GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
SANTOS DUMONT – Parte 21.
Existe a carta que, em 1904, escreveram a L’Aérophile, de Paris, sobre os voos confidenciais de 17-12-1903. Apresentada, todavia, em 1944, por um dos seus hidrófobos partidários, s engenheiros de São Paulo, técnicos de aviação, F. A. Brotero e Romeu Corsini – ambos honestamente declararam que, por ela, ninguém afirmaria terem-se os dois parceiros erguido do chão um milímetro. “Pela descrição sumária e tecnicamente incorreta que fazem do aparelho – assevera Corsini – nada se poderia afirmar. De fato, nem porque se chame aeroplano a um aparelho qualquer será obrifado a voar. No caso em apreço, a escassez de dados -e quase absoluta, forçando a um único pronunciamento seguro: sem a admissão, por nós, de determinadas condições imprescindíveis, não podemos julgar da possibilidade de voar uma tal máquina.” E adiante: “nada escreveram sobre o assunto que possa pesar decididamente a seu favor”. Salienta Brotero: “os dados fornecidos são omissos e incompletos. Sobre a questão dos conhecimentos aeronáuticos dos autores dessa máquina, se me cingir exclusivamente ao que está na carta, é impossível fornecer qualquer resposta.
Pesava o “14-bis”, a princípio, cerca de 200 quilos; e depois, segundo leio em revistas europeias e americanas de 1906, mais ou menos 300, o que equivale a umas 600 libras. Precisou de um motor de 50 h.p. para se erguer do chão. Ora, o fabuloso, o mitológico biplano dos Wright – elucida a revista The Scientific American de 3 de novembro de 1906 – pesava o dobro. Dispunha, no início, quando o seu peso ascendia apenas a 335 quilos, de um motor de 16 cavalos e 4 cilindros (segundo confissão dos mesmos Wright) substituído depois por um de 24 cavalos. Transcrevo, exatamente traduzidas, as palavras da citada revista Ianque:
“O jovem brasileiro, embora com um aparelho do mesmo tipo usado pelos experimentadores americanos, mas de metade do seu peso (of about one-half its weight), achou que um motor 50 cavalos era necessário para se erguer ao ar e a prosseguir a uma velocidade de 25 milhas horárias – enquanto os Wright, com um aparelho que pesava o dobro e tinha a metade da força (of twice the weight and half the power), alegam ter desenvolvido quase o dobro da velocidade (38 milhas por hora)”.
Continua
GONDIN DA FONSECA
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