HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA
BRASILEIRA – PARTE 03.
Bento Teixeira Pinto é,
literalmente, o único em que repercutiu o Humanismo português. Sua
Prosopopeia, publicada em 1601, procura seguir à risca os cânones
da poesia renascentista, na qual Camoês, lhe serve de modelo. Se a
estrutura desse poema épico se molda no processo rítmico e rimático
de Os Lusíadas, seus propósitos ideativos também não se voltam
para nós: a Prosopopeia, poema constituído por 94 oitavas em
decassílabos, exalta os dois irmãos Albuquerque, Jorge e Duarte, o
primeiro dos quais governador de Pernambuco, ambos guerreiros
impávidos na batalha de Alcácer-Quibir, que Bento Teixeira
descreve. Na Prosopopeia, há uma descrição do porto de Recife e a
explicação etimológica da palavra Pernambuco – mas isso é um
quase nada para que consideremos a Bento Teixeira nosso autor, no
sentido do espírito nacional em perspectiva.
Antes de entrarmos no século
XVII, é necessário frisarmos que, embora a era colonial brasileira
correspondesse à era clássica da Literatura Portuguesa
(cronologicamente: séculos XVI – XVII – XVIII) – a repercussão
renascentista, no primeiro século da Colonia, foi nula: a não serem
Anchieta e Bento Teixeira, o primeiro a reproduzir normas estéticas
tradicionais, de natureza medieval, e o segundo a admitir a mesma
concepção de vida heroica da época portuguesa quinhentista – os
demais, cronistas e jesuítas (por excelência: cronistas e jesuítas
portugueses) – se circunscrevem a organizar uma literatura
informativa sobre a terra, à maneira dos cronistas e missionários
que acompanhavam os reis portugueses às campanhas do Oriente – uns
e outros que, com seus roteiros, relatos e descrições, formam o
verdadeiro ciclo de uma literatura de expansão.
A
nosso ver, pertence ao século XVII aquele que reputamos o autêntico
iniciador de nossa literatura: Gregório de Matos Guerra, em cuja
obra poética se acham as várias direções de uma resistência ao
luso, as inúmeras visões de um observador lúcido e intolerante em
relação ao meio, à sua gente, aos costumes, às próprias
instituições do tempo. A Bahia seiscentista está de corpo inteiro
na obra satírica de Gregório de Matos! Nesse poeta, a intuição
do ridículo não perdia sequer um lance do que se passava em
derredor: as normas convencionais da fidalguia, pretensão ostensiva
do reinol, o pernosticismo do mestiço – tudo envolto em intrigas e
escândalos que tematizam a arte do poeta, e o tornam um dos mais
agudos e impenitentes satíricos de nossa literatura, ou melhor: da
literatura em língua portuguesa. No ver de Afrânio Peixoto, a obra
de Gregório “deporá sempre de si próprio e da sociedade colonial
que retratou, documento humano, autorretrato de um povo em formação”.
Ob: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
Visite também:
Clicando aqui:
5 comentários:
Muito interessante. E educativo, já que tenho aprendido bastante com as suas postagens.
Um abraço
Bom dia, Rosemildo!
Tenho de confessar que de Literatura Brasileira, da sua história, nada sei, a não ser a proveniente da ligação e interação que tivemos, devido ao Brasil ser colónia de Portugal, e para aí se terem deslocado várias figuras importantes das Letras, do clero ou não.
Nunca ouvi falar de Bento Pinto, mas, logo k me seja possível, pesquisarei.
Agradeço teu contributo.
Um dia bem feliz.
Beijos e abraços para todos vocês.
Muito interessante e fiquei a conhecer um pouco melhor a literatura brasileira.
Um abraço e continuação de uma boa semana.
OI ROSEMILDO!
LITERATURA É ALGO FASCINANTE E SAÍMOS DAQUI SEMPRE, MAIS INFORMADOS.
ABRÇS
-http://zilanicelia.blogspot.com.br/
Postagens sempre enriquecedoras! Não conhecia o autor, obrigada por compartilhar, Furtado. Desejo-lhe uma semana bem produtiva e feliz.
Beijo,
da Lúcia
Postar um comentário