quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Literatura Ocidental - Parte 54.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 54
LITERATURA ALEMÃ

                Richard Dehmel   
Próximo ao individualismo nietzscheniano encontra-se o escritor Richard Dehmel (1863-1920), que se distancia, no entanto, sob o ponto de vista moral-político, por sua visão socialista do mundo. Richard Dehmel é dotado de intenso sensualismo, preocupações cósmicas e sentido moral revolucionário, consequente de sua adesão ao proletariado. A produção lírica deste escritor, que se insere entre o naturalismo por sua técnica e o simbolismo por sua expressão, está coligida em “Erloesung der Venns”, “Zwei Menschen”, “Schoene wild Welt”. Pertencente a poesia de inquietude, aparece, a seguir, o poeta Arno Holz (1865-1929) caracterizado pela grande liberdade de expressão e pelo emprego do verso livre. Já Stefan George (1868-1934) inicia a “arte pura” e vã, ao estabelecer a missão da poesia no anunciar dos novos tempos (…) quando a humanidade encontraria o equilíbrio e a grandeza pelo culto ao Sol, à raça e ao sangue. O impressionismo literário alemão, anunciado por Nietzsche, considera somente o mundo atingível através de impressões provocadas e captadas pelo poeta, que se define por ser o cuidadoso e perfeito observador da vida interior. Impressionistas são Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), Rainer Maria Rilke (1875-1926), Stefan Zweig (1881-1942) e Hermann Hesse (1877-1962). Já o expressionismo julga impossível a transcrição poética dos fenômenos da vida interior pela violência com que são caracterizados e rejeitam, sob o ponto de vista estético, qualquer separação entre forma e conteúdo; o credo artístico do expressionismo é divulgado pelas revistas “Tempestade” (1910), “Pan” (1910), “As Folhas Brancas” (1913) e o “Forum”; entre os representantes do expressionismo – termo lançado por Otto zur Linde, em oposição ao impressionismo – podem ser citados: Ernst Juenger (1895), Carossa (1878), Ina Seidel (1885), Kolbenheyer (1878), Kafka (1883-1924), Remarque (1898), Zuckmayer (1896) e, principalmente, por Bertold Brecht (1898-1956). As diversas tendências do modernismo – impressionismo, expressionismo, “neue Sachlichkeit”, simbolismo etc. – coexistem e, muitas vezes, são seguidas em fases diferentes pelos mesmos artistas. 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 101/102.

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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Literatura Ocidental - Parte 53.



HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 53
LITERATURA ALEMÃ

O século XIX europeu poderia ser resumido pelo estudo dos seus três grandes pensadores: Karl Marx, Kierkergaard e Friedrick Nietzsche, todos com reconhecimento tardiamente alcançado. Na preparação do século XX a ação dos três é insuperável, mas, deve ser aqui destacado sobretudo a influência literária de Nietzsche (1844-1900). Dotado de original e potente visão revolucionária do mundo, Nietzsche opunha-se a todo pensamento dominante na vida cultural europeia e vivenciava a procura de uma síntese superior da serenidade grega e da inquietude,do elemento apolíneo através do qual se transcende o indivíduo para atingir a vida total e do elemento dionisíaco de realizar a plenitude de sua personalidade. São temas dominantes desta reformulação transcrita em prosa poética por Nietzsche: a transmutação dos valores, a luta contra a moral dos escravos e o estabelecimento de uma moral dos senhores, a decadência do estado ático a partir de Eurípedes e Sócrates, a exaltação da alma às custas do rebaixamento do corpo como contribuição cristã, a democracia como religião do sofrimento humano graças a uma moral de escravos, a criação do super-homem de vida dionisíaca e dotado de vontade de poder etc. O aparecimento de uma nova humanidade segundo as linhas da cosmovisão nietzscheniana serviriam, mais tarde, para as monstruosidades da época do nazismo hitleriano. Nietzsche é excelente na criação na criação poética e na maestria com que elabora aforismos, na multiplicidade de ritmos, na observação cuidadosa da vida interior, no lirismo e na fascinação de suas imagens. A música verbal de Nietzsche é encontrada em suas obras: “Also sprach Zarathustra”, sua obra-prima; “Lieder und Sprueche”, coleção de sua lírica; “Jenseits von Gut und Boese” “Der Wille zur Macht”; “Zur Genealogie der Moral”; “Antichrist”; “Menschliches”, “Alzumenschliches”, etc. Nietzsche anuncia o impressionalismo literário alemão.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, página 101.

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quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Literatura Ocidental Parte - 52.


