![]() |
Antônio Coelho Rodrigues |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
CLÓVIS
BEVILÁQUA – PARTE - 13
Sabia
Rui que o ponto fraco da sociedade da época era o bom conhecimento
da língua. Não acredita que um professor nordestino esteja em
condições de elaborar o projeto, obra que exige qualidades
excepcionais do escritor. Daí seus brados de alerta à nação: “Aí
está, porque ao nosso ver, a sua escolha para codificar as nossas
leis civis foi um rasgo do coração, não da cabeça. Com todas as
suas prendas de jurisconsulto, e expositor, não reúne todos os
atributos, entretanto, para essa missão entre todas melindrosa.
Falta-lhe ainda a madureza das suas qualidades. Falta-lhe a
consagração dos anos. Falta-lhe um requisito primário, essencial,
soberano para tais obras: a ciência da sua linguagem, a
vernaculidade, a casta correção do escrever”.
Estava
pronto o estopim.
Não
concordo com o que insinuam que Rui estivesse corroído pelo ciúme.
Conheço-o bem e jamais foi encontrado em tal pecado. O zelo de Rui
se inspirava em seu nunca desmentido patriotismo. De resto, as obras
mais autorizadas e atuais chamavam a atenção para a técnica
legislativa e a necessidade de uma linguagem perfeita na elaboração
das leis. (Cf. Geny, Science et technique en droit privé positif,
111/456). O próprio Clóvis estimou que Rui se preocupasse com a boa
redação do Código, apenas lastimando a inoportunidade da revisão
de forma.
Antes de
conhecido o projeto, pulularam gramaticoides a fazer um triste e
desafinado coro, com o estribilho dado: Clóvis não sabia escrever…
O que me causa pasmo é um Coelho Rodrigues, alto expoente da
intelectualidade brasileira, o mesmo que já havia tentado, por
incumbência do Governo, escrever um projeto, também ele saiu a
desmerecer a linguagem de Clóvis. E o faz, como? Nestes termos: “A
crítica da Imprensa não podia ser respondida de outro modo por
quem, como eu, havia notado na melhor das obras do Sr. Dr Clóvis, o
“Direito da Família”, expressões como estas: vedação
proibitiva, euritmia do Direito,Italiotas, tronco ancestral,
consorciar-se, (por casar), morbose, remaridar-se, cenogênese...”
Enumera, assim, mais umas poucas palavras ou expressões, que
enfaticamente eleva à categoria de rebuscados arcaísmos ou
arrevesados neologismos;
Continua
MANUEL
AUGUSTO VIEIRA NETO