quarta-feira, 4 de agosto de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 08.


GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 08.

Segundo Francisco Venâncio Filho, os “concursos têm entre nós o aspecto de lutas primárias. Faltam os que sabem perder e mais ainda os que sabem ganhar. Como que o esforço de adquirir uma cultura por si mesmo dá a contenda, às vezes, aspectos de defesas de bem exclusivo. Sendo o menos imperfeito dos meios de seleção do magistério, enquanto não o formamos especificamente, é entretanto revestido de luta física. Se isto se dá até nas disciplinas da técnica experimental quanto mais naquelas que o Oswald chamou ciência de papel, como a Lógica. Logo que se falou de Euclides começaram os boatos. Chegou-se a afirmar que Barbosa Lima se inscreveria, apenas para afugentar candidatos.

Foi para Euclides da Cunha uma fase de novos tormentos. Não sendo filósofo de profissão, tinha contudo inegável cultura geral, especialmente científica, e percorrera os grandes pensadores. Inicia a revisão de conhecimentos e leituras de que nos dá conta sua correspondência da época e as anotações de alguns livros salvos.

Depois de uma prova dramática, especialmente pela posição que adotou na oral que versava sobre a “Ideia do Ser”, Euclides da Cunha sentiu-se derrotado. Não por falta de conhecimentos. Mas pela sua antimetafísica, em desacordo com a filosofia dominante. Obteve, mesmo assim, o segundo lugar. Apesar disso, foi nomeado, em 17 de junho de 1909, para exercer a cadeira. Pouco tempo, porém, permaneceu lecionando. Por questões de família, quando defendia a sua honra conjugal, foi assassinado no dia 15 de agosto do mesmo ano. Logo depois da tragédia, veio à luz o livro À Margem da História que se encontrava no prelo quando da sua morte. Livro também composto de artigos vários, traz um trabalho que seria o esboço ou um capítulo de seu projetado e malogrado Paraíso Perdido. O mesmo estilo, a mesma sensibilidade e o mesmo destemor estão presentes à publicação póstuma de Euclides da Cunha. Mostram esses capítulos como Euclides da Cunha, como escritor e homem, se encontrava no tema da realidade brasileira. Por tudo isso, usando palavras suas, foi um grande homem porque “o que apelidamos grande homem é sempre alguém que tem a ventura de transfigurar a fraqueza individual compondo-a com as forças infinitas da humanidade.”

CLÓVIS MOURA

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