Benjamim Constant |
GRANDES VULTOS BRASILEIROS QUE MARCARAM A HISTÓRIA NAS SUAS MAIS DIVERSAS ATIVIDADES
CÂNDIDO M. DA S. RONDON Parte – 04.
Nunca vi, nem conheço obra igual. Os homens que a estão realizando são, pela sua abnegação e patriotismo,os maiores que existem. Um povo que tem filhos desta ordem há de vencer. O século XX pertence-lhe.
Todavia, na incorporação dos índios à civilização, nos seus trabalhos de domesticação e catequese, é que reside o seu maior trabalho e a sua maior glória. A certa hora a opinião pública brasileira sentiu nele um grande candidato para o Prêmio Nobel da paz. Ferreira de Castro vê nele um grande símbolo e uma grande vida e trabalha no momento na realização de uma biografia sua.
Nas suas andanças pelo sertão, teve um grande mestre em Gomes Carneiro – mestre de brandura no trato com os índios – que juntamente com Benjamim Constant – mestre de ação positivista – iria nortear-lhe a ideologia pela vida em fora.
De Gomes Carneiro a inscrição do cartaz: “Quem, de ora em diante, tentar matar ou afugentar os índios de suas legítimas terras, terá de responder por esse ato perante a chefia desta comissão.
A biógrafa do sertanista, Esther de Viveiros, relata o diálogo de habilidade e prudência:
“– Ouço pios de perdizes e estas à noite não piam, como os jaós. Além disso, não é natural que toda bicharada resolvesse conversar a estas horas da noite”.
– Que pensa você então?
– Que são índios comunicando-se à distância.
Gomes Carneiro levantou-se.
– Estou no firme propósito de não lutar nunca com os índios. Seria, além de injusto, comprometer os resultados da expedição. Só nos resta um recurso – levantar acampamento e partir. Pregamos, além disso, um logro aos bororos que contam se desforrar sobre nós dos ataques à mão armada de que têm sido vítimas.” Condoído com a devastação secular, surgiram à sua imaginação as figuras dos grandes índios resistindo aos invasores brancos: Ajuricaba, Coaidê, Uirá, Tabira, Poti, Iacauna, Tibiriçá, e sobre todos pairando Guairacã, no sul, “o Lôbo dos Campos e das Águas, proclamando ao invasor: Co ivi, o guêrico iara! Esta terra tem dono”, slogan dos mais oportunos em nossa hora de reivindicações nacionalistas.
Um dos grandes condutores do positivismo brasileiro podia dizer: “É sabido que foram os admiráveis resultados obtidos pelo chefe da comissão telegráfica, na sua conduta, para com os selvagens, que mostraram de antemão praticamente a exequibilidade do plano, e que determinaram o Dr. Rodolfo de Miranda, então Ministro, a convidar o chefe da Comissão para organizar tão inestimável serviço, confiando-lhe a escolha de seus auxiliares. E convém lembrar que esse chefe nenhuma remuneração pecuniária recebeu nem recebe por essa patriótica e humanitária Comissão.”
Continua
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