GRANDES VULTOS
BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS
ATIVIDADES
TOBIAS
BARRETO – PARTE 10.
E depois
de ouvir um aparte que não se referia à matéria e em que foi
chamado de oportunista, continuou:
“Pelo
que toca, ao ponto de vista civil, não há dúvida que se faz
necessário emancipar a mulher do jugo de velhos princípios,
legalmente consagrados. Entre nós, nas relações de família, ainda
prevalece o princípio bíblico de sujeição feminina. A mulher
ainda vive sob o poder absoluto do homem. Ela não tem como deveria
ter, um direito igual ao do marido, por exemplo, na educação dos
filhos: curva-se, como escrava, à soberana vontade marital. Essas
relações, digo eu, deveriam ser reguladas por um modo mais suave,
mais adequado à civilização”.
Ao ouvir
essas afirmações, o Deputado Clodoaldo investe:
– “Com
igualdade absoluta de direitos é impossível a família”.
E Tobias
fulmina a questão levantada:
– “Igualdade
absoluta! São termos que se repelem, pois a igualdade é uma
relação”.
Mas
Clodoaldo é teimoso:
– “O
que eu quero dizer é que não compreendo a sociedade conjugal sem
uma autoridade”.
Tobias
elucida:
– “Essa
autoridade estaria na lei. O que eu desejava, pois, era que a lei
regulasse as relações de família de tal maneira que não pudesse
aparecer nem a anarquia nem o despotismo”.
Volta o
aparteante:
– É o
que temos”.
E ouve a
contradita:
– “Perdão!
Nós temos o despotismo na família”.
Um
deputado chama a atenção para o peso do cérebro feminino que era
inferior ao do masculino. O autor de Estudos Alemães examina a
observação e faz algumas perguntas que embatucam os contendores:
“Portanto,
não obstante a inferioridade em volume, e no que mais possa ser, a
questão permanece a mesma: Qual é o peso normal do cérebro humano?
Qual é o peso que determina a aptidão para as ciências? Se é
possível que a mulher, tendo, na hipótese, um cérebro de peso
inferior ao do homem, mesmo assim se desenvolva, mesmo assim cultive
com proficiência este ou aquele ramo científico, para que mais
lançar mão de semelhantes argumentos, que não passam de
conjecturas, já desmentidas pela experiência? Com efeito, já não
se trata de uma mera possibilidade, trata-se de um fato: tem existido
na época de hoje mulheres notáveis, que se hão dedicado com
vantagens a estudos superiores. É um fato: para que desconhecê-lo?
Continua…
BRASIL
BANDECCHI