HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA BRASILEIRA –
PARTE 23
Ao misticismo, à consciência
religiosa de Alphonsus Guimaraens que, em Pastoral aos crentes do
amor e da morte, atingem uma forma de ser santidade, junta-se de
Mário Pederneiras a valorização do cotidiano, das coisas simples.
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Gonzaga Duque |
No princípio do século XX,
quando – ainda – atuantes, caminhando lado a lado parnasianos e
simbolistas; quando Alberto de Oliveira, parnasiano, e Augusto dos
Anjos, simbolista, autor do “Eu e outras Poesias”, lançam livros
no mesmo ano – 1912 – a par da prosa simbolista, iniciada por
Cruz e Sousa em Missal (1893), e que teve um seguidor admirável em
Gonzaga Duque, autor do romance Mocidade Morta – surgem romancistas
da expressão de Graça Aranha, cujo Canaã (1902) tematiza, numa
linguagem plástica, musical, artisticamente trabalhada, o
caldeamento de correntes migratórias (latina e germânica) na terra
que o romancista julgava promissora. De um lado, romancista como Lima
Barreto, da linha machadiana, mestre em retratar a vida dos subúrbios
do Rio de Janeiro, como se lhe vê no Triste fim de Policarpo
Quaresma; Coelho Neto, fecundo, escritor de inúmeros recursos
léxicos, a espelhar em A Conquista, a boêmia literária do seu
tempo. Do outro lado, os contistas e romancistas do regional, como
Valdomiro Silveira de Os Caboclos, Afonso Arinos de Melo Franco de
Pelo Sertão, João Simões Lopes Neto de Contos Gauchescos, Afrânio
Peixoto de Maria Bonita (fixação do ambiente baiano), Monteiro
Lobato de Urupês e Cidades Mortas. São contistas e romancistas que
apresentam suas personagens com o vocabulário típico e a vida
regional que vivem. Desses, Lobato deve ser considerado o mais
importante: seus contos escritos com extraordinário domínio das
situações cômicas e, a par, numa linguagem rica de colorido e
movimento – e em certo sentido, são modeladores. Lobato possuía a
arte de narrar, de contar histórias: daí nossa literatura infantil
tê-lo como seu autor mais representativo... Finalmente, em outo
setor, o filosófico, Farias Brito, discípulo de Bergson e autor de
dois livros austeros para a história do pensamento puro, no Brasil:
Mundo Interior e Base Física do Espírito – passa a ser
considerado, entre nós, pela sistematização de suas ideias
espiritualistas contra o Materialismo, um filósofo por excelência,
aquele que, trabalhando em prol do conhecimento, faz com que toda
ideia valha como um ato criador.
Finda a
primeira Grande Guerra (1914-1918), novas ideias, visando a solução
de problemas psicológicos e de fenômenos sociais, atingiram o setor
da Literatura e, aqui, no Brasil, sua repercussão foi imensa. O
romance da década de 30, por exemplo, que se bifurcou em dois
aspectos: o social e o de vida interior, recebeu fortes influencias
do Marxismo e do Bergsonismo, então em voga na Europa. De 1933 é o
Cacau, de Jorge Amado, início de uma série de romances que formarão
um ciclo, o chamado “ciclo do cacau”, em que a exploração do
trabalhador, simbolizando a luta de classes, exemplifica um processo
desumano da realidade social, debatido por Marx; de 1936 é o
Amanuense Belmiro, de Ciro dos Anjos, cuja personagem central se faz
reger pela memória e, através desta,reconstrói seres, coisas e
acontecimentos.
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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