quarta-feira, 9 de junho de 2021

Grandes vultos: Euclides da Cunha - Parte 04.

 

GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES

EUCLIDES DA CUNHA – Parte 04. 

Na série de correspondência que enviou podemos notar a transformação do seu pensamento em contato com os problemas e a realidade da região conflagrada. Os artigos vão adquirindo cada vez tons mais sombrios, à medida que Euclides da Cunha chega ao local da revolta e toma contato com a realidade da vida sertaneja. Ante o desfilar macabro dos prisioneiros que seriam depois degolados, começa a ver e admirar o heroísmo dos jagunços, afirmando que “custa a compreender a energia soberana que os alevanta por tal modo acima das imposições mais rudes da matéria”; percorre as casas de Canudos, já nas mãos das tropas legais, e se estarrece ao ver a miséria em que vivem os nossos irmãos, descrevendo-a com a força que somente a revolta produz: “compreende-se que haja povos vivendo ainda, felizes e rudes nas anfractuosidades fundas das rochas; que o caraíba ferocíssimo e aventureiro se agasalhe bem nas tubanas de paredes feitas de sebes entrelaçadas de trepadeiras agrestes e tetos de folhas de palmeiras ou caucásios nas suas burcas cobertas de couro – mas não se compreende a vida dentro dessas furnas sem ar, tendo por única abertura, às vezes, a porta estreita da entrada e cobertas por um teto maciço e impermeável de argila sobre folhas de icó!”

Em seguida, descreve a mobília que é, aliás, o mobiliário clássico das casas camponesas: “um banco grande e grosseiro (uma tábua sobre quatro pés ou torneados); dois ou três banquinhos; redes de cruá; dois ou três baús de cedro de três palmos por dois. É toda a mobília. Não há camas; não há mesas; de modo geral…”

Finalmente, já em correspondência datada de primeiro de outubro, confessa: “sejamos justos – há alguma coisa de grande nessa coragem estoica e incoercível, no heroísmo soberano e forte dos nossos rudes patrícios transviados e cada vez mais acredito que a mais bela vitória, a conquista real, consistirá no incorporá-los, amanhã, breve, definitivamente, à nossa existência política.”

Continua

CLÓVIS MOURA

Um comentário:

Lua Singular disse...

Oi Rosemildo,
Adoro História
Amanhã voltarei
Abraços
Lua Singular

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