HISTÓRIA DA LITERATURA
MUNDIAL
LITERATURA PORTUGUESA –
PARTE 16
A obra de Gil Vicente é muito
extensa e compreende vários gêneros de teatro: peças alegóricas
(Auto das Barcas, por exemplo), peças narrativas (D. Duardos, por
exemplo), peças de temas pastoris (Auto Pastoril Português, por
exemplo), farsas (Inês Pereira, por exemplo) etc. Todavia, há uma
unidade de construção nas suas peças, qualquer que seja o gênero
delas: a abundância de personagens, mais ou menos desligados uns dos
outros, ausência da preocupação de fazer uma análise psicológica
das personalidades dos personagens, intenção de fazer uma descrição
dos costumes da época, inclusive caracterizando cada personagem pela
linguagem que lhe seria própria, e intenção de criticar. Neste
último sentido – críticas – o teatro de Gil Vicente é social,
é popular, porque ele critica principalmente a aristocracia, a
burguesia usuária e o clero dissoluto da sua época. Ao mesmo tempo,
em grande parte por causa da sua profunda formação religiosa e
mística, e também porque vivia dos favores da corte, Gil Vicente
não consegue se libertar de certos preconceitos, respeitando e
enaltecendo em suas peças certas virtudes ou ideias aristocráticas
ou burguesas: a figura do rei, a noção de patriotismo guerreiro, a
ideia de Deus, a noção de pureza sexual etc.
Entre nós, a sua peça mais
conhecida é provavelmente o Auto das barcas, que tem, inclusive,
sido levado em nossos palcos por vários conjuntos amadores e também
por um profissional, ao que sabemos. O Auto das Barcas é uma
trilogia: Auto da Barca do Inferno, Auto da Barca do Purgatório e
Auto da Barca da Glória. A influência de dante (A Divina Comédia)
nessa trilogia é manifesta, bem como a da mitologia greco-romana –
lenda de Carão ou Carone, filho de Érebo e da Noite, barqueiro no
Rio Stix que deveria transportar, na sua barca, as almas dos mortos
para o outro mundo – o que caracteriza Gil Vicente como um escritor
humanista renascentista, ao mesmo tempo que a falta de unidade
interna das suas peças caracteriza-o como um teatrólogo medieval.
Gil Vicente foi autor bilíngue (português e espanhol) e deixou
escola, mas nenhum dos seus continuadores conseguiu atingir a
estatura do mestre, o que justifica a não citação dos seus nomes
num trabalho resumido como este.
Obs: Com relação as
informações históricas e geográficas contidas neste post, favor
considerar a época da edição do livro/fonte.
Fonte: “Os Forjadores do
Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7.
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8 comentários:
Gil Vicente é considerado o primeiro grande dramaturgo português, além de poeta de renome que deixou uma marca na cultura portuguesa que vem até ao presente.
Um belo texto.
Um abraço.
Uma boa semana.
Olá Rosemildo,adoro vir aqui e saber um pouco mais sobre literatura que você descreve lindamente.
bjs e obrigada pela visita.
Carmen Lúcia.
Boa noite Furtado, gostei de saber de Gil Vicente e sua contribuição para a dramaturgia e poesia portuguesa, desconhecíamos e você, tão sabiamente, nos ofereceu, abraços carinhosos
Maria Teresa
Estivemos estudando o mês passado, o Auto da Índia. Integrado no estudo fizemos uma visita de estudo que adorei.
Um abraço
Impressionante!
Muito bom!
Receba um abraço espremido da sua Cia. De Teatro Atemporal!
Clemente.
Olá, Rosemildo!
Esta postagem é, inteiramente, dedicada a Gil Vicente e à sua vasta obra. No meu anterior comentário já tinha falado dele, mas muito pouco.
Já tina reparado, que você se baseia, sempre, na mesma fonte bibliográfica, o k, por lado, até pode ser bom, pke há uniformidade de critérios históricos, por outro, nem tanto, pke a História, e como já aqui referi, algumas vezes, não é uma ciência exata, daí que, o que o historiador "A" afirma, pode não ser o mesmo que o "B", diz, escreve.
Voltando a Gil Vicente, e estudando eu este autor e sua enorme e diversificada obra, na universidade, não estou, totalmente, de acordo, qdo nesta postagem se diz (você escreveu aqui, exatamente, aquilo k estava escrito no volume 7 dos "Os Forjadores do Mundo Moderno"), onde é afirmado k Gil Vicente não soube romper com certos preconceitos da época. E agora pergunto eu: patriotismo, DEUS, têm época?
Gil Vicente criticou a Igreja do seu tempo de forma contundente, e chegou mesmo a estar preso, por poucos dias, tal como a promiscuidade sexual vivida na altura. Se admite que um homem k se relacionou sexualmente com uma mulher casada, a transporte aos ombros, quase, devolvendo-a a seu marido, k desconhece TOTALMENTE a situação, e acha até k ela é mto honesta e séria? Pois, Gil Vicente, não poupou o adultério, nem o poderio da nobreza aristocrática, k espezinhou mto povo.
O Auto da Barca (nós, em Portugal, dizemos Barca e não Barcas, embora saibamos que eram três)foi a sua mais emblemática obra.
GIL VICENTE É, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, UM ESCRITOR HUMANISTA, EMBORA MUITO CRÍTICO, EM RELAÇÃO À SOCIEDADE DO SEU TEMPO.
Agradeço sua visita e seus votos, que retribuo.
Aquele abraço.
Retificando: 3ª linha- o k, por Um lado...
4ª linha: MAS, por outro, nem tanto...
Abraço.
Retificando: 3ª linha - Já TINHA
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