluma das Memórias.

Em Paris, em 1911, eu li a descrição dos motores de aviões. Neles se produzem explosões de gases, que impelem os pistões dos motores e é esse movimento aproveitado para fazer girar as hélices. Desde logo que acudiu a ideia de que seria possível suprimir os motores: Fazer com que as explosões dos gases movessem diretamente a própria hélice. Para isso, um meio simples: se o eixo das hélicas fosse oco e fossem ocas e perfuradas as bordas das pás das mesmas de um dos lados, os gases das explosões, entrando pelos eixos e escapando-se por um dos lados das pás fariam girar as hélices. Seria exatamente o mesmo princípio dos torniquetes hidráulicos. Apenas, em vez de água, gases.

Como alguém me tivesse encorajado, decidi-me a pedir patente para a minha ideia. Foi a patente francesa nº 427.217 de 13 de março de 1911. Com a minha absoluta inabilidade para explorar coisas industriais, nunca procurei tirar proveito disso. Sete anos depois, Nova Iorque, meditando sempre sobre o caso, vi que se podia ir mais adiante. Em 1911, eu perguntara:”Para que motor?” Em 1918, eu perguntei: “E para que hélice?” Os gases, em vez de passar pelas pás das hélices, para obriga-las a se moverem, podiam ser projetados diretamente na atmosfera.

Continua

GONDIN DA FONSECA

2 comentários:

Lucinalva disse...

Olá Rosemildo
Ótima postagem, um forte abraço.

Jornalista Douglas Melo disse...

Rosemildo,
Achei bem interessante o teu “blog”, com muita história/biografia sendo narradas e isso é saber valorizar a cultura.
Um abraço deste teu novo amigo carioca e boa semana!!!

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