 
HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 52
LITERATURA ALEMÃ

o realismo

As novas condições sócio-econômicas mundiais e alemãs após 1870, principalmente em suas consequências diretas de hipertrofia das grandes cidades em processo de industrialização e o agravamento das condições de vida do proletariado, ofereceram campo propício a uma tomada de consciência mais aguda dos grandes problemas sociais e individuais da humanidade e à sua expressão literária, principalmente determinada pelo materialismo e pelas doutrinas socialistas. Esta revolução literária centralizou-se,de maneira espacial, em Muenchen e Berlim. A influência francesa de Zola é introduzida principalmente através da revista “Die Gesellschaft “, já no ano de 1885, na cidade de Muenchen e, em Berlim, os irmãos Hart promovem a divulgação do credo naturalista com o lançamento dos folhetos “Kritische Waffengaenge”. Outra revista, “Revolution der Literatur”, serviu de órgão propagandístico à poesia e à crítica de formulação naturalista. No teatro, a aceitação do naturalismo foi auxiliada pela organização “Freie Buehne” que congregava críticos naturalistas berlinenses e que tinha como objetivo basilar a representação dos dramas dos chamados “Modernen”. Esta instituição fundou, para maior reforço à obtenção de seu objetivo, a revista “Neue Rundschau”. Em 1889, o dramaturgo Hauptmann estreia sua tragédia “Vor Sonnenaufgang”. As normas gerais do realismo consistiam na apresentação da realidade tal como aprendidas pelos sentidos; a reportagem quase fotográfica das manifestações que até então eram rejeitadas como grosseiras, instintivas ou mesmo asquerosas; e um desenvolvido senso do presente, além de uma acentuada preferência pelas transições das classes sociais da nova sociedade.
 
Gerhart Hauptmann
O romance é o gênero por excelência do naturalismo e abrange o estudo da pequena burguesia, com as obras do escritor Freytag (1816-1895); a pintura da vida privada e dos problemas conjugais, com o escritor Theodor Fontane (1819-1898); os dramas da resignação ambientados nas florestas da Boêmia pelo romancista Adalbert Stifter (1805-1868); o mar e o norte convertidos em linguagem poética por Theodor Storm (1817-1888), e as descrições do realismo regionalista, como as realizadas por Wilhelm Raabe (1831-1910) e por Gottfried Keller (1819-1890), o primeiro dedicando-se à região do Brunswick e o segundo à região de Zurique. Wilhelm Raab é, maliciosamente, definido pelo crítico e poeta Peter Hille como um moderno Jean-Paul e, na realidade, o pode ser por conseguir realizar o encontro entre a expressão artística e a sensibilidade popular; Gottfried Keller pode ser colocado entre os grandes narradores do século XIX com sua prosa impregnada de lirismo.

Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 99/100.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Literatura Ocidental - Parte - 51.


HISTÓRIA DA LITERATURA MUNDIAL
LITERATURA OCIDENTAL – PARTE 51
LITERATURA ALEMÃ

Contista, também, é o romântico Clemens Brentano (1778-1842) com seu livro “História do bravo Kasperl e da linda Annerl”. Brentano é também autor do romance “Godwi” e das peças teatrais “Ponce de Leon”, “O romanceiro do Rosário” e “A fundação de Praga”. Outros autores românticos podem ser citados: Adalbert von Chamisso (1781-1838), autor de “Peter Schlemihl”; Friederich de la Motte-Fouqué, autor de “Odin”, nascido em 1777 e morto no ano de 1811; e o católico de preocupações sociais Joseph von Eichendorff (1788-1857), autor de lieds de magnífico estrato sonoro e sentimento profundo. No teatro, resta apresentar Zacharias Werner (1768-1823), autor da famosa tragédia ”s”, e Heinrich von Kleist (1777-1811), que além de dramaturgo de valor é poeta de magnífica temática da liberdade.
 Clemens Brentano

A placidez, a meditação e a sobriedade do romantismo “Bider-meier” têm sua expressão austríaca com Franz Grillparzer (1791-1872). Grillparzer representa a passagem do romantismo ao realismo por combinar as tendências primeiras co seu idealismo, suas análises psicológicas e sua temática às tendências do movimento seguinte com o realismo já presente em seus textos. Outro escritor romântico que avança a novas maneiras de expressão é Georg Buechner (1813-1837) anunciando a constituição do expressionismo e, em certa medida, algumas características kafkianas. Buechner é autor de “Dantons Tod”, ainda essencialmente “sturm und drang”; da primeira brochura socialista na Alemanha”, “Der hessische Landbote”, pré-marxista; da tragédia “Woyzeck”, com evidente sentido revolucionário do proletariado; e, finalmente, de poemas que transcrevem momentos existenciais sem limite.

Poetas românticos um tanto tardios são Nikolaus Lenau (Nikolaus Niembsch von Strehlenau – 1802-1850) autor de poesias líricas, e, principalmente, Heinrich Heine (1797-1856). Heine, cujos poemas foram considerados por Nietzsche como “música doce e apaixonada”, é por vezes considerado realista, mas, seu interior é nitidamente romântico. Em seu romanceiro há baladas trágicas e baladas irônicas, sendo Heine senhor absoluto do moderno recurso do “witty twist”, introdução final da ironia para a destruição do excessivo lírico e preservação da autenticidade de sentimentos. Permanentemente reconhecido em seu valor pelos leitores e críticos estrangeiros, Heine encontra certa dificuldade no reconhecimento em seu próprio país: durante o nazismo foi, inclusive, “cassado” das antologias poéticas... 
 
Fonte: “Os Forjadores do Mundo Moderno”, Editora Fulgor, edição 1968, volume 7, páginas 98/99.

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