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Guerra Junqueiro |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
MARTINS
JÚNIOR – PARTE – 05
Rangel
Moreira testemunha:
“Era
já um espírito de cultura apreciável, afeiçoado à investigação
e a crítica, dirigido com firmeza por um caráter de dotes
peregrinos. Daí a posição de realce que logo conseguiu no seio de
seus colegas. As primeiras vitórias não perturbaram, entretanto, a
serenidade e a modéstia de sua alma de eleito: serviram, apenas,
para estimular as nobres virtudes do seu coração e as energias
poderosas do seu talento. De 79 a 83 foi extraordinária a atividade
intelectual de Martins Júnior. A Literatura e a Filosofia tiveram
nele um estudante apaixonado e um divulgador de mérito;
preocuparam-no, durante aquele quinquênio, importantes questões
sociais e políticas, que analisou e discutiu com segurança,
entusiasmo e brilho.
Abolicionista,
republicano e livre-pensador, bateu-se ardorosamente pelos seus
ideais, revelando-se em todas as situações um lutador fidalgo e
destro”.
Quando
estudante de Direito, publicou dois livros de versos: Estilhaços e
Visões de Hoje, e, ainda, o “escorço de um livro futuro” sob o
título de Poesia Científica.
As
poesias de Estilhaços foram escritas no período que vai de 1877 a
1882, e, como o nome indica, são agressivas. Nota-se, em boa parte
de sua obra poética, a influência de Guerra Junqueiro:
“O sol rompeu agora as
névoas do oriente.
Formoso, sensual, ciclópico,
esplendente,
num raio seu dourou as cúpulas
do espaço
que alveja como o linho e
fulge como o aço!”
Foi um
ardoroso positivista e, no soneto que citarei a seguir, aparece o
discípulo de Augusto Comte, revolucionariamente:
“Podeis abrir no espaço as
bocas estridentes
ó
torvas criações da vesga Teologia!
Mas antes aprendei: A evolução
sombria
matou no santo hastil a escura
flor dos crentes!
Não vingam doravante as
pútridas sementes
os germens que alentais no pó
da sacristia.
O
tempo – a grande mó – na eterna romaria
ensandeceu a terra aos gritos
dos videntes…
Debalde, pois marchais por
entre o nebuloso,
buscando o vosso Olimpo
anêmico, ocioso,
oculto pelo azul do plácido
horizonte.
Debalde! Pois que mesmo o vão
Metafisismo
envergou a libré sem cor do
anaironismo,
quando, bela, surgiu a Lei de
Augusto Comte!”.
Continua
BRASIL
BANDECCHI