quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Grandes vultos: Tobias Barreto - Parte 08.


Clóvis Bevilaqua

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
TOBIAS BARRETO – PARTE 08.
Há no Discurso em Mangas de Camisa, mais um ponto bastante interessante e que ainda hoje se discute em todos os congressos municipalistas e que refere à aplicação das rendas municipais. Não nos esqueçamos nunca que sempre precisamos considerar os problemas apresentados e discutidos, no tempo. 25 a 30 contos de réis, em 1877, era quantia, por todos os títulos, considerável. “O Estado e a Província – protesta Tobias – sugam anualmente deste Município, sem falar de outro canais, e só do que corre pelas coletorias, de 25 a 30 contos de réis. Eis o que vai no refluxo. Vejamos agora o que vem no fluxo: 10 por cento dessa quantia, que se gaste com a magra instrução pública: 15 por cento com a justiça e seus apêndices; 20 por cento, com a política; e 1 a 2 por cento, com o artigo – religião; e o resto, a saber, mais da metade, vai perder-se em outras plagas, sendo ainda que para notar que as despesas com a polícia local são as únicas que trazem um resultado prático e sensível, pois que o cidadão, em muitas ocasiões recebe no lombo a benéfica pancada do réfe. Por sua vez a Municipalidade exercita, com o mesmo zelo, as suas funções exaurientes, e não se sabe, em última análise, em que se emprega a sua receita. Por toda a parte, pois, sob todos os pontos de vista, os mesmos sintomas mórbidos, as mesmas ânsias, a mesma angústia. As consciências como que perderam o centro de gravidade moral, e balançam-se, inquietas, em busca de um apoio. A instrução é quase nula; à medida que também é nulo o gosto de instruir-se; e temos em casa o exemplo. Acabais de ouvir que o dispêndio feito com as escolas desta cidade é muito inferior ao que se faz com a polícia: sinal evidente de atraso intelectual”.
Encerra o célebre discurso com estas palavras:
O Clube Popular Escadense, meus senhores, não nutre pretensão, que seria ridícula, de vir levantar um dique de resistência contra a corrente de tantos males, cujo ligeiro esboço acabo de fazer; mas tem o intuito de incluir no povo desta localidade um mais vivo sentimento do seu valor, de despertar-lhe a indignação contra os opressores, e o entusiasmo pelos oprimidos. E há momentos, já disse com razão alguém, há momentos, em que o entusiasmo também tem o direito de resolver questões...”
Tobias era um crítico impiedoso e não poucas vezes cometeu injustiças. Atacou Clóvis Bevilaqua quando este ainda muito jovem se preparava para o voo altíssimo de jurista e pensador. Mas Clóvis não guardava rancores e era grato a Tobias que lhe abriu a inteligência para as ciências jurídicas. E com a serenidade dos sábios escreveu sobre Tobias em capítulo inteiro no seu Juristas Filósofos, onde se lê:
Continua…
BRASIL BANDECCHI

Um comentário:

Elvira Carvalho disse...

E assim vou aprendendo um pouco mais da vossa história que de certa modo é também um pouco da nossa história.
obrigada

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