quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Grandes vultos; Tobias Barreto - Parte 07.

Casa-grande do Engenho Limoeiro Velho


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
TOBIAS BARRETO – PARTE 07.
Para o sergipano, onde há liberdade, a igualdade passa a ser uma utopia. Podendo o homem agir livremente, o que tiver melhores qualidades há de suplantar o que tiver qualidades inferiores, desaparecendo, assim, a igualdade. E não há dúvida. O importante é que todos tenham idêntica oportunidade, porque é injusto que uns tenham mais facilidades que outros, mas é evidente que os mais capazes aproveitarão melhor as oportunidades.
“Os indivíduos – ensina – ou os povos, que esquecem a liberdade por amor a igualdade, são semelhantes ao cão da fábula, que larga o pedaço de carne que tem na boca, pela sombra que vê na água do rio”. Com este exemplo, revela o que julga da liberdade e da igualdade. Quanto à fraternidade considera-a “mais um conceito religioso do que um conceito político”.
Fala em seguida, dos “privilégios sociais se não criados pela lei, criados pelos costumes, de cujos dislates a lei é cúmplice, não lhes opondo a precisa resistência. Debalde se fala em uma indistinção civil, a não ser as diferenças produzidas pelos talentos e virtudes, quando verdade é que o talento e a virtude não servem para marcar distinção entre indivíduos, considerados como frações sociais. O denominador comum é a fidalguia ou seu sub-rogado, – o dinheiro”.
Vê não só a distinção entre indivíduos, e afirma que a nossa sociedade não estava dividida somente em classes mas até em castas. Fala das lutas em que o partido vencedor passa a perseguir o vencido, perseguição essa “modificada apenas pela infâmia dos renegados e dos trânsfugas”. Lembra que o Bispo de Pernambuco, Cardoso Aires, em sua primeira pastoral foi bastante censurado porque apresentava seus diocesanos divididos em clero, nobreza e povo. Por essa classificação, Tobias critica o clero e, depois, investe contra a nobreza, “uma nobreza feita a mão, pela mor parte estúpida, pretensiosa, e ainda pior que a clerezia, pois que esta, ao menos, não manda açoitar os cidadãos, nem prendê-los no tronco dos engenhos”.
Refere-se ao povo, que era tratado com desprezo pelos chefes políticos e pela nobreza, “era perseguido, humilhado, abatido, a ponto de sobre ele os grandes disputarem e lançarem os dados, para ver quem os possui, como os judeus sortearam a túnica inconsútil do mártir do Calvário”.
E para provar o que afirmava, reporta-se ao que se passou no ano anterior ao que ali discursava, quando da qualificação dos votantes do Município da Escada. Os dois partidos – Conservador e Liberal – para indicarem que contavam com a maioria do eleitorado, o faziam pelo número de engenhos que tinham a apoiá-los.
– “Há mais engenhos do lado dos liberais, diziam estes.
– “Nem tantos, como alegam”, diziam os conservadores e acrescentavam: – “Se os liberais têm alguns engenhos de mais, os dos conservadores, em compensação, são mais extensos, mais povoados, mais ricos...”
E, diante disto, comenta:
“É, pois, evidente que, pela própria confissão das partes, está criada na Escada a açucarocracia, a qual se julga com direito a posse de todos aqueles que vieram tarde e não encontraram um pouco de terra para chamarem sua, e dentro desse domínio manejaram sem piedade o bastão da prepotência”.
“Sim, meus senhores, é a liberdade que nos falta: não aquela que se exerce em falar, bradar, cuspir e macular o próximo, porque esta temo-a de sobra, mas aquela que se traduz em atos dignos e misteriosos”. E lembra que na entrada do Parlamento Alemão, sob o retrato de Carlos Marthy está escrito:
“A liberdade é o preço da vitória, que adquirimos sobre nós mesmos”.
Continua…
BRASIL BANDECCHI


2 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Excelente texto.
Obrigado pela partilha.
Um abraço

CÉU disse...

Olá, Rosemildo!

Estive dando uma olhada pelos posts anteriores, dedicados a vultos importantes do Brasil, visto k já não comento há mto tempo tanto esse blog (tenho k poupar minhas mãos), qto o outro, e a História é, de facto, fascinante.

Tobias Barreto já vai com sete posts e ao julgar pelo k li, há ainda mto pra escrever.

Os franceses e seu lema: Liberdade, igualdade e fraternidade têm influenciado o mundo, que não sabe distinguir esses conceitos, de forma correta, em minha opinião.
Qdo há liberdade, cada um faz o k mto bem quer e a igualdade deixa de existir, se é k alguma vez ela existiu.

Beijos e tudo de bom!

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