HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 14
Foi nesse ambiente
politicamente conturbado, e como fruto dele, no fim das contas, que
surgiu o grande cronista português: Fernão Lopes.
Não há muitos dados seguros
a respeito dos fatos de sua vida. Acredita-se, contudo, que ele tenha
nascido em 1380, de família humilde, e que tenha morrido em 1460,
mas não se sabe ao certo. Por outro lado, sabe-se com segurança que
Fernão Lopes foi nomeado, em 1418, guarda-mor da Torre do Tombo e
encarregado por D. Duarte de escrever a historia dos anteriores reis
de Portugal. No cumprimento dessa obrigação, escreveu ele várias
crônicas: Crônica de D. Pedro, Crônica de D. Fernando, Crônica de
D João I etc., a mais importante das quais é a última citada.
Fernão Lopes não foi um
cronista comum como os da época porque não se limitou, nos seus
trabalhos, a fazer uma simples descrição, embelezada, da vida dos
reis que considerou. Foi além e descreveu todo o processo histórico
revolucionário que estava ocorrendo em Portugal e de que ele tinha a
oportunidade de ser testemunha de visu, em parte. Os heróis das
crônicas de Fernão Lopes não são os reis, os nobres ou os
cavaleiros andantes medievais, mas o homem do povo, o próprio povo,
de Lisboa e das províncias, em quem ele, com exclusividade,
reconhece as grandes virtudes da lealdade e do patriotismo, do “amor
à terra”, nas suas próprias palavras. Não sem razão afirma-se
que: Fernão Lopes não é o cronista de D. João I ou de Nuno
Álvares, mas o cronista da revolução.” Além disso, as crônicas
de Fernão Lopes são escritas numa linguagem bela, num estilo
fluente e enxuto, repassado de emoção, que revelam, mais do que o
historiador, o artista, o literato. Fernão Lopes foi a grande figura
das letras portuguesas no século XV.
O exemplo de Fernão Lopes
tentou ser imitado por outros cronistas, sucessores seus, ou seus
continuadores: Gomes Eanes Zurara, que escreveu, entre outras
crônicas, a terceira parte da Crônica de D. João I (tomada de
Ceuta) e a Crônica dos Feitos da Guiné, Rui de Pina, que escreveu,
entre outras, a Crônica de D, Duarte e a Crônica de Afonso V,
Garcia Rezende, que escreveu, entre outras obras, a Crônica de D.
João II. Destes cronistas, o verdadeiro continuador da obra de
Fernão Lopes foi Rui de Pina, porque os outros dois voltaram ao
velho hábito medieval do panegírico dos personagens retratados.
Obs: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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7 comentários:
Bom dia Furtado, aprendendo e percebendo o quanto a escrita
é valiosa, muitas vezes, mais
do que as conquistas.
Fernão Lopes tem grande mérito
pelo que eternizou, agradeço,
abraços carinhosos
Maria Teresa
Li as crónicas de D. João I. E a crónica de D. Manuel I de Damião de Góis.
Muito bom, o seu texto.
Um abraço
Bom dia, Furtado
Obrigado pela força contida no seu comentário lá no meu humilde e incipiente "bloguito".
Estou apenas dando os primeiros passos, por isso todo o apoio é bem vindo.
Hoje decidi vir conhecer este seu blog, do qual me fiz seguidor.
Acho-o excelente!
Como gosto muito de História, amei estes posts.
Desejo um excelente final de semana.
Um abraço
Óscar
Caro Furtado
Che meraviglia leggere i tuoi post sulla letteratura . La tua bravura e davvero sorprendente . Ed io vengo a leggerti ben volentieri . Allora ...alla prossima . Un cordiale saluto . Lina
Visitei o seu blogue e achei muito interessante.
Um abraço e boa semana.
Muito bom... Lendo e aprendendo. obrigada. Bjos achocolatados
Olá, Rosemildo!
Como vai? Sua netinha e família, em geral?
Nesta postagem, fala-se, principalmente, e só, da biografia e da bibliografia do cronista Fernão Lopes, que foi de facto, um historiador, por excelência.
Escreveu crónicas sobre reis, onde punha em evidência o povo e seus problemas, o que até aí, não tinha acontecido.
Aquando da Revolução de 1383-85, e quando o Mestre de Avis, futuro D. João I, mandou um pajem calcorrear as ruas da cidade de Lisboa para conseguir apoio popular e para que o Conde Andeiro, companheiro de Leonor Telles, fosse assassinado, o que, de facto, veio a acontecer. Então, o pajem gritava: "Acudam, acudam, matam o mestre". Evidente que quem estava a ser morto, era o Conde Andeiro e não o Mestre de Avis (cidade no Alto-Alentejo), mas a política é, muitas vezes, mentirosa, e cada um "puxa a brasa à sua sardinha", como se diz, vulgarmente.
Dificilmente, algum historiador consegue ser imparcial, aliás, penso que ninguém o consegue ser, em qualquer área, quer seja futebol, sociedade, em geral, corrupção, prostituição (alguns dos que a criticam, muitas vezes, a utilizam)etc. etc.
O HOMEM É EXTREMAMENTE IMPERFEITO, E FERNÃO LOPES, NA SUA MISSÃO, NÃO SOUBE SER NEM TOTALMENTE VERDADEIRO, NEM IMPARCIAL.
Dias bem felizes.
Abraços.
Nota: há novo poema no meu blogue. Obrigada, desde já.
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