Princesa Isabell |
GRANDES
VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
JOSÉ
CARLOS DO PATROCÍNIO – PARTE 07.
Patrocínio,
ignorando em sua extensão a campanha abolicionista em São Paulo,
dizia, injustamente na “Gazeta da Tarde” de 1883, obediente a seu
radicalismo sem tréguas: Ceará é o herói da abolição. São
Paulo é o castelo forte do hediondo escravagismo”. Ressaltam seus
biógrafos que a admiração de Patrocínio pelo Ceará nasceu da
coragem dos jangadeiros, que se opunham a servir-se de instrumento
aos núcleos escravocratas do sul, quando São Paulo e Minas faziam o
comércio ostensivo desta mercadoria humana, pleiteando o alargamento
do cativeiro em benefício de suas fazendas. Contudo, os paulistas
José Bonifácio, com seu projeto de lei para extinguir o comércio
escravo, Paulo Eiró, com seu drama “Sangue Limpo” contra a
escravidão, Luís Gama, Antônio Bento, Raul Pompéia, André
Rebouças e outros formavam grupos ativos na luta pela libertação,
que não se pode ignorar. Há que sobressair, também, a libertação
dos escravos do Largo de São Francisco.
Patrocínio
tinha certa razão de mágoa contra o Sul porque o apelidaram de
“preto cínico” e puseram sua cabeça a prêmio. Este aspecto da
conduta radical de Patrocínio levou-o, na época, à prática de
muitas injustiças, inclusive com amigos. Seu passionalismo não
admitia ideias contrárias á abolição, assim como sua gratidão
aos que “aquinhoaram” a Pátria com a chamada ”dádiva” da
libertação, chegava às raias do dramático como aconteceu com à
Princesa Isabel, por ele alcunhada de “Redentora”. No dia 13 de
maio de 1888, José do Patrocínio, chegava aos pés de Isabel,
carregado pelo povo, e, quando subiu as escadeiras do Paço, onde a
mesma se encontrava após ter assinada a Lei Áurea, num de seus
arroubos felizes, disse-lhe: “Minha alma, de joelhos, sobe as
escadarias deste paço para beijar vossos pés”. Às palavras
seguiu-se o gesto, tendo sido, então, obstado pelo Conde D’Eu, que
lhe pôs as mãos aos ombros e disse: “Não exagere, Sr.
Patrocínio, não exagere...”
Continua…
S. SILVA
BARRETO
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